Planejamento financeiro logo no primeiro ano de casamento auxilia os mais jovens

É comum os casais só começarem a se preocupar em organizar as finanças por volta dos 30, 35 anos

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Revista do CB - Correio Braziliense Publicação:24/07/2014 08:32Atualização:24/07/2014 08:59
Administrar uma casa exige muitas responsabilidades, especialmente financeiras. Casais jovens com orçamento curto penam para dar conta das despesas e ficam várias vezes “no vermelho”. É preciso ter dinheiro para estudar, pagar contas e reservar algo para o lazer. Rogério Nakata, planejador financeiro pessoal e familiar e especialista em economia comportamental, aconselha o planejamento logo no primeiro ano de casamento. Segundo ele, é comum os casais só começarem a se preocupar em organizar as finanças por volta dos 30, 35 anos. “Os mais novos querem fazer por si próprios até verem que precisam de ajuda”, reforça. O problema é que, geralmente, quando a preocupação com o planejamento financeiro aparece, já é tarde demais: nesse ponto, as dívidas já consomem boa parte do montante do casal.

Nakata explica que o planejamento financeiro começa a partir de uma reunião com o casal. A conversa é essencial para delinear a necessidade da família, os projetos de vida e as expectativas para o futuro. Depois, o profissional ajuda na criação e na organização do orçamento financeiro pessoal. “O objetivo é entender a situação de consumo do casal e eliminar as dívidas”, completa. A compra da casa própria, a troca do carro e a aposentadoria (fator especialmente ignorado pelos mais jovens) são alguns dos pontos que precisam ser pensados.

Diefran Ribeiro e Mariene Leão:  com o orçamento limitado, eles trocaram as baladas por algo mais caseiro (Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Diefran Ribeiro e Mariene Leão: com o orçamento limitado, eles trocaram as baladas por algo mais caseiro
Outro erro comum entre os mais moços, de acordo com o planejador financeiro, é a ânsia por comprar logo a casa própria. “É preciso ter dinheiro próprio antes de ter um imóvel próprio”, justifica. “Vale a pena fazer um esforço para poupar no começo, de repente, morar de aluguel, em vez de pagar por uma coisa que vai demorar 30, 40 anos para ser deles.” A pouca idade dos casais, novamente, é o fator que pode fazer com que o sonho da casa própria se transforme em uma enorme dor de cabeça. Como ainda não estão completamente estabelecidos financeiramente, nada garante que o emprego e o salário durem até o fim do financiamento. “O melhor é fazer a poupança para dar uma entrada razoável e diminuir o comprometimento da família.”

Segundo o advogado Beto Veiga, doutor em economia e autor de diversos livros sobre relacionamento, o melhor mesmo é morar de aluguel até conseguir o dinheiro para comprar uma casa. “Pouquíssimas pessoas têm dinheiro para comprar uma casa à vista e vão financiar um imóvel, o que gera muitos juros. O aluguel, em geral, é mais barato do que o financiamento e o casal pode economizar enquanto isso”, explica. Veiga acredita também que outro grande erro dos casais é decorar casa, uma vez que os custos são altos. “A decoração sai de moda e atrapalha o orçamento, principalmente para quem mora de aluguel”, afirma.

Mariene Leão, 20 anos, e Diefran Ribeiro, 22 anos, estão juntos há quase seis anos, sendo sei meses de casados. O planejamento financeiro ainda não está totalmente definido, mas os dois começam a se organizar. Antes do casamento, os dois estavam trabalhando. Hoje, somente Diefran está empregado. “Quando nos casamos, a Mariene já estava sem trabalhar, isso não mudou nossa decisão, mas não achamos que iria demorar tanto tempo assim sem emprego”, conta Ribeiro. Com o orçamento limitado, eles trocaram as baladas por algo mais caseiro. Preferem visitar os parentes e receber os amigos em casa.

O romance entre eles começou na escola e o namoro continuou durante a faculdade. A decisão de se casar veio com o tempo. “Na verdade, estávamos praticamente morando juntos. Depois resolvemos financiar uma casa e casar de uma vez”, conta Mariene Leão. Segundo eles, a famílias não foram contra, mas também não exultaram de alegria. “Meus pais sempre acharam que não era legal se casar tão cedo. Mas a nossa relação mudou bastante. Hoje em dia, conversamos mais e brigamos menos. Nossas brigas geralmente são em relação às coisas de casa”, admitem.

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