Bactérias intestinais reduzem risco de asma em bebês, diz estudo
Incidência da doença em países desenvolvidos é maior que nos em desenvolvimento. Acredita-se que essa diferença tenha relação com maiores taxas de nascimentos por cesariana, bebês que se alimentam com mais suplementos do que com leite materno e o consumo de antibióticos
AFP - Agence France-Presse
Publicação:01/10/2015 13:31Atualização: 01/10/2015 15:19
Os casos de asma - uma doença crônica que causa tosse e dificuldade para respirar - aumentaram notoriamente desde os anos 1950, em particular nos países ocidentais, onde mais de 20% das crianças são afetadas, segundo os especialistas. Mas os casos de asma não aumentaram desta forma nos países em desenvolvimento.
Acredita-se que esta diferença possa ser explicada por fatores ambientais, assim como pelas armadilhas da vida moderna: os países desenvolvidos têm maiores taxas de nascimentos por cesariana, os bebês se alimentam com mais suplementos do que com leite materno e o consumo de antibióticos é exagerado, por exemplo.
Embora os cientistas não tenham agora uma resposta definitiva, a descoberta publicada na revista Science Translational Medicine identificou pela primeira vez quatro bactérias específicas que parecem proteger o sistema imunológico da asma. "Esta pesquisa sustenta a hipótese da higiene, segundo a qual estamos convertendo nosso entorno num lugar limpo demais", explicou Brett Finlay, co-autor do estudo e professor de microbiologia e imunologia da universidade British Columbia.
"Mostra que as bactérias têm um papel importante na asma, embora isso ocorra num estágio cedo da vida, quando o sistema imunológico do bebê está em desenvolvimento".
A pesquisa
O estudo envolveu mais de 300 crianças cujas amostras de fezes foram examinadas aos três meses de idade e um ano depois. As amostras revelaram que os bebês de três meses com maior risco de asma registravam níveis baixos de quatro bactérias intestinais específicas.
Quando foram estudadas as mostras fecais dos bebês de um ano, foram registradas menos diferenças. Isso sugere que os primeiros 100 dias de vida são muito importantes no desenvolvimento do sistema imunológico dos pequenos.
Com o passar dos anos, os pesquisadores rastrearam 22 crianças com pouca diversidade bacteriana e oito deles desenvolveram asma. O restante tem mais risco de sofrer com a doença do que os demais do estudo.
Nenhum deles foi tratado com antibióticos, o que descarta o remédio como a causa de uma menor flora bacteriana.
Mas ainda não está claro como as crianças adquirem estas bactérias, chamadas Faecalibacterium, Lachnospira, Veillonella e Rothia.
Os cientistas não examinaram as mães nem compararam as crianças nascidas por pato normal às que nasceram por cesariana, assim como não analisaram se a substituição do leite materno pode ter tido a ver com a ocorrência de asma. Todas estas direções serão tomadas em estudos subsequentes.
Por enquanto, "esta pesquisa enfatiza que devemos revisitar nossa relação com as bactérias", segundo outro co-autor do estudo, Stuart Turvey, médico do hospital infantil de British Columbia.
20% das crianças de países desenvolvidos são afetadas pela doença
Saiba mais...
As crianças com alto risco de contrair asma carecem de importantes bactérias intestinais em seus primeiros meses de vida - é o que diz um estudo divulgado nesta quarta-feira (30/09), que ajuda a entender por que nos países desenvolvidos há mais crianças asmáticas. - Pesquisa revela confusão da população e descaso com sintomas clássicos da asma
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Os casos de asma - uma doença crônica que causa tosse e dificuldade para respirar - aumentaram notoriamente desde os anos 1950, em particular nos países ocidentais, onde mais de 20% das crianças são afetadas, segundo os especialistas. Mas os casos de asma não aumentaram desta forma nos países em desenvolvimento.
Acredita-se que esta diferença possa ser explicada por fatores ambientais, assim como pelas armadilhas da vida moderna: os países desenvolvidos têm maiores taxas de nascimentos por cesariana, os bebês se alimentam com mais suplementos do que com leite materno e o consumo de antibióticos é exagerado, por exemplo.
Embora os cientistas não tenham agora uma resposta definitiva, a descoberta publicada na revista Science Translational Medicine identificou pela primeira vez quatro bactérias específicas que parecem proteger o sistema imunológico da asma. "Esta pesquisa sustenta a hipótese da higiene, segundo a qual estamos convertendo nosso entorno num lugar limpo demais", explicou Brett Finlay, co-autor do estudo e professor de microbiologia e imunologia da universidade British Columbia.
"Mostra que as bactérias têm um papel importante na asma, embora isso ocorra num estágio cedo da vida, quando o sistema imunológico do bebê está em desenvolvimento".
A pesquisa
O estudo envolveu mais de 300 crianças cujas amostras de fezes foram examinadas aos três meses de idade e um ano depois. As amostras revelaram que os bebês de três meses com maior risco de asma registravam níveis baixos de quatro bactérias intestinais específicas.
Quando foram estudadas as mostras fecais dos bebês de um ano, foram registradas menos diferenças. Isso sugere que os primeiros 100 dias de vida são muito importantes no desenvolvimento do sistema imunológico dos pequenos.
Com o passar dos anos, os pesquisadores rastrearam 22 crianças com pouca diversidade bacteriana e oito deles desenvolveram asma. O restante tem mais risco de sofrer com a doença do que os demais do estudo.
Nenhum deles foi tratado com antibióticos, o que descarta o remédio como a causa de uma menor flora bacteriana.
Mas ainda não está claro como as crianças adquirem estas bactérias, chamadas Faecalibacterium, Lachnospira, Veillonella e Rothia.
Os cientistas não examinaram as mães nem compararam as crianças nascidas por pato normal às que nasceram por cesariana, assim como não analisaram se a substituição do leite materno pode ter tido a ver com a ocorrência de asma. Todas estas direções serão tomadas em estudos subsequentes.
Por enquanto, "esta pesquisa enfatiza que devemos revisitar nossa relação com as bactérias", segundo outro co-autor do estudo, Stuart Turvey, médico do hospital infantil de British Columbia.