Que mãe você quer ser? Seminário que acontece em BH discute maternidade e infância
Seminário internacional vai reunir, em Belo Horizonte, especialistas que apresentarão as novidades sobre o universo infantil e alertarão sobre o que pode prejudicar o desenvolvimento da criança
Ellen Cristie
Publicação:30/05/2016 12:19Atualização: 30/05/2016 12:31
Segundo Ashley Merryman, que participa, em Belo Horizonte, da 2ª edição do Seminário Internacional de Mães, é melhor focar o interesse dos filhos no processo e não no resultado. “Os pais não devem inundar os filhos de prêmios ou elogios. O ideal é focar na experiência que eles estão vivenciando e no que podem aprender com isso, em vez de simplesmente pensar no sucesso da atividade”, explica.
A autora cita uma pesquisa desenvolvida por Carol Dweck, da Universidade de Stanford, que garante que o melhor feed-back para as crianças é mostrar interesse por elas e fazer perguntas do tipo “Como você acha que conseguiu fazer isso?”, em um tom tranquilo. “Se a criança sentir que o interesse é sincero, essa será uma oportunidade para que ela reflita sobre sua participação, se deu duro, se estava motivada, e, principalmente, sobre a importância de ser um ser humano consciente de suas ações.”
No livro, os escritores também apontam pesquisas em que os estudiosos descobriram que as crianças preferem que os pais adotem uma postura considerada autoritária, com regras e expectativas claras. “Eles usam as regras como um enquadramento, mas mantêm a capacidade de fazer descobertas por conta própria”, acrescenta Ashley.
Nos casos em que os pais pensam que clemência é um sinal de afeto, ela alerta: “Se os adultos nunca impõem regras, os filhos pensam que os pais simplesmente não se importam. Por outro lado, uma família extremamente rigorosa pode ser devastadora na vida de uma criança, que pode se tornar ansiosa e deprimida”.
LIMITES E ROTINA
A empresária Valéria Soares de Souza, de 38 anos, tem dois filhos – de 6 e 3 anos – e garante que “melhorou” muito na função de mãe depois que aprendeu a respeitar a vontade dos filhos, mas sempre com limites e rotinas. “Antes, levava a vida tranquilamente, sem impor nada, até que, quando o meu mais velho fez 3 anos, percebi que, como mãe, tinha que tomar as rédeas da situação. As birras eram constantes, ele estava batendo nos colegas na escola, até que fui conversar com a orientadora e ela me disse que eu precisava ser mais firme com ele.” Na educação do segundo filho, Valéria diz que as coisas estão bem mais fáceis. “Os pais aprendem com os erros”, constata.
Na visão de Ashley, o ideal é definir apenas umas poucas regras, desde que sejam aplicadas de forma consistente. “E explicar às crianças por que essas regras são importantes.” A escritora cita um exemplo cotidiano. “Vamos supor que uma determinada família tem regras para a hora de dormir. Se o filho adolescente argumenta que ele precisa sair à noite um dia, em uma ocasião especial, é bacana que os pais abram uma exceção. Uma concessão ocasional não faz dos adultos pais fracos; pelo contrário: os faz razoáveis e demonstra que são pais atentos e preocupados com a educação do filho.”
O poderoso discurso materno
Nesta 2ª edição, o Seminário Internacional de Mães vai abordar o tema “Que mãe você quer ser?”. Além de Ashley Merryman, outra palestrante estrangeira participará do encontro. Laura Gutman, autora de O poder do discuro materno – Introdução à metodologia de construção da biografia humana, lançado pela Editora Ágora, disseca o discurso materno e o fascínio que ele proporciona sobre os filhos desde a primeira infância.
Psicoterapeuta familiar, ela destaca a grande responsabilidade dos pais, não somente em dar amor aos filhos, mas de não projetar as próprias vontades sobre os pequenos. “Isso não se resolve permitindo que eles escolham seus brinquedos ou roupas, isso não é liberdade. Liberdade é ter o apoio e o olhar suficientemente limpo dos pais”, comenta, “e não sobrecarregá-los com mochilas pesadas de desejos alheios”.
Também participa do seminário a nutricionista Gabriela Kapim, apresentadora do programa Socorro, meu filho come mal, no GNT, que falará sobre sua experiência com a alimentação das crianças. Mãe de dois filhos, ela trabalha na área há 13 anos.
Já a psicóloga Lígia Guerra vai apresentar o tema “Reaprendendo a ser mulher depois da maternidade”, e a pediatra Filomena Camilo do Vale falará sobre os “Desafios da primeira infância”.
2º Seminário Internacional de Mães
4 de junho, sábado, das 8h às 18h30
Ouro Minas Palace Hotel (Av. Cristiano Machado, 4.001, Bairro Ipiranga)
Informações: http://www.seminariodemaes.com.br/
A nutricionista Gabriela Kapim falará sobre a experiência com a alimentação das crianças
Saiba mais...
