Gravidez da dona é um dos principais motivos de abandono de pets
Protetores dos animais tentam conscientizar de que não é uma questão de escolha: bebê e mascote são membros da família
Renata Rusky - Revista do CB
Publicação:23/05/2015 09:00Atualização: 23/05/2015 09:36
Os cachorros, ela sentia que perceberam logo a gravidez. “Uma delas deitava na minha barriga quando ainda estava pequena e rosnava para qualquer um que chegasse perto”, conta. Ela mostrava as roupas do bebê para os dois cães, deixava que cheirassem. Mesmo assim, ainda houve ciúme no início. Os gatos não ligavam muito, mas, depois que Ísis nasceu, começaram a se interessar pelo quarto e pelo berço dela, coisa que não tinham feito antes de a pequena nascer.
Ao chegar da maternidade, já não eram três gatos, já que um deles foi envenenado na rua. Gabriela, com cuidado, deixou que todos eles, cães e felinos, cheirassem Ísis para se acostumarem com a presença do novo membro da família. Mesmo o mais agressivo dos gatos não ousou fazer nada contra o bebê. Hoje, ela até já abriu mão da pequena cerca que impedia que os animais entrassem no quarto da menina.
Se, além de todas as mudanças que envolvem a chegada do bebê, a família ainda tiver que lidar com o ciúme dos animais de estimação, a situação pode ser estressante. Assim como Gabriela, a ativista protetora dos animais Luisa Mell (veja box) passou por essa situação recentemente e esteve em Brasília, no Taguatinga Shopping, para dar uma palestra a respeito. Ela tenta explicar que o abandono não é necessário, muito menos uma boa solução.
Com dois cachorros em casa, Luisa conta que a preparação começou antes mesmo de o filho chegar. Por considerar importante que os bichos continuassem se sentindo parte da família, ela passava horas no quarto do bebê com os dois cachorros. “Mesmo assim, após o nascimento, um deles começou a fazer cocô na porta do meu quarto”, conta Luisa. Ela conta o quanto foi cansativo, mas compara: “Irmãos mais velhos também não ficam com ciúme? É a mesma coisa e nós temos que buscar forças para lidar com isso. É um momento difícil, mas compensa”. Ela cita pesquisas que indicam que crianças que convivem com animais de estimação até o primeiro ano de vida têm menos alergias e doenças respiratórias. Então, espera que os dois vivam o suficiente para que Enzo cresça e brinque com eles.
Uma voz ativa contra maus-tratos
Luisa Mell ficou conhecida quando, em 2002, estreou dois programas de tevê nos quais mostrava situações de maus-tratos vividas por muitos animais de estimação no Brasil. Participava de um grupo de emergência animal que fazia resgastes toda semana. Uma das ligações recebidas pelo grupo era de ativistas acampados em frente ao Instituto Royal. Dessa forma, ela se envolveu também no resgate de cerca de 200 cachorros da raça Beagle mantidos em gaiolas e usados em testes da empresa. Atualmente, Luisa continua seu ativismo via internet e também no meio político. A ideia é sensibilizar as pessoas para o assunto e intermediar processos de adoção e achados e perdidos. Ela acredita que o Brasil já evoluiu muito na causa nos últimos 12 anos, mas ainda há bastante a ser feito. “Muita gente diz que hoje os animais são mais maltratados, quando, na verdade, é só porque antes ninguém sabia, ninguém se importava, ninguém comentava”, afirma.
Dicas de Luisa Mell
Gatos também amam
Embora muitos digam que gatos não gostam dos donos, mas da casa, isso não passa de falácia. “Gatos se apegam. Eles são muito sensíveis a mudanças na casa. Dividem o lugar em que moram em setores para fazer cada uma das suas coisas. Se mexer em algum deles, eles se estressam”, explica a veterinária Leila Sena, especializada em felinos.
Segundo ela, a facilidade de adapatação de cachorros a mudanças e a dificuldade dos gatos são consequência da domesticação mais antiga dos primeiros. “Normalmente, eles ficam mais reclusos e, aos poucos, vão voltando ao normal e querendo cheirar o bebê”, explica Leila. Se fizerem xixi no lugar errado, no entanto, ela adverte que é melhor chamar um veterinário comportamental.
Uma alternativa boa que pode ser usada antes e depois do nascimento é usar difusores de ferormônio. O cheiro dá prazer aos gatos e os deixa relaxados. “Pode colocar até no quarto do bebê”, exemplifica. Se o animal associar aquele cheiro e aquela tranquilidade ao bebê, a adaptação dele à mudança pode ser facilitada.
Saiba mais...
Quando Gabriela Marinho, 20 anos, recepcionista, engravidou, ela tinha três gatos e dois cachorros. Ao contrário do que muita gente faz, ela não os desamparou. A gravidez da dona é um dos principais motivos de abandono de animais de estimação. A falta de informação e a crença de que os bichos são portadores de doenças tornam o pet vítima do desamparo das ruas. Para Gabriela, até então, era a seus cachorros e gatos que ela tinha dedicado todo seu amor e eram eles quem ela considerava seus filhos; portanto, não fazia sentido largá-los quando estava prestes a dar à luz Ísis, hoje com 4 meses.Em prol dos pets, Luisa Mell questiona: "Irmãos mais velhos também não ficam com ciúme?"
