Carreira x maternidade: empresas podem interferir nessa decisão?
Notícia de que Apple e Facebook financiam congelamento de óvulos de funcionárias põe em xeque autonomia do direito da mulher em postergar a maternidade. Esclareça as principais dúvidas sobre o procedimento que tem crescido no Brasil
Valéria Mendes - Saúde Plena
Publicação:29/10/2014 10:00Atualização: 29/10/2014 12:20
Cada vez mais mulheres têm adiado o momento de ter filhos em função da carreira ou mesmo questionado a opção pela maternidade em movimentos como o NotMother (NoMo) que reúne nomes famosos como Cameron Dias, Jennifer Aniston e Audrey Tatou. Ser mãe não é mais uma obrigação. Se para muitas é possível se realizar e ser feliz sem filhos, para tantas outras ser mãe é uma prioridade e uma questão de tempo. Nesses casos, a idade pode impactar o sucesso de uma gestação já que, após os 35 anos, acontece uma perda gradativa e natural da quantidade e qualidade dos óvulos.
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Mulheres optam cada vez mais por não serem mães, mas ainda enfrentam preconceito
Advogada da Associação Artemis (Aceleradora Social pela Autonomia Feminina), Valéria Sousa diz que a iniciativa lembra o caso da operadora de telemarketing do grupo Embratel que estabeleceu uma fila de preferência para as funcionárias que queriam engravidar. As regras eram enviadas por e-mail, excluíam as que não eram casadas oficialmente, as empregadas que já tinham filhos iam para o fim da fila e aquelas que tinham preferência deveriam avisar a empresa com seis meses de antecedência. Uma funcionária entrou na justiça e a empresa foi condenada.
Para Valéria, a iniciativa da Apple e do Facebook pode ser vista como uma interferência na autonomia da mulher sobre o direito de postergar a maternidade: “Eu entendo que o incentivo das empresas nesse sentido acaba criando nas mulheres a sensação de que elas não serão reconhecidas no ambiente de trabalho se não concordarem com o congelamento”.
No entanto, o que a advogada da Artemis vê como mais grave é a reprodução de uma conduta que leva à feminização da pobreza, que em linhas gerais significa que as mulheres são a maioria entre os pobres e que sua renda não acompanha a dos homens. “Os Estados Unidos participaram ativamente da Convenção sobre a Mulher que aconteceu em Pequim em 1995, quando foi criado uma Declaração abordando justamente a proteção dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Nesse documento se reconheceu que é uma questão de direitos humanos garantir que a mulher tenha livre decisão sobre o momento de ter filhos, como tê-los, quantos filhos ter, etc”, explica Valéria Sousa.
Para ela, “o estímulo dessas empresas vai na contramão das garantias de direitos humanos que já foram desenvolvidas e entendidas há quase 20 anos, significando um retrocesso de fato levar uma mulher a acreditar que ‘sem filhos’ ela será melhor reconhecida no ambiente de trabalho e terá condições de competir com um homem. Leva a mulher mais uma vez a ter que escolher entre a carreira e os filhos”.
Valéria Sousa reforça que a maternidade é uma condição natural feminina e as instituições sociais precisam se adequar a essa realidade e protegê-la. “E não o contrário - a mulher se adequar a uma cultura discriminatória (postergando a maternidade) para ter condições de elegibilidade no mercado de trabalho. Esse tipo de mensagem corporativa interfere totalmente na autonomia feminina e em última análise estimula um padrão cultural irreal, insustentável”, observa.
A especialista reforça que “a mulher que tem condições de exercer plenamente suas capacidades, seja de força de trabalho, seja de maternidade, seja de estudo, pode contribuir melhor para o desenvolvimento do seu grupo social e para o desenvolvimento de relações humanas saudáveis”.
Entenda o procedimento
No Brasil, o custo do congelamento de óvulos gira em torno de R$ 15 mil. Se bem-sucedido, permite que a mulher ‘mantenha sua fertilidade’ até que decida se tornar mãe. Doutor em Fertilização in vitro e Embriologia pelo Royal Postgraduate Medical School da Universidade de Londres e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Selmo Geber diz que “o congelamento surge como uma boa opção para uma gravidez tardia e bem-sucedida no caso de mulheres que, em nome da carreira e do crescimento profissional, têm adiado o sonho da maternidade”.