Elogiar demais os filhos pode ter efeito devastador na educação das crianças. É o que dizem os escritores americanos Ashley Merryman e Po Bronson, autores do livro Os 10 erros mais comuns na educação dos filhos, lançado pela editora Lua de Papel. Os dois fizeram uma profunda pesquisa sobre o universo infantil e chegaram a conclusões que desbancam algumas atitudes dos adultos, capazes de prejudicar o desenvolvimento das crianças.- Agora é lei: presença de doulas está garantida em maternidades de BH
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Segundo Ashley Merryman, que participa, em Belo Horizonte, da 2ª edição do Seminário Internacional de Mães, é melhor focar o interesse dos filhos no processo e não no resultado. “Os pais não devem inundar os filhos de prêmios ou elogios. O ideal é focar na experiência que eles estão vivenciando e no que podem aprender com isso, em vez de simplesmente pensar no sucesso da atividade”, explica.
A autora cita uma pesquisa desenvolvida por Carol Dweck, da Universidade de Stanford, que garante que o melhor feed-back para as crianças é mostrar interesse por elas e fazer perguntas do tipo “Como você acha que conseguiu fazer isso?”, em um tom tranquilo. “Se a criança sentir que o interesse é sincero, essa será uma oportunidade para que ela reflita sobre sua participação, se deu duro, se estava motivada, e, principalmente, sobre a importância de ser um ser humano consciente de suas ações.”
Laura Gutman, psicoterapeuta familiar, destaca os cuidados que os pais devem ter para não projetar as próprias vontades sobre os pequenos
Nos casos em que os pais pensam que clemência é um sinal de afeto, ela alerta: “Se os adultos nunca impõem regras, os filhos pensam que os pais simplesmente não se importam. Por outro lado, uma família extremamente rigorosa pode ser devastadora na vida de uma criança, que pode se tornar ansiosa e deprimida”.
LIMITES E ROTINA
A empresária Valéria Soares de Souza, de 38 anos, tem dois filhos – de 6 e 3 anos – e garante que “melhorou” muito na função de mãe depois que aprendeu a respeitar a vontade dos filhos, mas sempre com limites e rotinas. “Antes, levava a vida tranquilamente, sem impor nada, até que, quando o meu mais velho fez 3 anos, percebi que, como mãe, tinha que tomar as rédeas da situação. As birras eram constantes, ele estava batendo nos colegas na escola, até que fui conversar com a orientadora e ela me disse que eu precisava ser mais firme com ele.” Na educação do segundo filho, Valéria diz que as coisas estão bem mais fáceis. “Os pais aprendem com os erros”, constata.
Na visão de Ashley, o ideal é definir apenas umas poucas regras, desde que sejam aplicadas de forma consistente. “E explicar às crianças por que essas regras são importantes.” A escritora cita um exemplo cotidiano. “Vamos supor que uma determinada família tem regras para a hora de dormir. Se o filho adolescente argumenta que ele precisa sair à noite um dia, em uma ocasião especial, é bacana que os pais abram uma exceção. Uma concessão ocasional não faz dos adultos pais fracos; pelo contrário: os faz razoáveis e demonstra que são pais atentos e preocupados com a educação do filho.”
Ashley Merryman, escritora americana e palestrante
O poderoso discurso materno
Nesta 2ª edição, o Seminário Internacional de Mães vai abordar o tema “Que mãe você quer ser?”. Além de Ashley Merryman, outra palestrante estrangeira participará do encontro. Laura Gutman, autora de O poder do discuro materno – Introdução à metodologia de construção da biografia humana, lançado pela Editora Ágora, disseca o discurso materno e o fascínio que ele proporciona sobre os filhos desde a primeira infância.
Psicoterapeuta familiar, ela destaca a grande responsabilidade dos pais, não somente em dar amor aos filhos, mas de não projetar as próprias vontades sobre os pequenos. “Isso não se resolve permitindo que eles escolham seus brinquedos ou roupas, isso não é liberdade. Liberdade é ter o apoio e o olhar suficientemente limpo dos pais”, comenta, “e não sobrecarregá-los com mochilas pesadas de desejos alheios”.
Também participa do seminário a nutricionista Gabriela Kapim, apresentadora do programa Socorro, meu filho come mal, no GNT, que falará sobre sua experiência com a alimentação das crianças. Mãe de dois filhos, ela trabalha na área há 13 anos.
Já a psicóloga Lígia Guerra vai apresentar o tema “Reaprendendo a ser mulher depois da maternidade”, e a pediatra Filomena Camilo do Vale falará sobre os “Desafios da primeira infância”.
2º Seminário Internacional de Mães
4 de junho, sábado, das 8h às 18h30
Ouro Minas Palace Hotel (Av. Cristiano Machado, 4.001, Bairro Ipiranga)
Informações: http://www.seminariodemaes.com.br/