Pesquisa do Paraná identifica zika em cérebro de bebês com microcefalia
Análises foram feitas com amostras de tecidos de fetos que morreram por complicações da doença no Nordeste do país
Agência Brasil
Publicação:16/02/2016 08:02
Coordenado pela médica Lúcia Noronha, o Laboratório de Patologia Experimental da PUC-PR vem analisando amostras de placenta e de tecidos de fetos com microcefalia desde 2015. Neste carnaval, as pesquisas, feitas em regime de urgência, encontraram o vírus em duas amostras do tecido cerebral dos bebês, exatamente em pontos com inflamações. Antes, no fim de 2015, o laboratório já havia comprovado que inflamações na placenta da gestante eram causadas pelo vírus Zika.
"Conseguimos agora ver que essa relação [entre Zika e microcefalia] existe. Se você tem a infecção, tem a quebra da barreira placentária – que conseguimos ver em algumas amostras – temos o vírus no bebê, causando inflamações. Quer dizer, onde tem inflamação, tem vírus, essa evidência, essa relação entre Zika e microcefalia existe", frisou. A médica ponderou, no entanto, que poucas amostras foram estudadas e que é necessário comprovar a tese com mais pesquisas.
"Descartar completamente ou provar 100% essa relação só será possível quando tivermos muitas amostras com o mesmo padrão", disse a pesquisadora, que integra também a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). Segundo a médica, por uma série de questões éticas e científicas, como a autorização dos pais para a coleta de tecidos de fetos com microcefalia e a particularidade de retirada de amostras do cérebro, as pesquisas não são tão rápidas, embora avançadas.
Com base em resultados de pesquisas internacionais, a professora acredita que o Brasil está no caminho certo para desvendar a Zika. Ela lembra que recentemente, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), e outro laboratório de patologia na Eslovênia também encontraram o vírus em cérebros de bebês com a malformação. As amostras avaliadas pelos pesquisadores norte-americanos foram cedidas pela Fiocruz e são parte das mesmas enviadas ao Paraná.
Na avaliação de Lúcia Noronha, é possível que as pesquisas ajudem na elaboração de uma vacina contra o vírus. Como os fetos são muito sensíveis a antirretrovirais, remédios que poderiam impedir a mãe de passar a Zika para o bebê, a médica aposta na imunização, além do combate de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, nas cidades.
Complicações da Zika
A pesquisa da PUC-PR também não conseguiu identificar quais fatores fazem com que a Zika seja mais agressiva em algumas pessoas do que em outras. Em geral, 80% dos infectados desenvolvem apenas sintomas brandos da doença, como febre. Outros já foram notificados com síndromes graves, como a Guillain-Barré, doença autoimune, que paralisa os músculos e pode levar à morte.
Saiba mais...
Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná identificou a presença do vírus Zika no cérebro de bebês que nasceram com microcefalia, malformação em que o bebê nasce com crânio com tamanho menor ou igual a 32 cm. As análises foram feitas com amostras de tecidos de fetos que morreram por complicações da doença no Nordeste do país e foram cedidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O vírus é capaz de ultrapassar a placenta da mãe.- Anvisa registra teste rápido para detecção do vírus Zika em até 20 minutos
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Coordenado pela médica Lúcia Noronha, o Laboratório de Patologia Experimental da PUC-PR vem analisando amostras de placenta e de tecidos de fetos com microcefalia desde 2015. Neste carnaval, as pesquisas, feitas em regime de urgência, encontraram o vírus em duas amostras do tecido cerebral dos bebês, exatamente em pontos com inflamações. Antes, no fim de 2015, o laboratório já havia comprovado que inflamações na placenta da gestante eram causadas pelo vírus Zika.
"Conseguimos agora ver que essa relação [entre Zika e microcefalia] existe. Se você tem a infecção, tem a quebra da barreira placentária – que conseguimos ver em algumas amostras – temos o vírus no bebê, causando inflamações. Quer dizer, onde tem inflamação, tem vírus, essa evidência, essa relação entre Zika e microcefalia existe", frisou. A médica ponderou, no entanto, que poucas amostras foram estudadas e que é necessário comprovar a tese com mais pesquisas.
"Descartar completamente ou provar 100% essa relação só será possível quando tivermos muitas amostras com o mesmo padrão", disse a pesquisadora, que integra também a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). Segundo a médica, por uma série de questões éticas e científicas, como a autorização dos pais para a coleta de tecidos de fetos com microcefalia e a particularidade de retirada de amostras do cérebro, as pesquisas não são tão rápidas, embora avançadas.
Com base em resultados de pesquisas internacionais, a professora acredita que o Brasil está no caminho certo para desvendar a Zika. Ela lembra que recentemente, o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), e outro laboratório de patologia na Eslovênia também encontraram o vírus em cérebros de bebês com a malformação. As amostras avaliadas pelos pesquisadores norte-americanos foram cedidas pela Fiocruz e são parte das mesmas enviadas ao Paraná.
Na avaliação de Lúcia Noronha, é possível que as pesquisas ajudem na elaboração de uma vacina contra o vírus. Como os fetos são muito sensíveis a antirretrovirais, remédios que poderiam impedir a mãe de passar a Zika para o bebê, a médica aposta na imunização, além do combate de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus, nas cidades.
Complicações da Zika
A pesquisa da PUC-PR também não conseguiu identificar quais fatores fazem com que a Zika seja mais agressiva em algumas pessoas do que em outras. Em geral, 80% dos infectados desenvolvem apenas sintomas brandos da doença, como febre. Outros já foram notificados com síndromes graves, como a Guillain-Barré, doença autoimune, que paralisa os músculos e pode levar à morte.