Segundo ele, pesquisas têm mostrado que a técnica alcança níveis de sucesso que garantem segurança e tranquilidade às mulheres que desejam se submeter ao procedimento. “Atingimos uma taxa quase equivalente aos procedimentos realizados com óvulos frescos. Um número surpreendente”, salienta o especialista.
Em entrevista ao Saúde Plena, o médico esclarece as principais dúvidas sobre o congelamento de óvulos.
Existe uma idade ideal para fazer o congelamento de óvulos?
Como as mulheres nascem com o número de óvulos definido, com o passar dos anos, a quantidade diminui e há, ainda, risco de impacto do tempo (idade) sobre a qualidade dos óvulos. Essas duas mudanças (qualidade e quantidade) determinam uma diminuição nas chances de gravidez a partir dos 35 anos. Assim, se pudermos definir uma idade ‘ideal’, essa seria menor ou igual a 35 anos. Entretanto, devemos tomar muito cuidado para que essa informação não desestimule mulheres com mais idade, pois 33 é melhor que 37, mas 37 ainda é melhor que 40 ou melhor que não fazer o procedimento.
Por quanto tempo os óvulos podem ficar congelados?
Por ser uma técnica ainda recente, não temos resposta cientificamente comprovada para isso. Entretanto, entende-se que deve ser um prazo semelhante ao observado com embriões e, se assim for, o tempo não terá efeito sobre os resultados.
Até que idade a mulher pode usar esses óvulos?
Do ponto de vista de conseguir a gravidez, não existe limite pré-definido. Trata-se do mesmo das outras técnicas de implantação. É importante, entretanto, fazer a avaliação adequada da paciente antes de se programar a gravidez a fim de afastar o risco do desenvolvimento de doenças que possam comprometer a saúde da mãe e do filho.
Óvulos congelados têm a mesma chance de sucesso na gravidez do que óvulos frescos?
Atualmente, as chances são muito semelhantes. Existem alguns estudos - um deles de minha autoria, publicado em janeiro de 2013 na revista americana Fertility an Sterility - que sugerem que em alguns casos, ciclos de embriões congelados podem oferecer taxas de gravidez mais elevadas. Talvez, em alguns anos, isso possa ser aventado também para óvulos congelados.
Quais são os procedimentos de congelamento de óvulos mais usados no Brasil? Em que consistem? São dolorosos?
A técnica de congelamento de óvulos mais utilizada no mundo é a de vitrificação, toda feita em laboratório. O método apresenta, atualmente, os melhores resultados, além de ser mais rápido e de menor custo.
Na etapa em que se prepara a mulher, estimula-se o crescimento de diversos folículos com o uso de hormônios específicos (FSH) pelo período de aproximadamente 10 dias. Nesse período de tempo, o controle do crescimento dos folículos é feito por ultrassonografia e exames de sangue. Quando os folículos atingem o tamanho necessário, realiza-se a punção deles por aspiração para coleta dos óvulos. Por ser feito sob analgesia, é indolor.
Existe algum risco no procedimento?
O risco do tratamento é a síndrome do hiperestímulo ovariano. Essa síndrome ocorre em mulheres que têm resposta ovariana muito intensa e pode levar a um inchaço abdominal com grande desconforto. Atualmente, com o uso das técnicas de estimulação mais modernas, esse risco é inferior a um para cada mil mulheres.
Qual a quantidade ideal de óvulos a serem congelados?
Na verdade, quanto mais óvulos preservados, melhor. Como existem perdas naturais durante o processo de descongelamento, de fertilização e de desenvolvimento embrionário, a nossa sugestão é de que cada seis óvulos disponibilizem três embriões para serem transferidos.
Quais as principais vantagens do congelamento? Quando é indicado?
A vantagem principal é a de se preservar a capacidade reprodutiva no período da vida em que pode existir o risco de comprometê-la. A principal indicação é para mulheres que serão submetidas a tratamentos que apresentam risco de perda da reserva de óvulos. Os exemplos mais comuns são para os tratamentos para o câncer, como quimioterapia, radioterapia e cirurgia ovariana. Outras mulheres que podem ser beneficiadas pela técnica são aquelas que querem adiar os planos de gravidez, pelos mais diversos motivos. Assim, diminuem os riscos da idade.
