Medicina do esporte atrela vida saudável à prática regular de exercícios
Profissionais do exercício e do esporte trabalham o corpo de forma global, analisando aspectos da fisiologia do paciente para melhor rendimento. E isso vale para todo mundo
Paula Takahashi
Publicação:09/01/2015 14:00Atualização: 06/01/2015 10:57
Ainda pouco conhecida, a medicina do exercício e do esporte tem assumido papel cada vez mais importante diante do cenário de crescente valorização de um estilo de vida saudável atrelado à prática regular de atividades físicas. Dedicada a avaliar e acompanhar os praticantes, a especialidade também utiliza os exercícios físico-desportivos como mecanismos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças. “Profissionais da área são verdadeiros gestores da saúde e trabalham o corpo de forma global, analisando os diversos aspectos da fisiologia do paciente, essenciais para o alcance de resultados”, detalha o médico do esporte João Antônio da Silva Júnior.
A grande vantagem desse profissional é a visão generalista sobre o paciente e a capacidade de identificar as mais diversas complicações que poderiam comprometer a prática saudável da atividade física. No consultório, o atleta, seja ele amador ou profissional, é avaliado de forma global e não apenas do ponto de vista cardíaco ou ortopédico. “É uma especialidade que envolve várias disciplinas. Temos que ter noções aprofundadas, por exemplo, de ortopedia, cardiologia, endocrinologia e nutrição. Detemos informações de várias áreas para dar esse suporte preventivo e terapêutico”, explica o cardiologista.
Conhecimentos que permitem que as orientações possam ir desde o calçado mais indicado para uma corrida ou caminhada até a regularidade e intensidade do exercício. “Ele pode abordar, entre outras coisas, a alimentação mais adequada, sobre o melhor calçado e a intensidade e progressão da atividade dentro do limite de cada um”, afirma Ronaldo Lopes Cançado, ortopedista e médico do exercício e do esporte.
Por conta da formação generalista, esse profissional tem um trabalho intenso de cooperação com as demais especialidades médicas. “A gente faz uma gestão da saúde da pessoa de forma a identificar a situação e dar a solução mais adequada para cada caso”, explica João Antônio. Solução que pode estar no encaminhamento do paciente para um cardiologista, ortopedista ou nutricionista, para dar o suporte mais direcionado no caso de ser identificada qualquer complicação.
“Quando o médico do esporte se depara com uma cardiopatia congênita, por exemplo, deve orientar o paciente a buscar o cardiologista porque pode ser caso até de cirurgia”, explica Marconi. Apesar de ter conhecimentos de nutrição esportiva, não fazem dieta, passando a bola para o nutricionista. “Podemos dar limites para o praticante, mas não vamos preparar a planilha de treinamento. Com conhecimento em cada área, direcionamos para o profissional mais qualificado”, acrescenta Marconi.
ORIENTAÇÃO PRECISA
Para a corredora de rua e servidora pública Patrícia Maria da Costa Ferreira, de 43 anos, ser orientada por um profissional que entenda e viva a prática esportiva de perto faz toda a diferença. “Ele não trabalha apenas com o intuito de eliminar a dor, mas também para que a pessoa volte a praticar a atividade física, o que, com médico de outra especialidade, ocorreria de forma muito mais lenta. Isso é muito importante”, reconhece a ex-atleta do vôlei, que treina para sua terceira maratona.
Para a atleta profissional Érika Gramiscelli, de 31, ter um histórico dos indicadores é outra grande vantagem desse acompanhamento próximo. “Quando se tem esse gráfico com a relação dos exames, é possível ver os resultados ocorrendo e não apenas senti-los. É possível comparar como estava, onde chegou e para onde pode ir.” Para ela, essas informações são importantes para a progressão dos treinamentos e projeção futura das atividades. “A partir daí, e contando com o conhecimento desses profissionais, é possível adotar novas estratégias de melhorias fisiológicas”, acrescenta.
Reação ao esforço físico
“A nossa atuação visa individualizar a realização do exercício físico. Para isso, realizamos avaliações metabólica e fisiológica do atleta, seja ele amador ou profissional. Além de exames laboratoriais, essa avaliação inclui detalhamento da composição corporal do indivíduo com informações como distribuição da massa magra, gordura e água corporal. Também investigamos o metabolismo basal e aplicamos testes para entender como a pessoa reage ao esforço físico. A partir daí, forneço todas as orientações para que um profissional de educação física seja capaz de montar os treinos que atendam às necessidades e particularidades daquela pessoa. Os dados repassados incluem o VO2 máximo, ou seja, a capacidade pulmonar do indivíduo, a frequência cardíaca máxima e quanto se pode ir além daquele ponto, entre outros detalhes. A intenção é fazer com que o tempo seja utilizado da melhor forma possível para atingir os objetivos traçados. Esse tipo de investigação é importante, até mesmo para entender qual atividade física é mais adequada e aquela que deve ser evitada.”
