Algumas raças de cães são mais suscetíveis a desenvolver certos problemas de saúde
Conhecê-las permite um diagnóstico e tratamento mais rápidos, além de poupar sofrimento
Revista do CB - Correio Braziliense
Publicação:28/05/2016 10:00Atualização: 24/05/2016 14:07
Não dá para ter certeza se o animal sofrerá com certas patologias só porque é uma característica comum à sua genética, mas é essencial ter consciência de que ele está mais vulnerável. Os veterinários afirmam que é indicado conhecer melhor o histórico das raças para que se possa compreender a saúde do cãozinho. Os cães albinos, por exemplo, são identificados pela pelagem branca e o focinho rosado, e, justamente, por terem essas características são mais propensos a desenvolver melanoma, o mais agressivo tipo de câncer de pele.
Um problema que pode acometer cães de pequeno porte, como o yorkshire, o maltês e o poodle, é a chamada dentição dupla. Quando eles começam a trocar os dentes, os de leite não caem e isso pode causar grande incômodo. Além disso, restos de comida têm mais chance de permanecerem na boca do animal, causando tártaro e mau hálito, que, além de ser desagradável para quem convive com o bichinho, pode fazer com que ele se sinta importunado e deixe de comer.
Pug, shih tzu e pequinês são algumas das raças braquicefálicas, ou seja, possuem o focinho mais achatado. Esses cães, por terem narinas pequenas, muitas vezes sofrem de problemas respiratórios, o que atrapalha na hora de correr ou até mesmo provoca estresse devido ao calor. Isso porque as vias respiratórias deles são muito estreitas e a capacidade de respirar e de resfriar o corpo, ao inspirar o ar frio, fica comprometida. Eles podem nascer com o distúrbio ou até mesmo desenvolvê-lo ao longo da vida.
Já os dálmatas, por exemplo, têm tendência a sofrer de cálculo na bexiga. Os cães, em geral, não costumam fabricar ácido úrico, mas os dálmatas produzem essa substância — sintetizada naturalmente pelo organismo e cujo excesso é eliminado pelos rins — em níveis elevados, o que resulta em pedras, muitas vezes removidas cirurgicamente.
Brummel Oliver é veterinário do Hospital Veterinário Oliver e trabalha em parceria com o UniCEUB. Ele explica que as predisposições das raças a terem certas doenças é resultado da seleção do homem na hora de cruzar diferentes tipos de cães. “Por exemplo, ao buscar um cachorro mais alongado como o dachshund, o famoso salsichinha, cruzaram diferentes cães até que chegaram a essa raça, que tem um problema na coluna”. Por essa razão, os salsichas tendem a sofrer de hérnia de disco, o que pode causar até mesmo uma paralisia irreversível.
Julia Carneiro é jornalista e conta que os seus dois cachorros sofrem de doenças próprias de cada raça. Ela descobriu recentemente que o doberman Orfeu está com um problema no fígado. “Ele sempre foi chatinho para comer e sempre foi muito magro, mas foi se alimentando cada vez menos até ficar só o osso”, conta Julia. Ele ainda está sendo diagnosticado, mas já toma cinco remédios e, ao que tudo indica, a predisposição genética do cãozinho tem mesmo afetado o fígado dele.
O mesmo acontece com a cadelinha Blaize, da raça schnauzer. Blaize frequentemente sofre com pedras nos rins e apresenta tendências a obesidade. Ela passou por cirurgias para retirar algumas pedras, precisa comer ração especial e praticar exercícios para que não engordar. Ela pertence a um grupo de animais com propensão a ter sobrepeso. Nesse caso, a dica é mantê-los sempre em movimento e, por isso, melhor que vivam em casa.
Alertar o futuro dono do animal é importante para que ele tenha consciência dos problemas que seu cãozinho pode vir a sofrer e assim prepará-lo tanto psicologicamente quanto financeiramente, pois as despesas podem ser grandes. “Muitas vezes, o cuidador não espera que o cão tenha algumas doenças, mas ele precisa ser alertado e estar preparado para isso, já que certas patologias podem ser tratadas a longo prazo”, acrescenta Brummel.
Conhecer as predisposições do filhote pode poupar o desconforto do animal. Julia conta que se soubesse que seus cães estavam vulneráveis às doenças, ela teria ficado mais atenta e tentaria diagnosticá-las precocemente. “Blaize ficou semanas fazendo xixi com sangue e achávamos que estava no cio. Acho que ela sofreu por mais tempo do que o necessário porque não soubemos diagnosticar. A mesma coisa aconteceu com Orfeu. Achávamos que ele só era chato para comer, trocamos de ração e demoramos para reagir. Se soubéssemos da alta probabilidade da doença, e que a magreza e falta de apetite eram sintomas, poderíamos procurar a veterinária mais rápido”, lamenta.
Para garantir a saúde e bem-estar do animal é importante levá-lo ao veterinário com frequência para que possa fazer os exames de rotina. Dessa forma, as patologias previsíveis podem ser tratadas desde cedo, evitando o sofrimento do bichinho e da família.
Cães com focinho achatado muitas vezes sofrem de problemas respiratórios, o que atrapalha na hora de correr ou até mesmo provoca estresse devido ao calor
Saiba mais...
