Menina de 8 anos com epilepsia vence proibição da maconha no México

Garotinha tem até 400 crises convulsivas diariamente e pode ser a primeira pessoa no país a usar medicação à base de maconha

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AFP - Agence France-Presse Publicação:11/09/2015 11:06Atualização:11/09/2015 11:13
 Raúl Elizalde e a filha Graciela (CARLOS RAMIREZ / AFP)
Raúl Elizalde e a filha Graciela
Uma menina mexicana de oito anos que sofre até 400 ataques epilépticos diários pode ser a primeira pessoa no México a usar um medicamento à base de maconha - depois que o governo se comprometeu, na última terça-feira, a fazer uma exceção à proibição.

A secretaria de saúde anunciou em comunicado que ajudará na importação de um óleo à base de maconha que teria a propriedade de aliviar os ataques epilépticos. "Estamos felizes", disse o pai da menina, Raúl Elizalde, após se reunir na terça-feira com a direção da Comissão para a Proteção de Riscos Sanitários, a agência governamental que regula tais importações.

O medicamento "é nossa última esperança", contou Elizalde, que trava uma grande batalha ao lado da esposa para encontrar todas as alternativas existentes para sua filha.

"Esperamos diminuir a quantidade de convulsões que ela tem, que elas passem de 400 para nenhuma. Esperamos que ela seja mais independente, que possa caminhar, falar, comer sozinha", afirmou.

Graciela, que vive na cidade de Monterrey, um polo industrial do norte do México, sofre de uma severa forma de epilepsia conhecida como síndrome de Lennox-Gastaut.

Os pais já apelaram para fortes tratamentos - até mesmo uma cirurgia no cérebro - para melhorar as dores da menina, mas nada funcionou até agora para melhorar sua frágil condição.

No mês passado, um juiz concedeu uma autorização para que os pais possam usar o canabidiol (CBD), apesar das objeções do governo do país - afogado numa sangrenta guerra contra o tráfico de drogas.

Elizalde disse que agora o médico deve receitar o medicamento para que eles importem dos Estados Unidos ou da Noruega.

O ministério da Saúde se comprometeu a ajudar a obter a permissão, solicitada pelos pais de Graciela, para importar o remédio produzido pela farmacêutica britânica GW Pharmaceuticals que continua em fase de testes.

"Cabe esclarecer que esta autorização sanitária não significa o aval para o uso da maconha em nenhuma de suas formas", alertou o ministério da Saúde em comunicado.

Em abril, a GW Pharmaceuticals disse que relatórios de pesquisas mostraram que o medicamento levou a uma redução de 54% dos ataques entre 137 crianças e jovens adultos que o tomaram por 12 semanas em 11 hospitais norte-americanos.

Enquanto o ministério da Saúde concede a autorização aos pais, a batalha continua em uma instância onde foi arquivada uma petição do governo para revogar a decisão do juiz que autorizou que a menina utilize o medicamento, apontou Elizalde.

O presidente Enrique Peña Nieto, cujo governo mantém uma luta contra cartéis do tráfico de drogas que já matou dezenas de milhares de pessoas em uma décadas, se opõe à descriminalização.

A legalização da maconha, contudo, já é uma realidade que abre caminho em outras partes da América Latina, como Uruguai, que legalizou a produção e venda em 2013, e o Chile, que deu um passo à frente neste sentido em julho deste ano.

Nos Estados Unidos, vizinho do México, mais de 20 estados legalizaram a maconha.

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