Breno Faria, nutrólogo e fisiologista
A atleta profissional Érika Gramiscelli, de 31 anos, diz que ter um histórico dos indicadores é importante para acompanhar os resultados
Ainda pouco conhecida, a medicina do exercício e do esporte tem assumido papel cada vez mais importante diante do cenário de crescente valorização de um estilo de vida saudável atrelado à prática regular de atividades físicas. Dedicada a avaliar e acompanhar os praticantes, a especialidade também utiliza os exercícios físico-desportivos como mecanismos de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças. “Profissionais da área são verdadeiros gestores da saúde e trabalham o corpo de forma global, analisando os diversos aspectos da fisiologia do paciente, essenciais para o alcance de resultados”, detalha o médico do esporte João Antônio da Silva Júnior.
Saiba mais...
O grande mito que ronda o imaginário popular é de que especialistas da área se dedicam apenas ao acompanhamento de atletas profissionais e à melhoria da performance em competições. “Isso é um erro. Para a população em geral, a intenção é proporcionar a busca de rendimento com saúde, uma linha muito tênue”, explica o cardiologista e médico do exercício e do esporte Marconi Gomes, presidente da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte (Smexe) e diretor da clínica Sportif. “Outra situação é de pessoas obesas, diabéticas e até enfartadas, por exemplo, que podem ser tratadas quase que totalmente com exercícios físicos”, acrescenta.- MMA para crianças: opinião da pediatria e da medicina do esporte
- Apenas 1/4 da população brasileira pratica exercícios com regularidade
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- Estudo indica que impactos dos exercícios físicos variam conforme o perfil do praticante
- Qual o caminho para uma relação mais atenta entre médico e paciente?
A grande vantagem desse profissional é a visão generalista sobre o paciente e a capacidade de identificar as mais diversas complicações que poderiam comprometer a prática saudável da atividade física. No consultório, o atleta, seja ele amador ou profissional, é avaliado de forma global e não apenas do ponto de vista cardíaco ou ortopédico. “É uma especialidade que envolve várias disciplinas. Temos que ter noções aprofundadas, por exemplo, de ortopedia, cardiologia, endocrinologia e nutrição. Detemos informações de várias áreas para dar esse suporte preventivo e terapêutico”, explica o cardiologista.
Para a maratonista Patrícia Maria da Costa, de 43 anos, ter o acompanhamento de um profissional faz toda diferença
Por conta da formação generalista, esse profissional tem um trabalho intenso de cooperação com as demais especialidades médicas. “A gente faz uma gestão da saúde da pessoa de forma a identificar a situação e dar a solução mais adequada para cada caso”, explica João Antônio. Solução que pode estar no encaminhamento do paciente para um cardiologista, ortopedista ou nutricionista, para dar o suporte mais direcionado no caso de ser identificada qualquer complicação.
“Quando o médico do esporte se depara com uma cardiopatia congênita, por exemplo, deve orientar o paciente a buscar o cardiologista porque pode ser caso até de cirurgia”, explica Marconi. Apesar de ter conhecimentos de nutrição esportiva, não fazem dieta, passando a bola para o nutricionista. “Podemos dar limites para o praticante, mas não vamos preparar a planilha de treinamento. Com conhecimento em cada área, direcionamos para o profissional mais qualificado”, acrescenta Marconi.
ORIENTAÇÃO PRECISA
Para a corredora de rua e servidora pública Patrícia Maria da Costa Ferreira, de 43 anos, ser orientada por um profissional que entenda e viva a prática esportiva de perto faz toda a diferença. “Ele não trabalha apenas com o intuito de eliminar a dor, mas também para que a pessoa volte a praticar a atividade física, o que, com médico de outra especialidade, ocorreria de forma muito mais lenta. Isso é muito importante”, reconhece a ex-atleta do vôlei, que treina para sua terceira maratona.
Para a atleta profissional Érika Gramiscelli, de 31, ter um histórico dos indicadores é outra grande vantagem desse acompanhamento próximo. “Quando se tem esse gráfico com a relação dos exames, é possível ver os resultados ocorrendo e não apenas senti-los. É possível comparar como estava, onde chegou e para onde pode ir.” Para ela, essas informações são importantes para a progressão dos treinamentos e projeção futura das atividades. “A partir daí, e contando com o conhecimento desses profissionais, é possível adotar novas estratégias de melhorias fisiológicas”, acrescenta.
Reação ao esforço físico
“A nossa atuação visa individualizar a realização do exercício físico. Para isso, realizamos avaliações metabólica e fisiológica do atleta, seja ele amador ou profissional. Além de exames laboratoriais, essa avaliação inclui detalhamento da composição corporal do indivíduo com informações como distribuição da massa magra, gordura e água corporal. Também investigamos o metabolismo basal e aplicamos testes para entender como a pessoa reage ao esforço físico. A partir daí, forneço todas as orientações para que um profissional de educação física seja capaz de montar os treinos que atendam às necessidades e particularidades daquela pessoa. Os dados repassados incluem o VO2 máximo, ou seja, a capacidade pulmonar do indivíduo, a frequência cardíaca máxima e quanto se pode ir além daquele ponto, entre outros detalhes. A intenção é fazer com que o tempo seja utilizado da melhor forma possível para atingir os objetivos traçados. Esse tipo de investigação é importante, até mesmo para entender qual atividade física é mais adequada e aquela que deve ser evitada.”
Breno Faria, nutrólogo e fisiologista