Quando um cachorro chega a uma família, todos se preocupam em cuidar da alimentação, do sono e da hidratação do bichinho. Não é comum, porém, pesquisar sobre a raça ou entender melhor quais os cuidados deve se levar em conta para cuidar de cada uma delas. Todos os cachorros são diferentes uns dos outros, mas certas peculiaridades são frequentes em certas raças como, por exemplo, a predisposição a ter determinadas doenças.- Veja dicas do que é preciso saber antes de adotar um cão ou pet
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Não dá para ter certeza se o animal sofrerá com certas patologias só porque é uma característica comum à sua genética, mas é essencial ter consciência de que ele está mais vulnerável. Os veterinários afirmam que é indicado conhecer melhor o histórico das raças para que se possa compreender a saúde do cãozinho. Os cães albinos, por exemplo, são identificados pela pelagem branca e o focinho rosado, e, justamente, por terem essas características são mais propensos a desenvolver melanoma, o mais agressivo tipo de câncer de pele.
Um problema que pode acometer cães de pequeno porte, como o yorkshire, o maltês e o poodle, é a chamada dentição dupla. Quando eles começam a trocar os dentes, os de leite não caem e isso pode causar grande incômodo. Além disso, restos de comida têm mais chance de permanecerem na boca do animal, causando tártaro e mau hálito, que, além de ser desagradável para quem convive com o bichinho, pode fazer com que ele se sinta importunado e deixe de comer.
Pug, shih tzu e pequinês são algumas das raças braquicefálicas, ou seja, possuem o focinho mais achatado. Esses cães, por terem narinas pequenas, muitas vezes sofrem de problemas respiratórios, o que atrapalha na hora de correr ou até mesmo provoca estresse devido ao calor. Isso porque as vias respiratórias deles são muito estreitas e a capacidade de respirar e de resfriar o corpo, ao inspirar o ar frio, fica comprometida. Eles podem nascer com o distúrbio ou até mesmo desenvolvê-lo ao longo da vida.
Já os dálmatas, por exemplo, têm tendência a sofrer de cálculo na bexiga. Os cães, em geral, não costumam fabricar ácido úrico, mas os dálmatas produzem essa substância — sintetizada naturalmente pelo organismo e cujo excesso é eliminado pelos rins — em níveis elevados, o que resulta em pedras, muitas vezes removidas cirurgicamente.
Brummel Oliver é veterinário do Hospital Veterinário Oliver e trabalha em parceria com o UniCEUB. Ele explica que as predisposições das raças a terem certas doenças é resultado da seleção do homem na hora de cruzar diferentes tipos de cães. “Por exemplo, ao buscar um cachorro mais alongado como o dachshund, o famoso salsichinha, cruzaram diferentes cães até que chegaram a essa raça, que tem um problema na coluna”. Por essa razão, os salsichas tendem a sofrer de hérnia de disco, o que pode causar até mesmo uma paralisia irreversível.
Julia Carneiro é jornalista e conta que os seus dois cachorros sofrem de doenças próprias de cada raça. Ela descobriu recentemente que o doberman Orfeu está com um problema no fígado. “Ele sempre foi chatinho para comer e sempre foi muito magro, mas foi se alimentando cada vez menos até ficar só o osso”, conta Julia. Ele ainda está sendo diagnosticado, mas já toma cinco remédios e, ao que tudo indica, a predisposição genética do cãozinho tem mesmo afetado o fígado dele.
O mesmo acontece com a cadelinha Blaize, da raça schnauzer. Blaize frequentemente sofre com pedras nos rins e apresenta tendências a obesidade. Ela passou por cirurgias para retirar algumas pedras, precisa comer ração especial e praticar exercícios para que não engordar. Ela pertence a um grupo de animais com propensão a ter sobrepeso. Nesse caso, a dica é mantê-los sempre em movimento e, por isso, melhor que vivam em casa.
Alertar o futuro dono do animal é importante para que ele tenha consciência dos problemas que seu cãozinho pode vir a sofrer e assim prepará-lo tanto psicologicamente quanto financeiramente, pois as despesas podem ser grandes. “Muitas vezes, o cuidador não espera que o cão tenha algumas doenças, mas ele precisa ser alertado e estar preparado para isso, já que certas patologias podem ser tratadas a longo prazo”, acrescenta Brummel.
Conhecer as predisposições do filhote pode poupar o desconforto do animal. Julia conta que se soubesse que seus cães estavam vulneráveis às doenças, ela teria ficado mais atenta e tentaria diagnosticá-las precocemente. “Blaize ficou semanas fazendo xixi com sangue e achávamos que estava no cio. Acho que ela sofreu por mais tempo do que o necessário porque não soubemos diagnosticar. A mesma coisa aconteceu com Orfeu. Achávamos que ele só era chato para comer, trocamos de ração e demoramos para reagir. Se soubéssemos da alta probabilidade da doença, e que a magreza e falta de apetite eram sintomas, poderíamos procurar a veterinária mais rápido”, lamenta.
Para garantir a saúde e bem-estar do animal é importante levá-lo ao veterinário com frequência para que possa fazer os exames de rotina. Dessa forma, as patologias previsíveis podem ser tratadas desde cedo, evitando o sofrimento do bichinho e da família.