Os cachorros, ela sentia que perceberam logo a gravidez. “Uma delas deitava na minha barriga quando ainda estava pequena e rosnava para qualquer um que chegasse perto”, conta. Ela mostrava as roupas do bebê para os dois cães, deixava que cheirassem. Mesmo assim, ainda houve ciúme no início. Os gatos não ligavam muito, mas, depois que Ísis nasceu, começaram a se interessar pelo quarto e pelo berço dela, coisa que não tinham feito antes de a pequena nascer.
Ao chegar da maternidade, já não eram três gatos, já que um deles foi envenenado na rua. Gabriela, com cuidado, deixou que todos eles, cães e felinos, cheirassem Ísis para se acostumarem com a presença do novo membro da família. Mesmo o mais agressivo dos gatos não ousou fazer nada contra o bebê. Hoje, ela até já abriu mão da pequena cerca que impedia que os animais entrassem no quarto da menina.
Se, além de todas as mudanças que envolvem a chegada do bebê, a família ainda tiver que lidar com o ciúme dos animais de estimação, a situação pode ser estressante. Assim como Gabriela, a ativista protetora dos animais Luisa Mell (veja box) passou por essa situação recentemente e esteve em Brasília, no Taguatinga Shopping, para dar uma palestra a respeito. Ela tenta explicar que o abandono não é necessário, muito menos uma boa solução.
Gabriela Marinho e seus amores: a adaptação dá trabalho, mas vale a pena
Com dois cachorros em casa, Luisa conta que a preparação começou antes mesmo de o filho chegar. Por considerar importante que os bichos continuassem se sentindo parte da família, ela passava horas no quarto do bebê com os dois cachorros. “Mesmo assim, após o nascimento, um deles começou a fazer cocô na porta do meu quarto”, conta Luisa. Ela conta o quanto foi cansativo, mas compara: “Irmãos mais velhos também não ficam com ciúme? É a mesma coisa e nós temos que buscar forças para lidar com isso. É um momento difícil, mas compensa”. Ela cita pesquisas que indicam que crianças que convivem com animais de estimação até o primeiro ano de vida têm menos alergias e doenças respiratórias. Então, espera que os dois vivam o suficiente para que Enzo cresça e brinque com eles.
Uma voz ativa contra maus-tratos
Luisa Mell ficou conhecida quando, em 2002, estreou dois programas de tevê nos quais mostrava situações de maus-tratos vividas por muitos animais de estimação no Brasil. Participava de um grupo de emergência animal que fazia resgastes toda semana. Uma das ligações recebidas pelo grupo era de ativistas acampados em frente ao Instituto Royal. Dessa forma, ela se envolveu também no resgate de cerca de 200 cachorros da raça Beagle mantidos em gaiolas e usados em testes da empresa. Atualmente, Luisa continua seu ativismo via internet e também no meio político. A ideia é sensibilizar as pessoas para o assunto e intermediar processos de adoção e achados e perdidos. Ela acredita que o Brasil já evoluiu muito na causa nos últimos 12 anos, mas ainda há bastante a ser feito. “Muita gente diz que hoje os animais são mais maltratados, quando, na verdade, é só porque antes ninguém sabia, ninguém se importava, ninguém comentava”, afirma.
Dicas de Luisa Mell
- Associar coisas boas à presença do bebê.
- Deixar que o cachorro chegue perto e cheire o bebê. Se tiver medo, afaste-o discretamente, em vez de gritar para que saia.
- Esforçar-se para continuar dando carinho ao cão.
- Colocar uma roupa usada do bebê na cama ou na casa do cão. “Eu fiz isso e, no início, meus cachorros não queriam entrar na casa deles. Com o tempo, eles se acostumaram”, conta a ativista.
Gatos também amam
Embora muitos digam que gatos não gostam dos donos, mas da casa, isso não passa de falácia. “Gatos se apegam. Eles são muito sensíveis a mudanças na casa. Dividem o lugar em que moram em setores para fazer cada uma das suas coisas. Se mexer em algum deles, eles se estressam”, explica a veterinária Leila Sena, especializada em felinos.
Segundo ela, a facilidade de adapatação de cachorros a mudanças e a dificuldade dos gatos são consequência da domesticação mais antiga dos primeiros. “Normalmente, eles ficam mais reclusos e, aos poucos, vão voltando ao normal e querendo cheirar o bebê”, explica Leila. Se fizerem xixi no lugar errado, no entanto, ela adverte que é melhor chamar um veterinário comportamental.
Uma alternativa boa que pode ser usada antes e depois do nascimento é usar difusores de ferormônio. O cheiro dá prazer aos gatos e os deixa relaxados. “Pode colocar até no quarto do bebê”, exemplifica. Se o animal associar aquele cheiro e aquela tranquilidade ao bebê, a adaptação dele à mudança pode ser facilitada.