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Evidências científicas confirmam benefícios do mindfulness

Técnica de meditação budista vem sendo usada como recurso a terapias médicas, psiquiátricas e psicológicas

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Carolina Cotta - Estado de Minas Publicação:10/03/2015 09:30Atualização:10/03/2015 10:27
Técnica é referendada e incentivada pela Organização Mundial de Saúde (AFP PHOTO/Don Emmert  
 
 
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Técnica é referendada e incentivada pela Organização Mundial de Saúde
O nome parece complicado, não depois de ser traduzido. Mindfulness, ou meditação da consciência atenta e do insight, é uma técnica de treinamento da faculdade mental da atenção por meio da observação direta das experiências internas do corpo e da mente de maneira completamente consciente e sem julgamentos. Segundo Arthur Shaker, PhD em antropologia e instrutor de meditação mindfulness, o treinamento, que envolve igualmente o desenvolvimento da faculdade mental da concentração permite que a pessoa se posicione a certa distância dos enredos das formações mentais, observando o corpo momento a momento, como a respiração, os batimentos cardíacos, as sensações; além das emoções e os pensamentos espontâneos, de modo a lidar com eles com amorosidade, aceitação e, compreendendo esses padrões de comportamento, transformá-los de um modo saudável.

O treinamento permite, em um primeiro momento, que o indivíduo perceba o surgimento dos estados corporais e psicológicos a que as experiências do dia a dia condicionam o corpo e a mente, e, em um segundo momento, que desenvolva gradualmente a capacidade de não se identificar com tais estados psicológicos, podendo escolher a forma como vai responder a essas experiências de modo mais equilibrado, menos impulsivamente. Assim, segundo o especialista, poderá melhorar sua qualidade de vida e diminuir o impacto do estresse crônico, da ansiedade e dos desgastes emocionais. Por isso, a meditação da consciência atenta tem se irradiado na medicina, psiquiatria e psicoterapia como complemento para lidar com fibromialgias, depressão, síndrome de pânico, câncer, vícios de drogas, transtornos alimentares etc.

Zlatica de Farias, psicóloga adepta do mindfulness, usa a técnica em alguns pacientes (Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Zlatica de Farias, psicóloga adepta do mindfulness, usa a técnica em alguns pacientes
Vários estudos corroboram os benefícios da técnica. Cientistas da Faculdade de Medicina de Harvard demonstraram a melhora da memória de idosos saudáveis que desenvolviam o treinamento de atividade de atenção e relaxamento. Outro grupo de cientistas, orientado por Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, observou o aumento do número de anticorpos em pessoas meditantes por oito semanas após vacinação contra gripe, em relação ao grupo de controle. Com o uso de imagens de ressonância magnética, outra pesquisa, realizada no Hospital Geral de Massachussetts, evidenciou que a meditação aumenta as espessuras do córtex pré-frontal cerebral, área ligada ao planejamento de comportamentos cognitivos complexos, e da ínsula direita, ligada às sensações corporais e às emoções. “Isso significa que a meditação tem a ver com alterações na estrutura física do cérebro”, explica Shaker.

Já há evidências também sobre como o mindfulness pode ajudar pacientes com transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Jeffrey Schwartz, pesquisador e professor de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, investiga o potencial terapêutico da meditação da plena atenção nos seus pacientes com TOC e já demonstrou que o esforço mental voluntário e consciente pode alterar certos circuitos cerebrais, diminuindo a atividade no córtex frontal orbital, centro do circuito do TOC. Além disso, em 2004, a revista científica Proceeding of the National Academy of Sciences publicou um relato sobre o aumento do sinal gama nos treinamentos da consciência atenta e concentração, com uma maior ativação de regiões cerebrais associadas a aspectos afetivo-emocionais. Isso sugere a capacidade do treinamento mental de produzir um estado cerebral elevado associado a percepção, solução de problemas e consciência.

Segundo Shaker, a técnica é referendada e incentivada pela Organização Mundial de Saúde (OMS,) que reconhece os benefícios do treinamento de mindfulness na saúde, assim como o Ministério de Saúde, que, por meio da Portaria 971, a enquadra nas práticas tradicionais, complementares e integrativas. Há cursos estruturados para ensinar os pacientes com condições crônicas a cuidarem de si mesmos e participar totalmente na melhora de sua saúde e qualidade de vida. Isso não se constitui, entretanto, como um processo de terapia, mas como um complemento aos tratamentos médicos e psicológicos. A proposta é desenvolver recursos internos próprios e habilidades que possam ser flexivelmente aplicadas no dia a dia como meio de enfrentar o estresse, a dor e as enfermidades de forma mais eficaz.

EDUCAÇÃO

A psicóloga clínica Zlatica de Farias usa o mindfulness com alguns pacientes. Segundo a especialista, esse desenvolvimento da consciência atenta se origina da psicologia budista, 600 anos antes de Cristo. Nossa mente seria uma “estrutura” da qual nada escapa. “Constantemente, por meio dos nossos sentidos, entramos em contato com muitos estímulos com os quais não conseguimos lidar. Nosso cérebro vai pegar esses fragmentos e tentar integrá-los, mas a mente precisa fazer essa mesma integração. Quem faz essa função é a consciência atenta, que é um nível da consciência”, explica. Zlatica defende que essa concentração é essencial para vivermos o aqui e agora. É nesse sentido que o mindfulness pode ajudar no processo terapêutico.

É comum que os pacientes cheguem à sessão com o psicólogo completamente desatentos para o que está realmente ocorrendo em sua vida. “Ele tem os sintomas, mas o que fala sobre eles é muito pouco. O mindfulness seria mais um recurso terapêutico para ajudar o paciente a enfrentar seus obstáculos.” Ainda segundo a especialista, há várias técnicas para se chegar a esse estado de consciência ativa. É possível fazer essa meditação sentado, andando, em pé, deitado. Mais recentemente, o mindfulness começa também a ser usado para além da saúde, conquistando também espaço na educação. Segundo Zlatica, a técnica pode ajudar as crianças a desenvolver a concentração, algo tão difícil hoje nessa geração cheia de estímulos.


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Mindfulness na psicoterapia: os benefícios da meditação da consciência atenta na psicoterapia
Data: Dia 12
Horário: Às 19h30
Local: Associação Médica de Minas Gerais – Avenida João Pinheiro, 161, sala 5, Centro
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