Deixar de lado os lanches pode resultar em obesidade, compulsão alimentar, cansaço e até diminuição da cognição
Pesquisa mostra que apenas 18,7% e 26,7% dos brasileiros entre 1 e 12 anos fazem os lanches da manhã e da tarde, respectivamente
Celina Aquino
Publicação:03/02/2015 09:30Atualização: 01/02/2015 09:43
Comer pouco, mais vezes ao dia. A recomendação não vale apenas para quem está de dieta. Crianças e adolescentes também devem fracionar as refeições para que possam ingerir uma diversidade maior de nutrientes e não passem muito tempo em jejum. Mas, ao que parece, a realidade é bem diferente. Pesquisa realizada pela nutricionista Priscila Maximino mostra que apenas 18,7% e 26,7% dos brasileiros entre 1 e 12 anos fazem os lanches da manhã e da tarde, respectivamente. Entre outras consequências, não se alimentar entre o café da manhã, o almoço e o jantar contribui para aumentar a obesidade.
Em geral, o hábito de comer mais vezes ao dia e em menor quantidade está associado à qualidade alimentar e controle de peso. A nutricionista acrescenta que os lanches são ainda mais importantes na fase de crescimento, pois eles aumentam as oportunidades de oferecer nutrientes variados. “As crianças que só almoçam e jantam tendem a consumir menos nutrientes. Arroz e feijão são ótimas fontes de carboidrato e proteína, mas existem outras vitaminas e minerais, encontrados em frutas, por exemplo, que são fundamentais.” A longo prazo, isso pode gerar vários problemas de saúde.
Com a pesquisa, Priscila também observou que, quanto maior a idade, pior a qualidade dos lanches. Isso porque as mães se preocupam muito com a alimentação das crianças até os 2 anos, quando são totalmente dependentes. Assim que os filhos começam a esboçar preferência, elas delegam a escolha. “Quando fica a critério da criança, ela acaba escolhendo sozinha na cantina da escola ou come alimentos de alta densidade energética”, pontua. O estudo revela que, principalmente no cardápio do lanche da tarde, 17,4% são produtos ricos em açúcar e gordura. Para a nutricionista, os filhos podem até participar da escolha dos alimentos, mas os pais devem limitar as opções a alimentos mais saudáveis.
INTEGRAIS
Como há casos de obesidade na família do marido, a advogada Hadrianne Sander está sempre atenta à alimentação da filha Beatriz, de 2 anos. “Deixo o prato bem colorido e dou preferência para os alimentos integrais. A pediatra falou que o paladar da criança se forma até os 3 anos”, conta. Além disso, ela não deixa a menina ficar muito tempo em jejum: entre o café da manhã e o almoço, ela oferece fruta e iogurte e no lanche da tarde, outra fruta e pão. Beatriz estão tão acostumada a comer de três em três horas que muitas vezes pede o “papá” e cita o nome da fruta que quer. No mês que vem, quando a filha entrar na escola, Hadrianne planeja mandar na lancheira alimentos mais saudáveis.
A nutricionista da Clínica LM Laser Fernanda Dias informa que, como o metabolismo de crianças e adolescentes é mais acelerado, eles não podem deixar de fazer os lanches intermediários. Com o tempo, pular refeições pode resultar em obesidade, compulsão alimentar, cansaço e até diminuição da cognição. Na hora de escolher os alimentos, os pais devem evitar produtos industrializados e privilegiar sucos naturais, pães integrais e frutas. Quem busca praticidade pode até oferecer uma barra de cereal, desde que não contenha glucose de milho, um tipo de edulcorante usado para adoçar e dar mais sabor. Outras opções são iogurte light ou desnatado, gelatina, biscoito integral e oleaginosas, como castanha e amendoim.
A advogada Hadrianne Sander está sempre atenta à alimentação da filha Beatriz, de 2 anos
Saiba mais...
