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Liang Gong promete alívio de dores e é oferecido de graça em BH

Prática chinesa não tem contraindicação e pode ser opção de atividade física também para idosos e pessoas com doenças crônicas

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Valéria Mendes - Saúde Plena Publicação:14/05/2013 08:30Atualização:21/04/2014 11:11
O Lian Gong ultrapassa o tema da dor para alcançar resultados como a melhoria da qualidade do sono, da mobilidade, maior disposição para execução das tarefas diárias, redução do uso de medicamentos, maior socialização, aumento da flexibilidade, da força, do equilíbrio e das capacidades motoras, além do ganho de tônus muscular (Foto: Thiago Ventura/EM/DA Press)
O Lian Gong ultrapassa o tema da dor para alcançar resultados como a melhoria da qualidade do sono, da mobilidade, maior disposição para execução das tarefas diárias, redução do uso de medicamentos, maior socialização, aumento da flexibilidade, da força, do equilíbrio e das capacidades motoras, além do ganho de tônus muscular
Lian: treinar, exercitar. Gong: refinar, aperfeiçoar. Lian Gong. A prática corporal chinesa nasceu na década de 70 pelas mãos do médico ortopedista Zhuang Yuan Ming, que a criou para prevenir e tratar dores no corpo. Era nessa época que grande parte da população chinesa deixava o campo para ocupar postos de trabalhos nas fábricas. Os operários começaram a apresentar quadros de dor, eram tratados, melhoravam, mas após um tempo retornavam com as mesmas queixas. Diante do desafio, o especialista associou seus conhecimentos de Medicina Tradicional Chinesa, artes marciais, massagem e da própria cultura de seu país para desenvolver a sequência de exercícios adotada atualmente por aqui e também pelos Estados Unidos, Canadá, Indonésia e Japão.


Cento e sessenta e sete locais distribuídos pelas nove regionais de Belo Horizonte oferecem gratuitamente aulas de Lian Gong. Implementada na capital em 2007, a ginástica terapêutica vem comprovando sua eficácia. Dados de um questionário aplicado em 2010 em 10% dos praticantes informam que 22% dos entrevistados não relatavam dor antes de iniciar a atividade. O percentual subiu para 46% após a frequência nas aulas. O resultado mais significativo, entretanto, está no grupo que informou dor forte antes de ingressar no programa (36%). O número foi reduzido a 1%.

No Brasil, a prática chegou em 1987 pela chinesa radicada no país, a professora da Unicamp Maria Lúcia Lee. Zhuang esteve pessoalmente no país em várias ocasiões, inclusive em Belo Horizonte, precisamente no Parque Municipal, onde atualmente as aulas são oferecidas às quartas-feiras, às 8h, e aos sábados, às 9h. O mestre faleceu aos 95 anos em 20 de abril de 2013.

As aulas no Parque Municipal são oferecidas às quartas-feiras, às 8h, e aos sábados, às 9h (Foto: Thiago Ventura/EM/DA Press)
As aulas no Parque Municipal são oferecidas às quartas-feiras, às 8h, e aos sábados, às 9h
Apesar de objetivo tão específico, o Lian Gong ultrapassa o tema da dor para alcançar resultados como a melhoria da qualidade do sono, da mobilidade, maior disposição para execução das tarefas diárias, redução do uso de medicamentos, maior socialização, aumento da flexibilidade, da força, do equilíbrio e das capacidades motoras, além do ganho de tônus muscular. Para isso, é recomendável a frequência mínima de duas vezes por semana, embora a periodicidade idealizada seja a diária. Como o padrão é internacional – não importa o local, os exercícios são exatamente os mesmos – os adeptos contam com registros visuais para auxiliar na prática em casa, no caso de alunos mais experientes.

Um outro ponto favorável é que nenhuma estrutura e equipamento são necessários, basta um lugar plano e roupas confortáveis para que uma aula de Lian Gong possa ser concretizada. A única restrição é para grávidas até o quarto mês e que estejam na primeira gestação. “Os movimentos são lentos e não tem impacto, não existe risco de lesão”, explica Maristela Botelho, que é psicóloga, presidente do Instituto Mineiro de Tai Chi e Cultura Oriental, membro do conselho consultivo da Shangai Municipal Lian Gong Shi Ba Fa Asssociation (China) e professora de Lian Gong. “É lento, mas não é fraco”, salienta ela.

Por esses motivos, idosos e pessoas com doenças crônicas como os hipertensos e diabéticos também podem se movimentar tranquilamente e com segurança em algum parque, quadra, centro de saúde, igreja ou escola da capital mineira que ofereça a aula. Clique aqui e encontre o seu lugar. O tempo da atividade varia entre 30 e 60 minutos.

