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Seu pet precisa de cirurgia? Atenção para o que deve ser observado

Observar com cuidado o local da operação é crucial para que tudo dê certo

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Revista do CB - Correio Braziliense Publicação:28/03/2015 10:00Atualização:22/03/2015 13:32
Késsia e Leandro pesquisam muito antes de levar seus bichinhos, Bill e Virgínia, ao veterinário  (Zuleika de Souza/CB/D.A Press )
Késsia e Leandro pesquisam muito antes de levar seus bichinhos, Bill e Virgínia, ao veterinário
Submeter o animal de estimação a uma cirurgia é sempre um estresse, tanto para os tutores quanto para os bichos. Mesmo procedimentos cirúrgicos simples, como a remoção de tártaro dentário, envolvem riscos. Além de possíveis complicações inerentes aos procedimentos, os donos devem estar preparados para dar toda a assistência necessária ao animal no pós-operatório. Para evitar dores de cabeça e consequências negativas para seu pet, os profissionais alertam: é importante pesquisar sobre o veterinário e sobre o local em que a cirurgia será feita.

José Carlos Maranhão, médico veterinário do Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau, explica que a primeira providência é verificar (de preferência, pessoalmente) as condições de assepsia. Limpeza, o uso de materiais descartáveis e a existência de aparelhos específicos para a esterilização dos materiais cirúrgicos que serão usados são alguns pontos importantes a observar.

Aprovado o ambiente cirúrgico, o próximo passo é tirar todas as dúvidas. Vale perguntar o que vier à cabeça: quanto tempo demorará a cirurgia, como ela será feita, quais devem ser os cuidados com o bichinho após o procedimento, enfim, tudo que deixe o dono tranquilo. “É importantíssimo saber quais serão as condições de tratamento no pós-operatório”, frisa Maranhão. “Os donos devem perguntar se o local fornecerá curativos, medicamentos, antibióticos, anti-inflamatórios ou o que mais for preciso para que a cirurgia corra bem. É obrigação do local dar assistência antes, durante e depois do procedimento.”

Outro aspecto primordial antes de escolher o local em que seu animal será operado, de acordo com o veterinário, é saber que tipo de anestesia será adotado no procedimento. “Recomendo fortemente que seja a inalatória. Com a intravenosa, o animal corre mais riscos, como ter problemas respiratórios ou cardiológicos”, justifica.

A médica veterinária Cláudia Godoi de Oliveira, proprietária do Hospital Veterinário São Francisco, ressalta ainda a importância de levar em consideração o protocolo adotado pelo veterinário antes de confiar o bichinho a ele. “O ideal é que o animal passe por uma consulta pré-operatória, em que o veterinário irá fazer o exame de sangue para verificar o risco cirúrgico do paciente”, detalha. Nesse primeiro hemograma completo, os médicos avaliarão as condições gerais de saúde do pet: se ele está com anemia, infecção, como estão as plaquetas (células responsáveis pela coagulação do sangue) etc.

Exames para verificar a saúde dos rins e do fígado também são altamente recomendados, uma vez que a anestesia será metabolizada nesses órgãos. Os exames são simples e, geralmente, ficam prontos no mesmo dia. “Se o animal tem 4 anos ou mais, pedimos também um eletrocardiograma”, completa a veterinária. Caso o bicho já tenha problemas cardíacos, também é feito um ecocardiograma. Lembrando: esse é o protocolo geral para cirurgias consideradas simples. Se o caso do animal for mais sério (como uma cirurgia para a retirada de tumores, por exemplo), o ideal é que o profissional avalie em que pé está o câncer. Nesses casos, é pedida uma radiografia de tórax e/ou abdominal para que o profissional avalie se há metástase.

As medidas são essenciais para que o pet se recupere totalmente. Somente a partir dos resultados apresentados os veterinários (e os donos) podem sentir-se realmente tranquilos para realizar a operação. Escolhido o local e autorizada a cirurgia, vem a parte dos donos: Cláudia Godoi relembra que, por menor que seja a intervenção, há um protocolo que deve ser seguido para que a operação seja bem-sucedida. “Deixar o animal em jejum é extremamente importante, porque o animal não vai levantar o braço para avisar que quer vomitar”, completa a médica. “Se ele vomitar anestesiado, pode sufocar com o próprio vômito. O animal pode também aspirar o líquido, que irá para o pulmão, podendo ocasionar edema pulmonar.”