Quem pode congelar óvulos? Há alguma restrição?
Teoricamente, todas as mulheres que apresentam uma boa reserva de óvulos podem realizar o congelamento. A restrição é a ausência de óvulos, isso deve ser avaliado antes da decisão de se iniciar o tratamento.
Se a mulher não usar os óvulos, o que acontece com eles?
Eles podem ser desprezados ou doados para outras mulheres desde que obedecendo as normas técnicas, éticas e legais.
É possível doar óvulos congelados a outra pessoa?
Sim, desde que obedecendo as normas técnicas, éticas e legais.
Pode acontecer de quando a mulher for usar o óvulo congelado a gravidez não acontecer?
Sim. A chance de gravidez para cada ciclo de tratamento com transferência de embriões que vieram de óvulos congelados é de aproximadamente 40%. Isso significa que de cada 100 casais que fazem o tratamento, 40 conseguem a gravidez naquele ciclo. Essa taxa é uma média para todas as idades em nosso centro. Mulheres mais jovens têm chances maiores do que mulheres com idade avançada.
“Tenho 36 anos e ainda não tive a minha primeira gravidez. O desejo da maternidade ainda não apareceu, sempre priorizei estudos e vida profissional e nunca uma vida familiar com filhos. Sou noiva, tenho quatro de anos de namoro e meu companheiro pensa mais em filhos do que eu. É mais um sonho dele. Fui orientada pelo meu médico a fazer o congelamento para preservar a qualidade dos óvulos e quero me assegurar caso eu tenha essa vontade no futuro.
O procedimento é rápido e tranquilo, não tive nenhum efeito colateral. Foram 15 dias entre as consultas, exames e injeções hormonais. Tenho 18 óvulos congelados. Estou satisfeita, acho que valeu a pena. Se por um lado faz com que eu postergue ainda mais a decisão, não descarto a maternidade por completo. Ter filhos é uma decisão séria na vida de qualquer pessoa, quero que ela seja feita com responsabilidade e consciência, ainda que seja tardia” – P.C.B., servidora pública.
Como se sentiria se a empresa em que você trabalha te oferecesse dinheiro para congelar seus óvulos? Deixe sua opinião nos comentários.
"A maternidade é uma condição natural feminina e as instituições sociais precisam se adequar a essa realidade e protegê-la" - Valéria Sousa, advogada da Artemis
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A decisão que deveria se dar em âmbito privado ganha o mundo corporativo com a notícia de que Apple e Facebook financiam o congelamento de óvulos de suas funcionárias nos Estados Unidos. Reportagem da NBC News mostrou que as gigantes da tecnologia pagam pelo procedimento daquelas que optam por investir na carreira e adiar a maternidade. Na empresa de Mark Zuckerberg, o procedimento no valor de U$ 10 mil já é custeado. Na fundada por Steve Jobs, o ‘patrocínio’ começa em janeiro. - Brasil vê crescimento de gravidez após os 40 anos; veja mitos e verdades
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Advogada da Associação Artemis (Aceleradora Social pela Autonomia Feminina), Valéria Sousa diz que a iniciativa lembra o caso da operadora de telemarketing do grupo Embratel que estabeleceu uma fila de preferência para as funcionárias que queriam engravidar. As regras eram enviadas por e-mail, excluíam as que não eram casadas oficialmente, as empregadas que já tinham filhos iam para o fim da fila e aquelas que tinham preferência deveriam avisar a empresa com seis meses de antecedência. Uma funcionária entrou na justiça e a empresa foi condenada.
Para Valéria, a iniciativa da Apple e do Facebook pode ser vista como uma interferência na autonomia da mulher sobre o direito de postergar a maternidade: “Eu entendo que o incentivo das empresas nesse sentido acaba criando nas mulheres a sensação de que elas não serão reconhecidas no ambiente de trabalho se não concordarem com o congelamento”.
