Documentário brasileiro quer chamar a atenção para o assédio sexual nas ruas
Projeto 'Chega de Fiu Fiu' bate recorde de arrecadação em site de financiamento coletivo, evidencia interesse social pelo tema, mas ainda precisa de doações
Publicação:19/11/2014 15:06Atualização: 20/11/2014 07:33
"Era Copa do Mundo e eu estava sentada com duas amigas no Rei do Pastel da Contorno. Na mesa ao lado, devia ter uns dez argentinos, que ficaram famosos por arrumar confusão aqui em BH, né? Um deles começou a mexer muito com a gente, ficar chamando a gente pra mesa deles... Como ele falava em espanhol não dava para entender muita coisa, mas pela expressão e o tom de voz, eram umas coisas "vem sentar aqui com o papai'' pra pior. Literalmente do meu lado, assistindo tudo, havia três policiais, sendo dois homens e uma mulher. Como vi a mulher lá, não me senti mal/ridícula/ envergonhada/ameaçada/(insira aqui a palavra, pois não consegui nem encontrar) em falar com eles sobre o assédio que eles estavam ASSISTINDO. Mas eles apenas riram de mim, falaram que era brincadeira e que não poderiam fazer nada. Além disso, minhas duas amigas que estavam lá acharam que eu estava exagerando e "CRIANDO CONFUSÃO À TOA". Como se sentir segura num país assim?".
O depoimento anônimo de uma garota de 18 anos registrado em Belo Horizonte é um dos mais de 1.200 que constam no mapa virtual Chega de Fiu Fiu, uma iniciativa do coletivo Think Olga que, no ano passado, divulgou os resultados de uma pesquisa que entrevistou quase 8 mil mulheres e revelou que 99% já sofreu algum tipo de assédio sexual e 83% delas não gostam de levar cantadas (saiba mais aqui). O que o mapa têm mostrado até agora é que, no Brasil, 46% dos assédios são verbais e 67% acontecem durante o dia.
Agora, Juliana de Faria, fundadora do Think Olga, se junta a outras três mulheres, Amanda Kamanchek, Camila Biau e Fernanda Frazão, para realizar um documentário que vai mostrar a faces do assédio sexual no país. A ideia é que, durante o trajeto diário de casa até o trabalho, algumas mulheres utilizem óculos com uma microcâmera escondida e filmem o que consideram o local e o momento mais crítico do assédio em suas rotinas. Minas Gerais está incluída nas gravações, apesar de a cidade ainda não ter sido escolhida. Segundo, Juliana de Faria, as páginas Think Olga e Chega de Fiu Fiu farão um chamado para escolher as voluntárias.
Assista ao vídeo de divulgação da campanha:
Na página do projeto no Catarse, o grupo define como assédio sexual “a manifestação de cunho sensual ou sexual alheia à vontade da pessoa a quem se dirige. Quando realizada no ambiente de trabalho por uma pessoa de nível hierárquico superior, é crime. Em outros locais, a lei não possui dispositivos específicos de repressão. Isso não significa, porém, que o assédio sexual cometido nas ruas não acarrete danos físicos, psicológicos ou morais às vítimas”.
Leia também:
Quando o assédio sexual vira caso de polícia: mulheres coitadinhas ou mulheres sem voz?
Ideia é que voluntárias filmem o trajeto de casa ao trabalho com microcâmera escondida em óculos. Minas Gerais está incluída nas gravações
O depoimento anônimo de uma garota de 18 anos registrado em Belo Horizonte é um dos mais de 1.200 que constam no mapa virtual Chega de Fiu Fiu, uma iniciativa do coletivo Think Olga que, no ano passado, divulgou os resultados de uma pesquisa que entrevistou quase 8 mil mulheres e revelou que 99% já sofreu algum tipo de assédio sexual e 83% delas não gostam de levar cantadas (saiba mais aqui). O que o mapa têm mostrado até agora é que, no Brasil, 46% dos assédios são verbais e 67% acontecem durante o dia.
Agora, Juliana de Faria, fundadora do Think Olga, se junta a outras três mulheres, Amanda Kamanchek, Camila Biau e Fernanda Frazão, para realizar um documentário que vai mostrar a faces do assédio sexual no país. A ideia é que, durante o trajeto diário de casa até o trabalho, algumas mulheres utilizem óculos com uma microcâmera escondida e filmem o que consideram o local e o momento mais crítico do assédio em suas rotinas. Minas Gerais está incluída nas gravações, apesar de a cidade ainda não ter sido escolhida. Segundo, Juliana de Faria, as páginas Think Olga e Chega de Fiu Fiu farão um chamado para escolher as voluntárias.
Saiba mais...
Para que o filme seja realizado, o quarteto inscreveu o projeto no Catarse, uma ferramenta de financiamento coletivo, para conseguir R$ 80 mil. Em menos de um dia, a primeira meta, que era de R$ 20 mil, foi arrecadada e motivo de comemoração na página Think Olga: “Nosso financiamento coletivo para o documentário Chega de Fiu Fiu foi o 4º projeto que mais arrecadou nas primeiras 24 horas de existência em toda a história do Catarse (e o 1º no ranking da categoria Cinema & Vídeo). (...) Um projeto FEMINISTA, que luta contra a violência contra a mulher. Um projeto que oferece pouquíssimas recompensas materiais para os doadores. Um projeto que está sendo apoiado pela urgência que o assunto - assédio sexual - merece ser debatido e solucionado”.- Sucesso na internet, filme indiano revela as faces do assédio contra as mulheres
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Assista ao vídeo de divulgação da campanha:
Na página do projeto no Catarse, o grupo define como assédio sexual “a manifestação de cunho sensual ou sexual alheia à vontade da pessoa a quem se dirige. Quando realizada no ambiente de trabalho por uma pessoa de nível hierárquico superior, é crime. Em outros locais, a lei não possui dispositivos específicos de repressão. Isso não significa, porém, que o assédio sexual cometido nas ruas não acarrete danos físicos, psicológicos ou morais às vítimas”.
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Iustração: Gabriela Shigihara