Entenda como funciona o método de emagrecimento usado pela presidente Dilma
O método Ravenna é baseado na multidisciplinaridade e propõe estabelecer em seus pacientes uma nova relação com o alimento
Gabriella Pacheco - Saúde Plena
Publicação:20/01/2015 10:00Atualização: 20/01/2015 10:15
O que o alimento é para você? Um meio ou um fim? Em muitas culturas e sociedades a comida tem um papel que transcende em muito a mera função de prover combustível para o corpo. Chocolate acalma, massa sacia, açúcar alivia o stress, restaurante é ponto de encontro, almoço de domingo é motivo para reunir a família. Em todas essas situações comer é pretexto e o alimento não é só algo fundamental para te manter em pé, ele tem uma função social. Contudo, é essa sua função real? Para o médico argentino Máximo Ravenna, não. Fundador de uma rede de clínicas presente em cinco países - incluindo três no Brasil, ele acredita que a chave para o emagrecimento é a reeducação alimentar. Para tanto, não basta só fazer dieta, têm-se que mudar de vida e transformar a maneira como a pessoa se relaciona com a comida.
A 'filosofia' traz bons resultados. Os pacientes do Ravenna apresentam perda média de 5% a 7% do peso por mês, no caso de mulheres, e de 7% a 10% para homens. O exemplo notório mais recente de como o método é efetivo para quem quer perder peso foi a presidente Dilma Rousseff. No dia 1º de janeiro, quando tomou posse de seu segundo mandato, Dilma desfilou no Planalto 6 Kg mais magra, taxa que perdeu em apenas 10 dias. E ela não é a única de Brasília que tem caído nas graças do método argentino. Ministros e deputados são apenas parte de uma longa lista de membros da clínica no Distrito Federal, a terceira e mais recente entre as brasileiras. São Paulo e Salvador são sede das outras duas filiais. No total, 14 mil brasileiros são adeptos.
"Acredito que o que acontece é uma mudança de postura e relação com o alimento completamente diferenciada. Nossos prazeres são muito vinculados à comida", conta Marco Antônio Lomato, de 50 anos. O diretor da Embratur e paciente da clínica de Brasília tem um histórico de obesidade. Do tipo sanfona, ele diz ter sido daqueles que emagrecia mas voltava a engordar, ciclicamente. Ao longo dos anos tentou várias dietas, mas nada que desse certo concretamente. Já nos seis primeiros meses no programa, ele perdeu 45 quilos, chegando à marca dos 90 kg. Um ano e meio depois, ele subiu para 94,5 kg mas está seguro que, em pouco tempo, consegue atingir a meta de 92. Seguir o programa é a aposta dele para isso.
Um novo cardápio para o dia-a-dia e algumas restrições alimentares fazem parte da rotina dos novatos, assim como grupos de terapia e uma série de atividades físicas. Carboidratos de baixo índice glicêmico são itens expressamente proibidos em boa fase do processo, exceto no final.
Ravenna é categórico sobre esse tipo de alimentos. Ele explica que alguns produtos industrializados nos fazem "prisioneiros de gostos que produzem alterações em nossos cérebros". Não é necessário ser médico ou cientista para saber sobre o que ele se refere. As famosas "comidas de conforto" (ou "confort food"), ricas em açúcar ou gordura, têm esse nome justamente por causa das sensações que nos proporcionam. Essa liberação excessiva de endorfina, serotonina e dopamina altera, segundo ele, a 'programação' do nosso cérebro. "Pouco a pouco a comida vai tomando decisões na sua vida e você perde não só seu corpo, como também sua liberdade", pondera. "Isso não é restrição, é uma seleção daquilo que é mais saudável para o nosso corpo", completa.
Na prática, os pacientes aprendem a identificar o apelo que a comida traz e a se dissociar dele. "Às vezes você come por estar estressado, triste ou come socialmente. Mas quando você se vê bem, que o esforço está funcionando, você vai se desconectando dessa fase oral e ficando mais você mesmo", conta Lomato.
Esse processo acontece na cabeça e no prato. Não é só retirar os carboidratos refinados. A alimentação diária é limitada entre 800 e 1.200 calorias. As refeições são fracionadas e pensadas para alimentar só o corpo, e não a compulsão por comida. Almoço e jantar começam com um caldo quente, seguido de uma salda e um prato principal com carne e acompanhamento. Tudo em medidas pequenas, para não ultrapassar o limite calórico.
"Desde o começo achei a dieta interessante, diferente de todas as que eu tinha feito antes", conta o bancário Manoel Matos, de 47 anos. Há um ano na clínica, ele hoje está na fase de manutenção do peso, talvez a mais difícil do processo. Em quatro meses ele perdeu 35 kg e agora luta para se manter na meta. "O cardápio tem alimentos funcionais e tem um certo conforto. Dá para passar bem, sem fome, apesar da quantia baixa de calorias. O mais difícil é agora, quando acaba as restrições de alimentos, para não voltar ao quadro que tinha anteriormente", relata.
Questionado se sente falta dos hábitos antigos, de comer qualquer coisa sem peso na consciência, Matos não titubeia. "Pelo contrário. Consigo fazer muita coisa hoje que não conseguia antes. Nem um lance de escadas eu subia. Então só vejo benefícios. Não tem nada proibido para mim, mas aprendi a fazer escolhas alimentares melhores e não sinto falta", confessa.
