Descoberta a ação da malária no cérebro
Estima-se que a doença mate uma criança a cada minuto no mundo
Bruna Sensêve - Correio Braziliense
Publicação:06/04/2015 11:00Atualização: 02/04/2015 09:07
As pesquisas começaram em 2008, quando o Hospital Rainha Elizabeth, em Malawi, na África, recebeu um aparelho de ressonância magnética. Desde então, a autora principal do trabalho, Terrie Taylor, passa seis meses por ano debruçada no tratamento e no estudo de crianças com malária. Ela e outros pesquisadores, incluindo Colleen Hammond e Matt Latourette, no Departamento de Radiologia da Universidade Estadual de Michigan, usaram o equipamento para ver as imagens do cérebro de centenas de meninos e meninas vítimas da malária cerebral, comparando os dados com os de pessoas que morreram e que sobreviveram à enfermidade parasitária.
Assim, chegaram à descoberta inovadora. “Como sabemos agora que o inchaço do cérebro é o que causa a morte, podemos trabalhar para encontrar novos tratamentos”, diz Taylor. Segundo ela, o próximo passo é identificar o que está provocando o inchaço e, em seguida, desenvolver tratamentos que mirem nessas causas. “Também é possível o uso de ventiladores para manter as crianças respirando até que o inchaço diminua, podendo salvar vidas. Mas os ventiladores são poucos e distantes entre si na África”, pondera.
Foco na África
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados, em 2013, no mundo, 198 milhões de casos de malária e 584 mil mortes — respectivamente 4,3% e 6,9% a menos que em 2012. Noventa por cento dos óbitos, porém, ocorreram na África, sendo que as crianças com menos de 5 anos representam 78% dessas vítimas.
Levando em conta um período maior de análise, de 2000 a 2013, a taxa de mortalidade relacionada à doença parasitária diminuiu 47% em todo o mundo e 54% no continente africano. No Brasil, também de acordo com a OMS, a redução no número de infectados nesses 13 anos foi de 75%. Em 2013, houve o registro de 177.767 casos no país, a maioria na região amazônica, que provocou a morte de 41 pessoas.
Taylor pondera que, mesmo com o aumento dos esforços contra a doença ter surtido efeito, o número total de vítimas no planeta ainda é muito alto. “É angustiante quando crianças morrem, mas o que nos faz continuar é que estamos fazendo progressos. Tem sido uma pedreira indescritível, mas eu acho que nós temos (a doença) encurralada.”
Mais letal
Geralmente provocado pelo Plasmodium falciparum, é o tipo mais grave da doença, responsável por cerca de 80% das mortes. Os sintomas surgem de nove a 30 dias após a infecção e englobam complicações neurológicas (coma, convulsões, perturbações sensoriais e desorientação, por exemplo), febre, rigidez da nuca, vômitos e sonolência.
As crianças africanas são as grandes vítimas da malária cerebral: a maioria tem menos de 5 anos
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Os cálculos assustam. Estima-se que a malária mate aproximadamente uma criança a cada minuto. A causa para a letalidade tão alta entre os pacientes mais novos não era completamente compreendida pelos especialistas até a publicação de conclusões sobre o tema na edição mais recente da revista científica New England Journal of Medicine. Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, descobriu que as crianças acometidas pela malária cerebral e que não resistem à doença são aquelas que ficam com o cérebro tão inchado que parte do órgão é forçada a sair pela parte inferior do crânio, comprimindo o tronco cerebral. A pressão faz com que os pequenos parem de respirar e morram.As pesquisas começaram em 2008, quando o Hospital Rainha Elizabeth, em Malawi, na África, recebeu um aparelho de ressonância magnética. Desde então, a autora principal do trabalho, Terrie Taylor, passa seis meses por ano debruçada no tratamento e no estudo de crianças com malária. Ela e outros pesquisadores, incluindo Colleen Hammond e Matt Latourette, no Departamento de Radiologia da Universidade Estadual de Michigan, usaram o equipamento para ver as imagens do cérebro de centenas de meninos e meninas vítimas da malária cerebral, comparando os dados com os de pessoas que morreram e que sobreviveram à enfermidade parasitária.
Assim, chegaram à descoberta inovadora. “Como sabemos agora que o inchaço do cérebro é o que causa a morte, podemos trabalhar para encontrar novos tratamentos”, diz Taylor. Segundo ela, o próximo passo é identificar o que está provocando o inchaço e, em seguida, desenvolver tratamentos que mirem nessas causas. “Também é possível o uso de ventiladores para manter as crianças respirando até que o inchaço diminua, podendo salvar vidas. Mas os ventiladores são poucos e distantes entre si na África”, pondera.
Foco na África
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados, em 2013, no mundo, 198 milhões de casos de malária e 584 mil mortes — respectivamente 4,3% e 6,9% a menos que em 2012. Noventa por cento dos óbitos, porém, ocorreram na África, sendo que as crianças com menos de 5 anos representam 78% dessas vítimas.
Levando em conta um período maior de análise, de 2000 a 2013, a taxa de mortalidade relacionada à doença parasitária diminuiu 47% em todo o mundo e 54% no continente africano. No Brasil, também de acordo com a OMS, a redução no número de infectados nesses 13 anos foi de 75%. Em 2013, houve o registro de 177.767 casos no país, a maioria na região amazônica, que provocou a morte de 41 pessoas.
Taylor pondera que, mesmo com o aumento dos esforços contra a doença ter surtido efeito, o número total de vítimas no planeta ainda é muito alto. “É angustiante quando crianças morrem, mas o que nos faz continuar é que estamos fazendo progressos. Tem sido uma pedreira indescritível, mas eu acho que nós temos (a doença) encurralada.”
Mais letal
Geralmente provocado pelo Plasmodium falciparum, é o tipo mais grave da doença, responsável por cerca de 80% das mortes. Os sintomas surgem de nove a 30 dias após a infecção e englobam complicações neurológicas (coma, convulsões, perturbações sensoriais e desorientação, por exemplo), febre, rigidez da nuca, vômitos e sonolência.