Pesquisa revela que 77% das mulheres no Brasil já foram vítimas de assédio sexual
A ONG ÉNois Inteligência Jovem em parceria com Instituto Vladimir Herzog e o Instituto Patrícia Galvão entrevistou 2.285 mulheres de 370 cidades brasileiras
Gabriela Vinhal - Correio Braziliense
Publicação:02/06/2015 10:24Atualização: 02/06/2015 11:07
Uma pesquisa feita com 2.285 mulheres entre 14 e 24 anos, com renda familiar de até R$ 6 mil, moradoras de 370 cidades brasileiras, revela que 94% delas já foram assediadas verbalmente e, 77%, sexualmente. Entre os crimes cometidos, 72% ocorreram com desconhecidos. São as famosas "encoxadas" no transporte público, a "passada de mão" durante um passeio ou o beijo forçado na balada. O estudo foi feito pela ONG ÉNois Inteligência Jovem, em parceria com Instituto Vladimir Herzog e o Instituto Patrícia Galvão.
O objetivo da pesquisa, segundo a ONG, é tentar entender como é ser menina no Brasil, sob a visão do machismo e da violência, que ocorrem de forma corriqueira, desde a divisão das tarefas domésticas à relação que menino e menina estabelecem na sociedade.
A pesquisa mostra também que conceitos de certo e errado ainda são diferentes para garotos e garotas, principalmente quando se trata de um contexto afetivo e sexual. “São dois pesos, duas medidas. Se é um cara que faz algo, 'faz parte de sua natureza'; se é a mulher, é 'culpada'”, opina Gabriela Vallim, de 20 anos, de São Paulo. Assista ao vídeo:
Como solução, as participantes revelam que a educação deveria ser reformulada. “Além das disciplinas escolares, os alunos poderiam discutir sobre essas convenções. Se estudam matemática, português, história e geografia, por que não igualdade de gênero?”, questiona Dhéssica Souza, de 14 anos, do Pará.
Já para outras, as mulheres deveriam se unir e problematizar o machismo. “Se eu não questiono, reproduzo normalmente. São tantos papeis que temos de fazer para obedecer ao padrão imposto pela sociedade que acabamos nos oprimindo”, Jéssyca Liris, de 20 anos, do Rio de Janeiro.
De acordo com dados da pesquisa, 82% das mulheres já sofreram algum tipo de preconceito por serem do sexo feminino - 23% em casa, 39% na escola ou na faculdade e 14% no trabalho. A paulista Vanessa Oliveira, de 21 anos, conta que já tentou se candidatar a uma vaga de emprego para edição de vídeos, no entanto, foi vetada - apenas - por ser mulher. “Ele me disse que a vaga era somente para homens”, conta.
Pesquisa revelou também que 90% das mulheres já deixaram de fazer algo por medo da violência
Saiba mais...
A palavra “rua” foi a mais citada entre as entrevistadas, que afirmam se sentirem oprimidas e inseguras no espaço público, com medo de saírem sozinhas a noite ou de usar determinadas roupas que possam gerar qualquer tipo de agressão. De acordo com a pesquisa, 90% já deixaram de fazer algo por medo da violência, “especificamente por serem mulheres”.- Assédio na rua: 'mimimi' de rede social ou violência contra a mulher?
- Assédio sexual na visão dos homens: a culpa é da roupa?
- Sucesso na internet, filme indiano revela as faces do assédio contra as mulheres
- Documentário brasileiro quer chamar a atenção para o assédio sexual nas ruas
- Mineira que faz careta para evitar assédio coloca feminismo em discussão nas redes sociais
- Uma em cada três pessoas no Brasil acha que vítima é culpada por estupro
- Pesquisa mostra que 86% das mulheres brasileiras sofreram assédio em público
- Rivalidade feminina é mito: você sabe o que é sororidade?
- Homem reclama de assédio nas redes sociais e mulheres rebatem com ironias
- 'Meu Professor Abusador': em uma semana, página reúne mais de 750 relatos de agressão moral e assédio sexual
- #MeuNúmeroÉ180: campanha quer carnaval sem violência contra as mulheres
- Filmes hollywoodianos sucesso de bilheteria têm apenas 30,2% de personagens mulheres
- 'Usar um vestido não é crime'; manifestantes apoiam jovens acusadas de atentado ao pudor no Marrocos
- Agressões físicas a mulheres são mais cometidas por pessoas conhecidas
O objetivo da pesquisa, segundo a ONG, é tentar entender como é ser menina no Brasil, sob a visão do machismo e da violência, que ocorrem de forma corriqueira, desde a divisão das tarefas domésticas à relação que menino e menina estabelecem na sociedade.
A pesquisa mostra também que conceitos de certo e errado ainda são diferentes para garotos e garotas, principalmente quando se trata de um contexto afetivo e sexual. “São dois pesos, duas medidas. Se é um cara que faz algo, 'faz parte de sua natureza'; se é a mulher, é 'culpada'”, opina Gabriela Vallim, de 20 anos, de São Paulo. Assista ao vídeo:
Como solução, as participantes revelam que a educação deveria ser reformulada. “Além das disciplinas escolares, os alunos poderiam discutir sobre essas convenções. Se estudam matemática, português, história e geografia, por que não igualdade de gênero?”, questiona Dhéssica Souza, de 14 anos, do Pará.
Já para outras, as mulheres deveriam se unir e problematizar o machismo. “Se eu não questiono, reproduzo normalmente. São tantos papeis que temos de fazer para obedecer ao padrão imposto pela sociedade que acabamos nos oprimindo”, Jéssyca Liris, de 20 anos, do Rio de Janeiro.
De acordo com dados da pesquisa, 82% das mulheres já sofreram algum tipo de preconceito por serem do sexo feminino - 23% em casa, 39% na escola ou na faculdade e 14% no trabalho. A paulista Vanessa Oliveira, de 21 anos, conta que já tentou se candidatar a uma vaga de emprego para edição de vídeos, no entanto, foi vetada - apenas - por ser mulher. “Ele me disse que a vaga era somente para homens”, conta.