Antes de levar o bicho à mesa de operações, a veterinária recomenda ainda que o animal vá de banho tomado e tosado, para minimizar os riscos de infecção. Providenciar a roupinha cirúrgica ou o colar elizabetano antes da operação também ajuda, já que o animal precisará deles assim que o procedimento acabar. O proprietário deverá, ainda, ter condições de trocar os curativos e dar os medicamentos necessários para completar a recuperação da mascote. “Se não for possível fazer isso, talvez seja melhor optar por um hospital veterinário, em que o animal geralmente fica internado por 48 horas após a cirurgia.”

O casal Leandro Scapellato Cruz e Késsia Fernandes (32 e 26 anos, respectivamente), fez bem o dever de casa antes de escolher o local mais apropriado para Bill ser castrado. Bill é um pug e, como todos os cães dessa raça, tem focinho curto. A característica faz com que o animal não tenha resistência para aguentar a anestesia intravenosa — informação que o funcionário público já havia pesquisado previamente. Ao levar o animal no pet shop para orçar a operação, Leandro e a fotógrafa estranharam não haver a opção de o procedimento ser feito com anestesia inalatória. “O veterinário disse que ‘achava’ que Bill aguentaria sem essa anestesia”, relembra Késsia.

Insatisfeito e inseguro com relação ao primeiro profissional consultado, Leandro escolheu outra clínica, mais equipada. “Vários veterinários recomendaram a anestesia inalatória, que é a mais segura para os animais.” O hábito de buscar informações foi, para Leandro, a atitude que garantiu que tudo corresse bem. “Perder um animal que é parte da família por uma bobeira, por falta de informação, não é uma possibilidade”, completa Késsia.

Virgínia, a vira-lata do casal, quase passou por um perrengue no veterinário. Por já ter sido adotada com certa idade, a cadela tinha severos problemas dentários. Késsia e Leandro procuraram, então, um veterinário para fazer a limpeza de tártaro da pet. A recomendação era que o animal deveria ser levado em jejum, pela manhã, e que o procedimento teria acabado à tarde. Às 13h, horário marcado para os tutores buscarem Virgínia, nada tinha sido feito ainda: os profissionais nem mesmo sabiam o que a cadela estava fazendo ali. “Nos deram uma desculpa técnica a respeito da castração que ela faria”, relembra Leandro. “Avisei que o procedimento não era esse, mas acabou que fizeram a limpeza de qualquer jeito. E se eu tivesse demorado a buscá-la?”, questiona.

Das experiências, ficou a lição: hoje, Leandro e Késsia não abrem mão de pesquisar cada detalhe sobre o local, o veterinário e sobre seus próprios animais. “É importante saber, por exemplo, se o bicho tem alguma alergia”, completa Késsia. “Descobrimos que o Bill tem alergia a alguns medicamentos e temos tudo anotado, para emergências.” Para Leandro, além das pesquisas, a visita ao local também ajuda a dar tranquilidade. “O ideal é nunca optar apenas pela economia. Sempre terá quem faça mais barato, mas a que preço?”

Fique de olho

  • Mesmo com todos os cuidados, às vezes a cirurgia pode não dar certo. Nesses casos, o corpo do animal fala:
  • Observe a temperatura corporal do bichinho. Hipotermia (corpo gelado) pode ser um sinal de hemorragia interna.
  • Mucosas hipocloradas (mais brancas que o normal) também podem ser um indício de hemorragia, pois podem indicar que o animal está perdendo sangue.
  • Outro sintoma de hemorragia interna pode ser o aumento do abdômen após o procedimento.
  • Temperatura corporal muito alta e secreção excessiva dos pontos podem significar infecção.
  • Caso após a cirurgia não seja feito um controle de soro para eliminar o anestésico do corpo do animal, é possível que o bichinho desenvolva insuficiência renal e crises de hipertensão (mais comum em animais que passaram por anestesia intravenosa).

Fontes: José Carlos Maranhão, médico veterinário do Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau; Cláudia Godoi de Oliveira, médica veterinária do Hospital Veterinário São Francisco

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