Homens transmitem HIV de propósito em festas gays: ''Sem camisinha meu prazer triplica''
Adeptos da prática 'bareback' furam preservativos e promovem festas onde a meta é infectar e ser infectado com o vírus da Aids
Espalhados em sites e blogs pela internet e presentes em saunas e casas de sexo, grupos de homens soropositivos de diversas partes do Brasil têm usado táticas para infectar parceiros sexuais propositalmente. Adeptos da modalidade bareback, na qual gays fazem sexo sem camisinha, eles têm compartilhado dicas de como transmitir o HIV sem que o parceiro perceba. A prática é considerada crime e tem causado preocupação na área da saúde e também no meio LGBT.
Na web e nas baladas, os barebackers formam o "clube do carimbo". Em blogs, compartilham diferentes técnicas para fazer sexo sem proteção ou furar a camisinha. Fotos e vídeos ilustram o "passo a passo".
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"Não fez ainda? Faça! Pois é bem provável que já tenham feito com você", afirmou. Em entrevista ao Estado, o jovem nega que já tenha transmitido doença sexualmente transmissível (DST) propositalmente e alega que publicou as dicas porque seus seguidores gostam do assunto. "Não vou ser hipócrita e dizer que não curto (sexo sem camisinha). Curto, sim, assim como a maioria curte. Nunca faço sexo com camisinha e postei as dicas porque a galera gosta e sente fetiche."
Orgias
Da internet, onde os encontros são marcados, o clube do carimbo parte para a ação em festas sigilosas. Apartamentos em bairros de classe média alta, saunas e boates de sexo gay são usados para a disseminação do vírus. As orgias são chamadas de "conversion parties" ou "roleta-russa". No meio dos convidados, há os "bug chasers" (caçadores de vírus), o soronegativo que prefere sexo sem camisinha, e os "gift givers" (presenteadores do vírus), que são os soropositivos dispostos a contaminar propositalmente ou com consentimento.
R.H., de 36 anos, é empresário e soropositivo há cinco anos. Semanalmente, frequenta clubes de sexo e saunas. "É um prazer incontrolável. Sem a camisinha o meu prazer triplica. Eu odeio camisinha", diz. Ele afirma que não é adepto da transmissão proposital. Só faz sexo sem camisinha quando "é consensual", mas já viu colegas de bareback infectando sem consentimento. "É só você ir a qualquer suruba que vê casos de camisinha furada, pessoas estourando sem o outro saber. Considero um esporte do sexo. Eu não pratico, mas sei de muita gente que gosta."
Marcello Sampaio, de 45 anos, é dono de uma casa de sexo há sete meses no Largo do Arouche, centro de São Paulo. Por dia, são mais de cem homens. Logo na entrada, camisinhas estão disponíveis. Apesar dos avisos sobre os riscos, as transgressões acontecem. "Sempre alerto os meus clientes, mas eu não tenho controle e vejo muita gente transando sem camisinha", afirma. "A minha parte eu faço. Seria muito duro colocar a cabeça no travesseiro sabendo que eu fui o responsável por infectar 20, 30 pessoas por noite."
A preocupação de Sampaio é comprovada pelo Ministério da Saúde. O aumento da infecção é maior entre gays. Para Áurea Abbade, advogada e presidente do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids, a geração mais jovem desconhece o perigo da doença. "A gente tenta conscientizar e como resposta recebe risadas. Sinto medo de uma nova epidemia".