Vítimas de enxaqueca têm duas vezes mais chances de sofrer paralisia facial
Pacientes que sofrem com as seguidas crises agudas de dor de cabeça também apresentam maior risco de transtornos de ansiedade, depressão e até isquemia cerebral
Bruna Sensêve - Correio Braziliense
Publicação:24/12/2014 15:00Atualização: 22/12/2014 11:04
A equipe liderada por Shuu-Jiun Wang, da Universidade Nacional de Yang-Ming e do Hospital Geral de Veteranos de Taipei, em Taiwan, acompanhou 136.704 pessoas com mais de 18 anos, divididas em dois grupos — com e sem enxaqueca — e acompanhadas por três anos em média. Nesse período, o diagnóstico de paralisia de Bell foi confirmado em 671 participantes enxaquecosos e em 365 do grupo controle.
Outros fatores que poderiam aumentar o risco de desenvolvimento do problema, como sexo, pressão alta e diabetes, foram considerados. Os números finais mostram que as pessoas com enxaqueca tinham uma propensão duas vezes maior para o desenvolvimento da paralisia. “A infecção, a inflamação ou os problemas cardíacos e vasculares compartilhados poderiam estar em causas originais para essas doenças”, explica Wang. “Se um elo comum é identificado e confirmado, mais pesquisa podem levar a melhores tratamentos para ambas as condições.” A maioria das pessoas que têm a paralisia se recupera após algumas semanas ou meses.
Para o secretário do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia, Fernando Kowacs, a associação confirmada pelo trabalho de Wang não significa que a paralisa pode ocorrer durante as crises. “A informação não é de causa, mas de que é uma população com maior chances de paralisia. Ainda é difícil saber como seriam os mecanismos disso”, observa. Kowacs explica que, na enxaqueca, o trigêmeo é comprometido, um nervo sensitivo que está presente em uma das etapas finais do processo da dor. Para o especialista, o estudo de Taiwan precisa ser confirmado por outras instituições.
Outras complicações
Segundo Ann Scher, membro da Academia Americana de Neurologia, a enxaqueca tem sido associada, em outros estudos, com o acidente vascular cerebral e doenças cardíacas. Um trabalho conduzido por ela com pacientes de 33 a 65 anos indica que eles são mais propensos a desenvolver Parkinson e outros distúrbios do movimento.
Estudo publicado por Scher também na Neurology, em setembro, mostra que vítimas de enxaqueca com aura são duas vezes mais propensas a serem diagnosticadas com Parkinson. “A disfunção no mensageiro de dopamina cerebral é comum tanto ao Parkinson quanto à síndrome das pernas inquietas, e existe a hipótese de que alguns sintomas da enxaqueca, como excessivos bocejos, náuseas e vômitos, podem estar relacionados à estimulação dos receptores da dopamina.”
Saiba mais...
A enxaqueca é uma doença neurovascular crônica e incapacitante. Trata-se do distúrbio mais comum do sistema nervoso com base biológica e que acomete normalmente pessoas geneticamente predispostas. As causas, apesar dessa possível tendência hereditária, continuam indefinidas. No entanto, muitos são os problemas associados a ela. Pacientes que sofrem com as seguidas crises agudas de dor de cabeça apresentam maior risco de transtornos de ansiedade, depressão e até isquemia cerebral. Nova pesquisa publicada na versão on-line da revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, traz mais um fator a essa equação. A enxaqueca pode dobrar o risco de ocorrência da paralisia de Bell, também chamada de paralisia periférica facial (veja infográfico).- Consumo excessivo de chiclete pode provocar enxaqueca
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A equipe liderada por Shuu-Jiun Wang, da Universidade Nacional de Yang-Ming e do Hospital Geral de Veteranos de Taipei, em Taiwan, acompanhou 136.704 pessoas com mais de 18 anos, divididas em dois grupos — com e sem enxaqueca — e acompanhadas por três anos em média. Nesse período, o diagnóstico de paralisia de Bell foi confirmado em 671 participantes enxaquecosos e em 365 do grupo controle.
Outros fatores que poderiam aumentar o risco de desenvolvimento do problema, como sexo, pressão alta e diabetes, foram considerados. Os números finais mostram que as pessoas com enxaqueca tinham uma propensão duas vezes maior para o desenvolvimento da paralisia. “A infecção, a inflamação ou os problemas cardíacos e vasculares compartilhados poderiam estar em causas originais para essas doenças”, explica Wang. “Se um elo comum é identificado e confirmado, mais pesquisa podem levar a melhores tratamentos para ambas as condições.” A maioria das pessoas que têm a paralisia se recupera após algumas semanas ou meses.
Para o secretário do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia, Fernando Kowacs, a associação confirmada pelo trabalho de Wang não significa que a paralisa pode ocorrer durante as crises. “A informação não é de causa, mas de que é uma população com maior chances de paralisia. Ainda é difícil saber como seriam os mecanismos disso”, observa. Kowacs explica que, na enxaqueca, o trigêmeo é comprometido, um nervo sensitivo que está presente em uma das etapas finais do processo da dor. Para o especialista, o estudo de Taiwan precisa ser confirmado por outras instituições.
Outras complicações
Segundo Ann Scher, membro da Academia Americana de Neurologia, a enxaqueca tem sido associada, em outros estudos, com o acidente vascular cerebral e doenças cardíacas. Um trabalho conduzido por ela com pacientes de 33 a 65 anos indica que eles são mais propensos a desenvolver Parkinson e outros distúrbios do movimento.
Estudo publicado por Scher também na Neurology, em setembro, mostra que vítimas de enxaqueca com aura são duas vezes mais propensas a serem diagnosticadas com Parkinson. “A disfunção no mensageiro de dopamina cerebral é comum tanto ao Parkinson quanto à síndrome das pernas inquietas, e existe a hipótese de que alguns sintomas da enxaqueca, como excessivos bocejos, náuseas e vômitos, podem estar relacionados à estimulação dos receptores da dopamina.”