Pernambuco registra mais um caso de gêmeos em que só um tem microcefalia
Gêmeos foram gerados em placentas diferentes
Patrícia Fonseca - Diário de Pernambuco
Publicação:17/02/2016 15:44Atualização: 17/02/2016 15:57
Os médicos ainda procuram entender porque um bebê tem a malformação e o outro, não. Os gêmeos foram gerados em placentas diferentes. Um exame do líquido da espinha dorsal dos bebês poderá identificar anticorpos que podem ter sido produzidos pelo organismo do menino para combater a infecção pelo vírus da zika. Os estudos poderão apontar algo presente na placenta que o envolvia o bebê sem a microcefalia e que evitou que o vírus chegasse até ele ou algo que tenha levado o vírus até a menina.
No quarto mês de gestação, a mãe chegou a apresentar algumas manchas vermelhas no braço, mas os médicos, na época, acreditavam se tratar de um quadro de dengue. Cassiana está sendo submetida a exames para tentar identificar se ela teve ou não zika.
Primeiro caso
O primeiro caso atípico aconteceu em julho do ano passado, em Custódia, no Sertão do estado. Uma dona de casa deu à luz gêmeos bivitelinos (formados a partir de dois óvulos), um com microcefalia e outro não. Na época, o fato chamou a atenção da neuropediatra Vanessa Van Der Linden e da infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) Regina Coeli, que passaram a perceber a chegada de novos casos de recém-nascidos com perímetro cefálico menor ou igual a 32 cm e concluíram que o estado enfrentava uma situação incomum.
Segundo Regina, os meninos nasceram em um hospital privado e passaram a ser acompanhados no consultório de Vanessa. Diante da suspeita de microcefalia, foram encaminhados ao Huoc. “Um deles tinha 30 cm de perímetro cefálico e o outro apresentava tamanho normal. Todos os testes para infecções antes relacionadas à microcefalia deram negativo”, afirmou a médica.
“O que chamou atenção é que, mesmo bivitelinos, recebiam o mesmo sangue, mas não tiveram históricos diferentes.” Um deles foi diagnosticado com microcefalia. O outro tem desenvolvido o cérebro como esperado, mas será acompanhado até um ano. Mensalmente, os irmãos vêm de Custódia ao Huoc, onde passam por avaliações e são acompanhados no consultório da neuropediatra.
Em São Paulo
Em novembro, a dona de casa Jaqueline Jéssica de Oliveira, de 24 anos, teve um casal de gêmeos na maternidade do Hospital Guilherme Álvaro, em Santos. Lucas nasceu saudável, com 34 centímetros de perímetro cefálico. Já Laura tinha apenas 26 centímetros. A hipótese da malformação em um dos bebês já havia sido levantada no sétimo mês de gravidez, durante o pré-natal. Ainda não há comprovação de que o zika vírus tenha sido o responsável pela microcefalia em Laura. No terceiro mês de gravidez, a mãe teve dor de cabeça e manchas e coceira nos braços. Achou que era dengue, mas como os sintomas passaram em um dia, acreditou ter se tratado de uma alergia. Amostras de sangue dos bebês foram enviadas pela Secretaria Estadual da Saúde para o Instituto Adolfo Lutz.
Médicos ainda procuram entender porque um bebê tem a microcefalia e o outro, não. (Foto: Teresa Maia/ DP / D.A Press)
Saiba mais...
Foi constatada em Pernambuco mais uma ocorrência de nascimento de gêmeos, em que apenas uma criança tem microcefalia. O caso mais recente aconteceu há pouco mais de um mês em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR). A dona de casa Cassiana da Silva deu à luz um casal de gêmeos. O menino, Edson, nasceu com o perímetro cefálico dentro dos padrões considerados normais, enquanto a menina, Melissa, recebeu um dos diagnósticos mais temidos da atualidade.- OMS lança plano de US$ 56 milhões para combater zika vírus
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Os médicos ainda procuram entender porque um bebê tem a malformação e o outro, não. Os gêmeos foram gerados em placentas diferentes. Um exame do líquido da espinha dorsal dos bebês poderá identificar anticorpos que podem ter sido produzidos pelo organismo do menino para combater a infecção pelo vírus da zika. Os estudos poderão apontar algo presente na placenta que o envolvia o bebê sem a microcefalia e que evitou que o vírus chegasse até ele ou algo que tenha levado o vírus até a menina.
No quarto mês de gestação, a mãe chegou a apresentar algumas manchas vermelhas no braço, mas os médicos, na época, acreditavam se tratar de um quadro de dengue. Cassiana está sendo submetida a exames para tentar identificar se ela teve ou não zika.
Primeiro caso
O primeiro caso atípico aconteceu em julho do ano passado, em Custódia, no Sertão do estado. Uma dona de casa deu à luz gêmeos bivitelinos (formados a partir de dois óvulos), um com microcefalia e outro não. Na época, o fato chamou a atenção da neuropediatra Vanessa Van Der Linden e da infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) Regina Coeli, que passaram a perceber a chegada de novos casos de recém-nascidos com perímetro cefálico menor ou igual a 32 cm e concluíram que o estado enfrentava uma situação incomum.
Segundo Regina, os meninos nasceram em um hospital privado e passaram a ser acompanhados no consultório de Vanessa. Diante da suspeita de microcefalia, foram encaminhados ao Huoc. “Um deles tinha 30 cm de perímetro cefálico e o outro apresentava tamanho normal. Todos os testes para infecções antes relacionadas à microcefalia deram negativo”, afirmou a médica.
“O que chamou atenção é que, mesmo bivitelinos, recebiam o mesmo sangue, mas não tiveram históricos diferentes.” Um deles foi diagnosticado com microcefalia. O outro tem desenvolvido o cérebro como esperado, mas será acompanhado até um ano. Mensalmente, os irmãos vêm de Custódia ao Huoc, onde passam por avaliações e são acompanhados no consultório da neuropediatra.
Em São Paulo
Em novembro, a dona de casa Jaqueline Jéssica de Oliveira, de 24 anos, teve um casal de gêmeos na maternidade do Hospital Guilherme Álvaro, em Santos. Lucas nasceu saudável, com 34 centímetros de perímetro cefálico. Já Laura tinha apenas 26 centímetros. A hipótese da malformação em um dos bebês já havia sido levantada no sétimo mês de gravidez, durante o pré-natal. Ainda não há comprovação de que o zika vírus tenha sido o responsável pela microcefalia em Laura. No terceiro mês de gravidez, a mãe teve dor de cabeça e manchas e coceira nos braços. Achou que era dengue, mas como os sintomas passaram em um dia, acreditou ter se tratado de uma alergia. Amostras de sangue dos bebês foram enviadas pela Secretaria Estadual da Saúde para o Instituto Adolfo Lutz.