No entanto, o que a advogada da Artemis vê como mais grave é a reprodução de uma conduta que leva à feminização da pobreza, que em linhas gerais significa que as mulheres são a maioria entre os pobres e que sua renda não acompanha a dos homens. “Os Estados Unidos participaram ativamente da Convenção sobre a Mulher que aconteceu em Pequim em 1995, quando foi criado uma Declaração abordando justamente a proteção dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Nesse documento se reconheceu que é uma questão de direitos humanos garantir que a mulher tenha livre decisão sobre o momento de ter filhos, como tê-los, quantos filhos ter, etc”, explica Valéria Sousa.
Para ela, “o estímulo dessas empresas vai na contramão das garantias de direitos humanos que já foram desenvolvidas e entendidas há quase 20 anos, significando um retrocesso de fato levar uma mulher a acreditar que ‘sem filhos’ ela será melhor reconhecida no ambiente de trabalho e terá condições de competir com um homem. Leva a mulher mais uma vez a ter que escolher entre a carreira e os filhos”.
Valéria Sousa reforça que a maternidade é uma condição natural feminina e as instituições sociais precisam se adequar a essa realidade e protegê-la. “E não o contrário - a mulher se adequar a uma cultura discriminatória (postergando a maternidade) para ter condições de elegibilidade no mercado de trabalho. Esse tipo de mensagem corporativa interfere totalmente na autonomia feminina e em última análise estimula um padrão cultural irreal, insustentável”, observa.
A especialista reforça que “a mulher que tem condições de exercer plenamente suas capacidades, seja de força de trabalho, seja de maternidade, seja de estudo, pode contribuir melhor para o desenvolvimento do seu grupo social e para o desenvolvimento de relações humanas saudáveis”.
No Brasil, o custo do congelamento de óvulos gira em torno de R$ 15 mil. Se bem-sucedido, permite que a mulher ‘mantenha sua fertilidade’ até que decida se tornar mãe. Doutor em Fertilização in vitro e Embriologia pelo Royal Postgraduate Medical School da Universidade de Londres e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Selmo Geber diz que “o congelamento surge como uma boa opção para uma gravidez tardia e bem-sucedida no caso de mulheres que, em nome da carreira e do crescimento profissional, têm adiado o sonho da maternidade”.
Segundo ele, pesquisas têm mostrado que a técnica alcança níveis de sucesso que garantem segurança e tranquilidade às mulheres que desejam se submeter ao procedimento. “Atingimos uma taxa quase equivalente aos procedimentos realizados com óvulos frescos. Um número surpreendente”, salienta o especialista.
Em entrevista ao Saúde Plena, o médico esclarece as principais dúvidas sobre o congelamento de óvulos.
Existe uma idade ideal para fazer o congelamento de óvulos?
Como as mulheres nascem com o número de óvulos definido, com o passar dos anos, a quantidade diminui e há, ainda, risco de impacto do tempo (idade) sobre a qualidade dos óvulos. Essas duas mudanças (qualidade e quantidade) determinam uma diminuição nas chances de gravidez a partir dos 35 anos. Assim, se pudermos definir uma idade ‘ideal’, essa seria menor ou igual a 35 anos. Entretanto, devemos tomar muito cuidado para que essa informação não desestimule mulheres com mais idade, pois 33 é melhor que 37, mas 37 ainda é melhor que 40 ou melhor que não fazer o procedimento.
Por quanto tempo os óvulos podem ficar congelados?
Por ser uma técnica ainda recente, não temos resposta cientificamente comprovada para isso. Entretanto, entende-se que deve ser um prazo semelhante ao observado com embriões e, se assim for, o tempo não terá efeito sobre os resultados.
"A vantagem principal é a de se preservar a capacidade reprodutiva no período da vida em que pode existir o risco de comprometê-la" - Selmo Geber
Do ponto de vista de conseguir a gravidez, não existe limite pré-definido. Trata-se do mesmo das outras técnicas de implantação. É importante, entretanto, fazer a avaliação adequada da paciente antes de se programar a gravidez a fim de afastar o risco do desenvolvimento de doenças que possam comprometer a saúde da mãe e do filho.
Óvulos congelados têm a mesma chance de sucesso na gravidez do que óvulos frescos?
Atualmente, as chances são muito semelhantes. Existem alguns estudos - um deles de minha autoria, publicado em janeiro de 2013 na revista americana Fertility an Sterility - que sugerem que em alguns casos, ciclos de embriões congelados podem oferecer taxas de gravidez mais elevadas. Talvez, em alguns anos, isso possa ser aventado também para óvulos congelados.
