Agressividade da gripe H1N1 é a mesma de anos anteriores
Estudo do Instituto Evandro Chagas mostra que a capacidade de a cepa provocar doenças e de se propagar na população se manteve inalterada
Agência Estado
Publicação:07/04/2016 10:54Atualização: 07/04/2016 11:16
O estudo também mostra que a prevalência do H1N1 entre os pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) chegou a 100% das amostras coletadas na rede pública das duas regiões. Resultado semelhante não era registrado desde 2009, ano da pandemia causada pela influenza A.
Para a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratório do Instituto, Mirleide dos Santos, a rapidez da proliferação do H1N1 está ligada a outros fatores. Uma das hipóteses seria o aumento do número de viajantes estrangeiros no Brasil durante dezembro e janeiro, provocado pelo câmbio favorável. "Parte dos turistas pode ter chegado ao País portando o vírus, que encontrou uma população suscetível", afirmou.
A última epidemia provocada pelo H1N1 no Brasil foi em 2013. "Depois disso, outras cepas passaram a circular com maior prevalência", disse Mirleide. O intervalo de dois anos levou a uma redução significativa dos indicadores de influenza em 2014 e 2015. Em contrapartida, o grupo de pessoas mais suscetíveis ao vírus cresceu. Associado a esses dois fatores está um problema já identificado por especialistas: a antecipação do surto, sobretudo em São Paulo e Santa Catarina.
Os novos casos teriam encontrado autoridades sanitárias ainda desmobilizadas e uma população vulnerável - como idosos, crianças e gestantes - mais suscetível, uma vez que a vacina ficou pronta somente na semana passada.
O problema também foi apontado ontem pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro. Ele disse estar preocupado com o aumento do número de casos, principalmente por estar acontecendo em um período atípico. "Mas fomos ágeis e antecipamos a distribuição da vacina a partir do dia 1º", afirmou.
Otimismo
A boa notícia do sequenciamento genético é que o vírus em circulação sofreu mutações pontuais, o que garante que a vacina usada atualmente é efetiva. A proteção, no entanto, não é imediata. Tradicionalmente, a vacina contra influenza começa a aumentar a imunidade a partir de duas semanas após a aplicação. A proteção mais acentuada se dá um mês depois. A estimativa é de que, um ano depois da aplicação, a imunidade contra a infecção já esteja bastante reduzida.
Para fazer a análise, o Evandro Chagas, referência da Organização Mundial de Saúde (OMS) para influenza, avaliou 464 amostras. Ao contrário do que aconteceu em outras regiões, o aumento de casos de influenza A no Norte e no Nordeste nesses meses não surpreende - historicamente, é registrado nesta época do ano. "Ele está mais ligado ao aumento das chuvas. Ao contrário do que se vê no Sul e Sudeste, onde indicadores estão associados a baixas temperaturas", disse Mirleide.
Saiba mais...
Sequenciamento genético feito pelo Instituto Evandro Chagas em amostras de vírus de gripe coletadas em dez estados do Norte e do Nordeste revela que o H1N1 não está mais agressivo do que em anos anteriores. O estudo mostra que a capacidade de a cepa provocar doenças e de se propagar na população se manteve inalterada. A conclusão derruba a hipótese, apresentada por infectologistas, de que a alta dos casos poderia estar associada a um potencial mais ofensivo do vírus.- H1N1: Entenda como funciona a vacina da gripe
- Ministério da Saúde desmente boatos sobre vacina contra H1N1
- Brasil já registrou 444 casos graves e 71 mortes por H1N1
- Em nove pontos, tire suas dúvidas sobre a gripe H1N1
- Vacinação contra a gripe atinge 71% do público-alvo
- Mães que se vacinam contra a gripe na gestação protegem bebês da doença
- Calendários de vacinação regionalizados podem aumentar eficácia da imunização contra a gripe no Brasil
- Casos de H1N1 no Brasil sobem 50% em uma semana
- Um terço das mortes por H1N1 é de pessoa cardíaca ou diabética
- Com a proliferação de doenças comuns no outono, especialistas indicam quando se deve procurar atendimento médico
O estudo também mostra que a prevalência do H1N1 entre os pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) chegou a 100% das amostras coletadas na rede pública das duas regiões. Resultado semelhante não era registrado desde 2009, ano da pandemia causada pela influenza A.
Para a pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratório do Instituto, Mirleide dos Santos, a rapidez da proliferação do H1N1 está ligada a outros fatores. Uma das hipóteses seria o aumento do número de viajantes estrangeiros no Brasil durante dezembro e janeiro, provocado pelo câmbio favorável. "Parte dos turistas pode ter chegado ao País portando o vírus, que encontrou uma população suscetível", afirmou.
A última epidemia provocada pelo H1N1 no Brasil foi em 2013. "Depois disso, outras cepas passaram a circular com maior prevalência", disse Mirleide. O intervalo de dois anos levou a uma redução significativa dos indicadores de influenza em 2014 e 2015. Em contrapartida, o grupo de pessoas mais suscetíveis ao vírus cresceu. Associado a esses dois fatores está um problema já identificado por especialistas: a antecipação do surto, sobretudo em São Paulo e Santa Catarina.
Os novos casos teriam encontrado autoridades sanitárias ainda desmobilizadas e uma população vulnerável - como idosos, crianças e gestantes - mais suscetível, uma vez que a vacina ficou pronta somente na semana passada.
O problema também foi apontado ontem pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro. Ele disse estar preocupado com o aumento do número de casos, principalmente por estar acontecendo em um período atípico. "Mas fomos ágeis e antecipamos a distribuição da vacina a partir do dia 1º", afirmou.
Otimismo
A boa notícia do sequenciamento genético é que o vírus em circulação sofreu mutações pontuais, o que garante que a vacina usada atualmente é efetiva. A proteção, no entanto, não é imediata. Tradicionalmente, a vacina contra influenza começa a aumentar a imunidade a partir de duas semanas após a aplicação. A proteção mais acentuada se dá um mês depois. A estimativa é de que, um ano depois da aplicação, a imunidade contra a infecção já esteja bastante reduzida.
Para fazer a análise, o Evandro Chagas, referência da Organização Mundial de Saúde (OMS) para influenza, avaliou 464 amostras. Ao contrário do que aconteceu em outras regiões, o aumento de casos de influenza A no Norte e no Nordeste nesses meses não surpreende - historicamente, é registrado nesta época do ano. "Ele está mais ligado ao aumento das chuvas. Ao contrário do que se vê no Sul e Sudeste, onde indicadores estão associados a baixas temperaturas", disse Mirleide.