Praticando
O Lian Gong é composto por um conjunto de exercícios dividido em três etapas: parte anterior, posterior e I Qi Gong. Cada parte contém 18 movimentos harmoniosos que vão atuar em áreas específicas do corpo.

Na primeira, são seis exercícios para prevenir e tratar dores no pescoço e ombros, seis para costas e região lombar, seis para pernas e pés. A segunda tem como objetivo prevenir e tratar dores nas articulações e são seis exercícios para as extremidades, seis para os tendões e seis para as funções do órgãos internos. A última são exercícios para potencializar as funções do coração e do pulmão e prevenir problemas cardiovasculares.

Veja como é:

Módulo I

Clique na imagem e veja a série completa (Arte: Soraia Piva)
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Módulo II

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Módulo III




Terceira idade
Cristiano Maciel Moreira é educador físico e tem 34 anos. Ele faz parte de uma turma de Lian Gong que está sendo treinada por Maristela Botelho para integrar a equipe de instrutores da modalidade oferecida pelo serviço municipal de saúde de Belo Horizonte. Sua formatura está prevista para junho. “Eu conhecia, resolvi fazer uma aula e me identifiquei. Acredito nos benefícios e resultados do Lian Gong”, afirma. O profissional ressalta que o treinamento de equilíbrio é um ponto positivo que deve ser observado pela população idosa da cidade. Segundo ele, as quedas são um problema nessa fase da vida e podem ser prevenidas com a prática da ginástica terapêutica.

A médica e uma das coordenadoras do Lian Gong em BH, Luzia Toyoko Hanashiro reforça a atenção para o tema. Para ela, é adequado que os serviços públicos de saúde ofereçam atividades para esse público já que a população do país está envelhecendo.



A prática de atividade física é um prazer e a reflexão sobre a importância para a saúde chega naturalmente como uma consequência positiva. Desde os 15 anos, o exercício está inserido na minha rotina e já passei pela natação, musculação, spinning, swásthya yoga, hidroginástica e pilates. Há dois anos, no entanto, estou parada. Fiz exercícios até o dia do parto, mas após o nascimento do meu filho não retornei à academia para ter mais tempo disponível com ele. Ao final da atividade ouvi de uma das coordenadoras do programa em BH, a Luzia Toyoko Hanashiro: “você foi bem”.

Repórter do Saúde Plena faz a aula e relata a experiência (Foto: Thiago Ventura/EM/DA Press)
Repórter do Saúde Plena faz a aula e relata a experiência
O próprio nome – Lian Gong – incita referências orientais sobre a atividade que são confirmadas nos quesitos movimentos coreografados, suaves e de baixo impacto. Nada disso significa, porém, facilidade. Apesar de a ginástica não ter contraindicação nem para as pessoas com doenças crônicas, meu coração acelerou e senti as dificuldades de um sedentário. Além do cansaço, não tive facilidade nos alongamentos. Por outro lado, as aulas de yoga me ajudaram a manter o equilíbrio nos exercícios de permanência e a trabalhar a respiração simultaneamente aos movimentos.

Para aqueles que se defendem do sedentarismo com a afirmação de que simplesmente não gostam e não sentem os benefícios imediatos da atividade física, é comum ouvir uma receitinha: ‘depois do terceiro mês, tudo vai mudar’. Existe uma crença de que quem inicia um tipo de ginástica e ultrapassa os 90 dias não vai parar mais. O fato é que senti o prazer imediatamente após o fim da aula como a sensação de relaxamento, bem-estar, disposição e alívio da ansiedade e estresse.

Enquanto fazia a aula pensava em Zhuang Yuan Ming e no desafio de cuidar de um número infinito de pacientes que se encontravam na situação de trabalhadores assalariados, longe de suas origens e com manifestação de dores pelo corpo resultantes do trabalho repetitivo dentro de fábricas. Como não lembrar de Charles Chaplin em Tempos Modernos?

A cada movimento refletia sobre a necessidade que cada um deve reservar para cuidar de si para além dos compromissos familiares, amorosos, sociais e, principalmente, de trabalho, que consome tanto tempo e energia. Nesse cenário, o Lian Gong se encaixa como uma alternativa para que cada indivíduo possa protagonizar a própria promoção da saúde. É fácil de fazer, não tem contraindicação e à medida que o praticante se torna mais experiente, os exercícios podem ser realizados até em casa. Afora isso, foi pensado como resposta a um problema da era industrial, a ocupação remunerada que pode resultar em problemas de saúde seja pela repetição de movimentos, pelo estresse, pela carga horária ou horas-extras.

Assista ao vídeo e entenda a prática:

Lian Gong em 18 terapias: parte anterior



Lian Gong em 18 terapias: parte posterior

    • 14/05/2013
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