Quando pensamos em andar de bicicleta, logo vem à cabeça o vento no rosto, o esforço nas subidas, a sensação de liberdade e o suor escorrendo. Porém, pedalar nem sempre é assim. O aquaspin, hidrospinning ou simplesmente hidrobike é uma modalidade que usa uma bicicleta especial, fabricada com material antiferrugem, feita para funcionar na água. A atividade é realizada com uma dinâmica parecida com a do spinning indoor.

Segundo o professor de hidrobike João Luís Martins, a água acaba facilitando a atividade. “O principal fator é o tipo de cansaço. Atividades fora d’água levam ao cansaço central, no qual o coração dispara e há grande produção de suor. Já atividades aquáticas levam ao cansaço periférico, somente dos membros trabalhados”, destaca.

A aula, que dura cerca de 50 minutos, queima entre 400 e 600 calorias, trabalha posições muito semelhantes às do spinning, porém com a adição de exercícios para os membros superiores. Segundo João Luís, os braços podem ser exercitados de forma circular, na superfície ou dentro da água, ou ao batê-los com os punhos para baixo e levantar água.

A aposentada Maria Elisa Corrêa, praticante de hidrospinning há cerca de um ano, começou a frequentar as aulas depois de, por recomendação médica, ter sido proibida a parar quaisquer outras atividades de impacto. “Desde que me conheço por gente, faço alguma atividade física. Quando tive minhas crises de dores no joelho, graças a um problema no menisco, fui obrigada a parar tudo. Era quase uma tortura para mim”, diz ela. Segundo o instrutor, um dos maiores benefícios da atividade é justamente a falta de impacto para as articulações. “Graças a esse fator, podemos trabalhar com pessoas que tenham a parte física já bem deteriorada, permitindo que, além do trabalho de aquisição e manutenção de condição física, possamos fazer uma verdadeira recuperação da parte física do aluno”, diz João Luís.

Ainda segundo o professor, outro grande diferencial da modalidade é que ela traz benefícios para todas as idades e, principalmente, para todos os tipos de alunos: de atletas a sedentários. “Na verdade, penso que 90% dos meus alunos eram sedentários ao começar a praticar hidrobike. Isso acontece devido à ausência do ‘cansaço central’, o que torna o exercício muito mais agradável.” Além disso, João Luís destaca que a grande variedade de movimentos e as dinâmicas musicais tornam o exercício mais divertido.

Apesar de a atividade ter grande apelo entre aqueles que não estão no seu melhor vigor físico, o aquaspin também atrai atletas profissionais. Graças ao forte trabalho cardiorrespiratório, ao enrijecimento dos membros inferiores e ao alongamento que a modalidade oferece, muitos atletas de alta performance acabam aderindo ao exercício.

É o caso de Ilson Pereira, conhecido como Sorriso. O mestre de capoeira, que, em agosto, ficou em terceiro lugar nos Jogos Mundiais de Capoeira realizados no Rio de Janeiro, destaca a importância da modalidade na regeneração muscular de atletas profissionais. “Muitas vezes, os atletas profissionais sofrem de extremo cansaço nos músculos após fortes maratonas de treinos ou campeonatos, e o hidrobike é uma ótima solução para aqueles que desejam uma atividade para regeneração física.” Ainda segundo o Mestre Sorriso, o controle respiratório desenvolvido pelo hidrospinning é de grande ajuda para vários esportes, entre eles a capoeira: “Em qualquer esporte, o momento e a forma de respiração são de extrema importância. O aquaspin ajuda muito nessa parte, trabalha muito bem as diferentes dinâmicas e técnicas de respiração”.

Segundo Maria Elisa, o exercício foi como uma “poção mágica” para seu joelho. “Quando eu entrei, mal conseguia ficar em pé fora d’água, estava sofrendo muito”, diz. E complementa: “Para se curar de um problema, não adianta somente os remédios. Fortalecer os músculos da área afetada pode ser fundamental para sua recuperação. E é isso que o hidrobike faz. Fortalece toda a musculatura inferior, tanto recuperando quanto prevenindo problemas musculares e ósseos”.