A especialista em nutrição infantil avaliou durante sete dias a dieta de crianças em todo o Brasil para chegar ao resultado. Depois de ouvir 150 mães em oito cidades, incluindo Belo Horizonte, Priscila concluiu que poucas se programam para oferecer alimentos saudáveis aos filhos entre as principais refeições. Com isso, eles ficam muitas horas sem comer ou acabam beliscando guloseimas. “Às vezes, a criança tem fome, mas, como não encontra algo disponível, que vai atender a necessidade dela, belisca salgadinho, bala, pirulito, chocolate, o que não é considerado lanche”, alerta a autora do estudo “Lanches intermediários de crianças e adolescentes brasileiros: participação dos alimentos e razões para o consumo”.- Crianças obesas: quem se importa?
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Em geral, o hábito de comer mais vezes ao dia e em menor quantidade está associado à qualidade alimentar e controle de peso. A nutricionista acrescenta que os lanches são ainda mais importantes na fase de crescimento, pois eles aumentam as oportunidades de oferecer nutrientes variados. “As crianças que só almoçam e jantam tendem a consumir menos nutrientes. Arroz e feijão são ótimas fontes de carboidrato e proteína, mas existem outras vitaminas e minerais, encontrados em frutas, por exemplo, que são fundamentais.” A longo prazo, isso pode gerar vários problemas de saúde.
Com a pesquisa, Priscila também observou que, quanto maior a idade, pior a qualidade dos lanches. Isso porque as mães se preocupam muito com a alimentação das crianças até os 2 anos, quando são totalmente dependentes. Assim que os filhos começam a esboçar preferência, elas delegam a escolha. “Quando fica a critério da criança, ela acaba escolhendo sozinha na cantina da escola ou come alimentos de alta densidade energética”, pontua. O estudo revela que, principalmente no cardápio do lanche da tarde, 17,4% são produtos ricos em açúcar e gordura. Para a nutricionista, os filhos podem até participar da escolha dos alimentos, mas os pais devem limitar as opções a alimentos mais saudáveis.
INTEGRAIS
Como há casos de obesidade na família do marido, a advogada Hadrianne Sander está sempre atenta à alimentação da filha Beatriz, de 2 anos. “Deixo o prato bem colorido e dou preferência para os alimentos integrais. A pediatra falou que o paladar da criança se forma até os 3 anos”, conta. Além disso, ela não deixa a menina ficar muito tempo em jejum: entre o café da manhã e o almoço, ela oferece fruta e iogurte e no lanche da tarde, outra fruta e pão. Beatriz estão tão acostumada a comer de três em três horas que muitas vezes pede o “papá” e cita o nome da fruta que quer. No mês que vem, quando a filha entrar na escola, Hadrianne planeja mandar na lancheira alimentos mais saudáveis.
A nutricionista da Clínica LM Laser Fernanda Dias informa que, como o metabolismo de crianças e adolescentes é mais acelerado, eles não podem deixar de fazer os lanches intermediários. Com o tempo, pular refeições pode resultar em obesidade, compulsão alimentar, cansaço e até diminuição da cognição. Na hora de escolher os alimentos, os pais devem evitar produtos industrializados e privilegiar sucos naturais, pães integrais e frutas. Quem busca praticidade pode até oferecer uma barra de cereal, desde que não contenha glucose de milho, um tipo de edulcorante usado para adoçar e dar mais sabor. Outras opções são iogurte light ou desnatado, gelatina, biscoito integral e oleaginosas, como castanha e amendoim.
O QUE ESTÁ NOS LANCHES
Manhã
» Frutas (27,6%)
» Produtos lácteos (21,9%)
Tarde
» Derivados do leite (24,1%)
» Pães, biscoitos, bolos e cereais (19,5%)
» Produtos ricos em açúcares e gorduras (17,4%)
Fonte: “Lanches intermediários de crianças e adolescentes brasileiros: participação dos alimentos e razões para o consumo”
Manhã
» Frutas (27,6%)
» Produtos lácteos (21,9%)
Tarde
» Derivados do leite (24,1%)
» Pães, biscoitos, bolos e cereais (19,5%)
» Produtos ricos em açúcares e gorduras (17,4%)
Fonte: “Lanches intermediários de crianças e adolescentes brasileiros: participação dos alimentos e razões para o consumo”