Dilma, um mês antes do período de campanha e na posse em janeiro: 6kg perdidos em apenas 10 dias
O que o alimento é para você? Um meio ou um fim? Em muitas culturas e sociedades a comida tem um papel que transcende em muito a mera função de prover combustível para o corpo. Chocolate acalma, massa sacia, açúcar alivia o stress, restaurante é ponto de encontro, almoço de domingo é motivo para reunir a família. Em todas essas situações comer é pretexto e o alimento não é só algo fundamental para te manter em pé, ele tem uma função social. Contudo, é essa sua função real? Para o médico argentino Máximo Ravenna, não. Fundador de uma rede de clínicas presente em cinco países - incluindo três no Brasil, ele acredita que a chave para o emagrecimento é a reeducação alimentar. Para tanto, não basta só fazer dieta, têm-se que mudar de vida e transformar a maneira como a pessoa se relaciona com a comida.
Marco Antônio Lomato perdeu 45 kg em seis meses no programa
"Acredito que o que acontece é uma mudança de postura e relação com o alimento completamente diferenciada. Nossos prazeres são muito vinculados à comida", conta Marco Antônio Lomato, de 50 anos. O diretor da Embratur e paciente da clínica de Brasília tem um histórico de obesidade. Do tipo sanfona, ele diz ter sido daqueles que emagrecia mas voltava a engordar, ciclicamente. Ao longo dos anos tentou várias dietas, mas nada que desse certo concretamente. Já nos seis primeiros meses no programa, ele perdeu 45 quilos, chegando à marca dos 90 kg. Um ano e meio depois, ele subiu para 94,5 kg mas está seguro que, em pouco tempo, consegue atingir a meta de 92. Seguir o programa é a aposta dele para isso.
Saiba mais...
O método Ravenna é fundamentado na multidisciplinaridade. A mensalidade salgada - alunos que residem nas cidades das filias e, portanto, fazem uso diário das clínicas, pagam cerca de R$ 1.900 por mês - inclui o acompanhamento com apoio de médico, psicólogo, nutricionista e educador físico. O processo é dividido em módulos. No primeiro se estabelece uma meta e quilos a serem perdidos e o paciente fica nele até atingir seu objetivo. Em seguida, passa-se para a fase de transição, que dura no mínimo dois meses. Após isso vem o mais difícil: a manutenção.- Planejamento é essencial para fazer a dieta dar certo; veja dicas
- Veja análise de algumas das principais dietas testadas por aí
- Coma sem culpa: É possível manter a dieta sem que isso signifique abrir mão de pratos saborosos
- Dieta do DNA é tendência entre celebridades, saiba se o método é real e pode funcionar para você
- Devo parar de seguir a dieta Dukan?
- Exames rastreiam os pontos fortes e fracos do organismo de quem deseja entrar em forma
- Quilos perdidos durante o emagrecimento são expelidos pela respiração
Um novo cardápio para o dia-a-dia e algumas restrições alimentares fazem parte da rotina dos novatos, assim como grupos de terapia e uma série de atividades físicas. Carboidratos de baixo índice glicêmico são itens expressamente proibidos em boa fase do processo, exceto no final.
Ravenna é categórico sobre esse tipo de alimentos. Ele explica que alguns produtos industrializados nos fazem "prisioneiros de gostos que produzem alterações em nossos cérebros". Não é necessário ser médico ou cientista para saber sobre o que ele se refere. As famosas "comidas de conforto" (ou "confort food"), ricas em açúcar ou gordura, têm esse nome justamente por causa das sensações que nos proporcionam. Essa liberação excessiva de endorfina, serotonina e dopamina altera, segundo ele, a 'programação' do nosso cérebro. "Pouco a pouco a comida vai tomando decisões na sua vida e você perde não só seu corpo, como também sua liberdade", pondera. "Isso não é restrição, é uma seleção daquilo que é mais saudável para o nosso corpo", completa.
Dr. Máximo Ravenna, fundador do método, acredita que não devemos ser prisioneiros da comida
Esse processo acontece na cabeça e no prato. Não é só retirar os carboidratos refinados. A alimentação diária é limitada entre 800 e 1.200 calorias. As refeições são fracionadas e pensadas para alimentar só o corpo, e não a compulsão por comida. Almoço e jantar começam com um caldo quente, seguido de uma salda e um prato principal com carne e acompanhamento. Tudo em medidas pequenas, para não ultrapassar o limite calórico.
"Desde o começo achei a dieta interessante, diferente de todas as que eu tinha feito antes", conta o bancário Manoel Matos, de 47 anos. Há um ano na clínica, ele hoje está na fase de manutenção do peso, talvez a mais difícil do processo. Em quatro meses ele perdeu 35 kg e agora luta para se manter na meta. "O cardápio tem alimentos funcionais e tem um certo conforto. Dá para passar bem, sem fome, apesar da quantia baixa de calorias. O mais difícil é agora, quando acaba as restrições de alimentos, para não voltar ao quadro que tinha anteriormente", relata.
Questionado se sente falta dos hábitos antigos, de comer qualquer coisa sem peso na consciência, Matos não titubeia. "Pelo contrário. Consigo fazer muita coisa hoje que não conseguia antes. Nem um lance de escadas eu subia. Então só vejo benefícios. Não tem nada proibido para mim, mas aprendi a fazer escolhas alimentares melhores e não sinto falta", confessa.