Pesquisa revela que antibióticos têm menos eficiência depois de sessões de quimioterapia e cirurgias
Estudo reforça a necessidade de se repensar o uso desses medicamentos e de descobrir novas estratégias que combatam infecções
Correio Braziliense
Publicação:20/10/2015 13:19Atualização: 20/10/2015 13:58
Os cientistas analisaram ensaios clínicos realizados entre 1968 e 2011, medindo a eficácia dos antibióticos usados para prevenção de infecções após quimioterapias e diversas cirurgias. Eles também calcularam as mortes ligadas ao contágio por micro-organismos invasores nesses diferentes cenários.
Os dados foram desanimadores: a cada quatro pessoas que têm uma infecção devido à quimioterapia, uma não obtém benefícios dos antibióticos comuns. Nas cirurgias, o problema se repete. Após uma cesariana, 38,7% das infecções se mostram resistentes aos remédios; e esse índice sobe para 50,9% depois de operações cardíacas e para até 90% em seguida a uma biópsia de próstata.
Por causa desses dados alarmantes, os cientistas destacam que mais atenção deve ser dada ao uso dos antibióticos, para evitar o aumento da resistência a essas drogas. “Esse é o primeiro estudo que estima o impacto da resistência aos antibióticos na assistência médica mais ampla nos Estados Unidos. Uma grande parte de procedimentos cirúrgicos comuns e a quimioterapia serão praticamente impossíveis de serem realizados se a resistência aos antibióticos não for abordada com urgência”, destacou, em um comunicado, Ramanan Laxminarayan pesquisador do Centro Dynamics e professor da Universidade de Princeton.
Apesar de o estudo ter se concentrado apenas em procedimentos médicos realizados nos Estados Unidos, os autores do trabalho acreditam que os dados devem ser parecidos em outros países. “Não só há uma necessidade imediata de atualizar informações para estabelecer novas recomendações aos antibióticos em face do aumento da resistência, como também precisamos de novas estratégias para a prevenção e o controle da resistência aos antibióticos em níveis nacionais e internacionais”, completou Laxminarayan.
Pesquisadores mediram a eficácia dos antibióticos usados para prevenção de infecções após quimioterapias e diversas cirurgias
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Estudo publicado na revista especializada The Lancet Infectious Diseases mostra que o aumento da resistência de micro-organismos aos antibióticos representa um sério risco a pacientes que passam por cirurgias e tratamentos de quimioterapia. Os pesquisadores do Centro de Dinâmicas, Políticas e Economia de Doenças, em Washington, analisaram uma série de exames clínicos e encontraram um declínio na eficiência dos medicamentos nessas ocasiões, o que reforça a necessidade de se repensar o uso dos antibióticos e de descobrir novas estratégias que combatam infecções.- Projeção para 2050 é que resistência a antibióticos vai matar 10 milhões de pessoas no mundo por ano
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Os cientistas analisaram ensaios clínicos realizados entre 1968 e 2011, medindo a eficácia dos antibióticos usados para prevenção de infecções após quimioterapias e diversas cirurgias. Eles também calcularam as mortes ligadas ao contágio por micro-organismos invasores nesses diferentes cenários.
Os dados foram desanimadores: a cada quatro pessoas que têm uma infecção devido à quimioterapia, uma não obtém benefícios dos antibióticos comuns. Nas cirurgias, o problema se repete. Após uma cesariana, 38,7% das infecções se mostram resistentes aos remédios; e esse índice sobe para 50,9% depois de operações cardíacas e para até 90% em seguida a uma biópsia de próstata.
Por causa desses dados alarmantes, os cientistas destacam que mais atenção deve ser dada ao uso dos antibióticos, para evitar o aumento da resistência a essas drogas. “Esse é o primeiro estudo que estima o impacto da resistência aos antibióticos na assistência médica mais ampla nos Estados Unidos. Uma grande parte de procedimentos cirúrgicos comuns e a quimioterapia serão praticamente impossíveis de serem realizados se a resistência aos antibióticos não for abordada com urgência”, destacou, em um comunicado, Ramanan Laxminarayan pesquisador do Centro Dynamics e professor da Universidade de Princeton.
Apesar de o estudo ter se concentrado apenas em procedimentos médicos realizados nos Estados Unidos, os autores do trabalho acreditam que os dados devem ser parecidos em outros países. “Não só há uma necessidade imediata de atualizar informações para estabelecer novas recomendações aos antibióticos em face do aumento da resistência, como também precisamos de novas estratégias para a prevenção e o controle da resistência aos antibióticos em níveis nacionais e internacionais”, completou Laxminarayan.