Terapia consegue bloquear a dor crônica

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram alterar os mecanismos que causam o incômodo

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Correio Braziliense Publicação:24/11/2013 15:00Atualização:25/11/2013 09:36
A dor crônica provocada por inflamações pode estar com os dias contados. Pesquisadores da Faculdade Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), conseguiram alterar os mecanismos que causam o incômodo. A solução está na fractalcina, proteína ligada à ativação do problema. “Induzimos ratos de laboratório à sensação de dor por meio de um medicamento. Depois, analisamos as células in vitro e vimos como se dá o processo que desencadeia o incômodo”, conta o professor Thiago Mattar Cunha.

Segundo Cunha, existe um tipo celular, as células satélites, que participa do processo de indução e manutenção da dor. Elas envolvem os neurônios que carregam a dor e são ativadas pela fractalcina. Na pesquisa, após neutralizada a proteína, as células satélites deixaram de receber os impulsos que desencadeavam as dores provocadas pelo processo inflamatório. “Por meio dessa experiência, tivemos certeza de que essa proteína está associada aos impulsos dolorosos provocados pelas células satélites. Agora, nossa perspectiva é de que possamos barrar esses impulsos era evitar a dor”, destaca.

Com estudos adicionais, a esperança é de que seja possível controlar as dores inflamatórias (sxc.hu)
Com estudos adicionais, a esperança é de que seja possível controlar as dores inflamatórias
Os resultados foram divulgados na revista científica Proceedings of the National Academy of Science (Pnas). De acordo com Cunha, com estudos adicionais, a esperança é de que seja possível controlar as dores inflamatórias. “Num futuro próximo, podemos contar com medicamentos que amenizem de forma eficaz os sintomas de pessoas que sofrem com osteoartrite, gota, doenças reumáticas, além de traumas cirúrgicos e torções. Esse tipo de remédio seria a chave para a qualidade de vida, especialmente dos idosos, que mais sentem no corpo os efeitos inflamatórios”, aposta. A doença mais prevalente entre as doenças inflamatórias e que tem como principal sintoma a dor é a artrite reumatoide.

O médico Carlos Bernardo Tauil, porém, acredita que o bloqueio da ação da fractalcina não curará a dor de origem inflamatória. Segundo ele, é preciso saber onde é gerado o desconforto e porque ele acontece. “Estamos falando de uma forma paliativa, o que nos faz pensar que, ao parar de tomar o medicamento, por exemplo, a dor voltaria. Ou seja, não é uma terapia irreversível”, pontua.

Chefe do serviço de reumatologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Rodrigo Ayres também reforça a necessidade de entender a origem da doença antes da prescrição de um medicamento que alivie a dor. “É importante controlar a dor de forma segura para não causar mais riscos aos pacientes. Por isso, é necessário saber o processo inflamatório, a origem dele”, afirma o médico.

Articulações comprometidas
De causa ainda não descoberta pela ciência, a artrite reumatoide se caracteriza pela inflamação das articulações, principalmente as das mãos e as dos pés, provocando inchaço e dor. O sistema imunológico passa a atacar os tecidos inflamados. Com o agravamento do problema, cartilagem, ossos e até ligamentos passam a ficar comprometidos. A estimativa e de que 1% da população tenha essa doença autoimune.

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