Quais são os procedimentos de congelamento de óvulos mais usados no Brasil? Em que consistem? São dolorosos?
A técnica de congelamento de óvulos mais utilizada no mundo é a de vitrificação, toda feita em laboratório. O método apresenta, atualmente, os melhores resultados, além de ser mais rápido e de menor custo.
Na etapa em que se prepara a mulher, estimula-se o crescimento de diversos folículos com o uso de hormônios específicos (FSH) pelo período de aproximadamente 10 dias. Nesse período de tempo, o controle do crescimento dos folículos é feito por ultrassonografia e exames de sangue. Quando os folículos atingem o tamanho necessário, realiza-se a punção deles por aspiração para coleta dos óvulos. Por ser feito sob analgesia, é indolor.
Existe algum risco no procedimento?
O risco do tratamento é a síndrome do hiperestímulo ovariano. Essa síndrome ocorre em mulheres que têm resposta ovariana muito intensa e pode levar a um inchaço abdominal com grande desconforto. Atualmente, com o uso das técnicas de estimulação mais modernas, esse risco é inferior a um para cada mil mulheres.
Qual a quantidade ideal de óvulos a serem congelados?
Na verdade, quanto mais óvulos preservados, melhor. Como existem perdas naturais durante o processo de descongelamento, de fertilização e de desenvolvimento embrionário, a nossa sugestão é de que cada seis óvulos disponibilizem três embriões para serem transferidos.
Quais as principais vantagens do congelamento? Quando é indicado?
A vantagem principal é a de se preservar a capacidade reprodutiva no período da vida em que pode existir o risco de comprometê-la. A principal indicação é para mulheres que serão submetidas a tratamentos que apresentam risco de perda da reserva de óvulos. Os exemplos mais comuns são para os tratamentos para o câncer, como quimioterapia, radioterapia e cirurgia ovariana. Outras mulheres que podem ser beneficiadas pela técnica são aquelas que querem adiar os planos de gravidez, pelos mais diversos motivos. Assim, diminuem os riscos da idade.
Quem pode congelar óvulos? Há alguma restrição?
Teoricamente, todas as mulheres que apresentam uma boa reserva de óvulos podem realizar o congelamento. A restrição é a ausência de óvulos, isso deve ser avaliado antes da decisão de se iniciar o tratamento.
Se a mulher não usar os óvulos, o que acontece com eles?
Eles podem ser desprezados ou doados para outras mulheres desde que obedecendo as normas técnicas, éticas e legais.
É possível doar óvulos congelados a outra pessoa?
Sim, desde que obedecendo as normas técnicas, éticas e legais.
Pode acontecer de quando a mulher for usar o óvulo congelado a gravidez não acontecer?
Sim. A chance de gravidez para cada ciclo de tratamento com transferência de embriões que vieram de óvulos congelados é de aproximadamente 40%. Isso significa que de cada 100 casais que fazem o tratamento, 40 conseguem a gravidez naquele ciclo. Essa taxa é uma média para todas as idades em nosso centro. Mulheres mais jovens têm chances maiores do que mulheres com idade avançada.
“Tenho 36 anos e ainda não tive a minha primeira gravidez. O desejo da maternidade ainda não apareceu, sempre priorizei estudos e vida profissional e nunca uma vida familiar com filhos. Sou noiva, tenho quatro de anos de namoro e meu companheiro pensa mais em filhos do que eu. É mais um sonho dele. Fui orientada pelo meu médico a fazer o congelamento para preservar a qualidade dos óvulos e quero me assegurar caso eu tenha essa vontade no futuro.
O procedimento é rápido e tranquilo, não tive nenhum efeito colateral. Foram 15 dias entre as consultas, exames e injeções hormonais. Tenho 18 óvulos congelados. Estou satisfeita, acho que valeu a pena. Se por um lado faz com que eu postergue ainda mais a decisão, não descarto a maternidade por completo. Ter filhos é uma decisão séria na vida de qualquer pessoa, quero que ela seja feita com responsabilidade e consciência, ainda que seja tardia” – P.C.B., servidora pública.
Como se sentiria se a empresa em que você trabalha te oferecesse dinheiro para congelar seus óvulos? Deixe sua opinião nos comentários.