'Usar um vestido não é crime'; manifestantes apoiam jovens acusadas de atentado ao pudor no Marrocos

Jovens de 19 e 23 anos que usaram roupas consideradas muito apertadas podem pegar até dois anos de prisão

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AFP - Agence France-Presse Publicação:29/06/2015 10:38Atualização:29/06/2015 11:39
Centenas de pessoas protestaram neste domingo (28/06) em Casablanca e Rabat com o slogan "Usar um vestido não é crime" em apoio a duas jovens acusadas de "atentado ao pudor" depois de serem detidas por usar roupas consideradas muito apertadas.

500 pessoas manifestaram seu apoio às jovens  em Casablanca (AFP PHOTO/ FADEL SENNA )
500 pessoas manifestaram seu apoio às jovens em Casablanca


As duas jovens, de 19 e 23 anos, foram interpeladas em meados de junho em Inezgane, perto de Agadir (sul), e serão julgadas em 6 de julho, segundo a Federação da Liga de Direitos da Mulher (FLDM) e a Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH, independente).

Vítimas de perseguição quando caminhavam em um mercado popular, inicialmente foram socorridas pelas forças de ordem, mas depois acabaram na delegacia, onde foram acusadas de atentado ao pudor, segundo as mesmas fontes.

As jovens se expõem a penas de um mês a dois anos de prisão, segundo o artigo 483 do código penal.

O caso comoveu profundamente uma parte da opinião pública marroquina. Após uma primeira manifestação no sábado em Agadir, 500 pessoas manifestaram seu apoio às jovens no domingo em Casablanca. "A segurança no espaço público é um direito", "Basta de violência contra a mulher", "Não ao governo retrógrado de Benkirane" - o primeiro-ministro islamita - afirmavam alguns dos slogans dos manifestantes.

Algumas autoridades políticas participaram das manifestações, assim como membros de associações feministas e ONGs.

Outras 300 pessoas protestaram ao mesmo tempo ante o Parlamento de Rabat, convocadas pela AMDH.

Na internet, uma petição em apoio as duas mulheres, lançada há uma semana, recolheu cerca de 18.000 assinaturas.

Esta é uma das tantas polêmicas sobre os bons costumes que são registradas no Marrocos, um país de 34 milhões de habitantes próximo à Europa, mas marcado pelo conservadorismo de grande parte da população.

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