Saiba como escolher a bicicleta mais adequada para cada tipo de atividade
Decisão de tornar-se um ciclista, ainda que amador, é capaz de transformar e melhorar vários aspectos do cotidiano
Revista do CB - Correio Braziliense
Publicação:30/04/2015 09:00Atualização: 30/04/2015 09:49
“De início, é melhor preferir algo básico, para ir tomando gosto e, depois, investir em equipamentos melhores”, indica o biólogo Alexandre Oliveira, 40 anos. Há mais de 20, ele utiliza o metrô e a bike para ir de Ceilândia, no Distrito Federal, até o Setor Hospitalar Sul, onde trabalha. O modelo que ele guia hoje foi comprado em 2003, mas já não tem nada do modelo original. Aos poucos, ele foi trocando itens simples por outros mais confortáveis e resistentes. Instalou uma suspensão para amortecer impactos e mudou peças como rodas, guidão e até o quadro (“o corpo”) de ferro por um de alumínio, mais leve.
Assim como Alexandre, o analista de sistemas Miguel Salomão, 34, recomenda gastar na medida da necessidade do uso pretendido. “No começo, é melhor ter um modelo mais barato, experimentar e decidir se quer pedalar mesmo.” Miguel costuma utilizar a bicicleta para fazer o caminho de casa até o trabalho — cerca de 20 quilômetros. Ele conta que faz o percurso há três meses. Para os iniciantes, dá uma dica importante: devagar e sempre. “O corpo se acostuma rapidamente. As pessoas não sabem a capacidade que elas têm. É mais uma questão de vontade”, incentiva.
Outra recomendação é procurar grupos de ciclistas da região onde mora para ter mais segurança e pegar conselhos com ciclistas experientes. “Tem que interagir, ter companhia. Assim, a pessoa consegue apoio, principalmente em uma situação de acidente”, indica Camilo de Souza, proprietário de uma loja do setor. Ele e o vendedor Rogério Gomes conversaram com a Revista e deram alguns conselhos sobre como escolher a primeira bicicleta.
Qual é o objetivo?
Essa é a pergunta mais importante. Há modelos para diferentes tipos de terrenos e performances, desde passeios eventuais até o uso em competições. São três tipos básicos:
a) Passeio
São voltadas para o conforto em trechos na cidade. Têm o selim mais largo, pneus com poucos cravos (pequenas saliências para superar obstáculos, como terrenos acidentados), guidão elevado e horizontal para proporcionar uma postura mais ereta. São ideais para se divertir e passear e costumam ser chamadas de urbanas. Os modelos dobráveis são ótimos para ir ao trabalho e fazer integração com o transporte público, pois ocupam pouco espaço e são mais fáceis de carregar. Outra opção são as bikes femininas, mais bem adaptadas à postura e ao corpo da mulher. As principais diferenças são o quadro mais baixo, para facilitar o movimento de subir e descer da bicicleta, e o selim largo.
b) Mountain bike (de montanha)
Adequadas para uso em trilhas, têm pneus mais largos, com cravos, e selim mais fino. “Pode ser usada no dia a dia na cidade e nas trilhas. É uma bike de muitas utilidades”, considera Camilo de Souza, proprietário de uma loja de bicicletas.
São conhecidas pela sigla MTB. Para aguentar terrenos acidentados, costumam ter um bom sistema de suspensão,
que pode ser dianteiro ou full suspension (na roda e no quadro).
c) Estrada
De alta performance, feitas para atingir velocidade. Têm pneus lisos e finos, adequados para andar no asfalto e outras superfícies regulares. São fabricadas com materiais leves, têm rodas de aro maior e guidão curvo. Perdem no quesito conforto, exigindo uma postura mais inclinada. Os modelos feitos para competições são chamados de speed.
» Há também as bicicletas híbridas, que misturam características das bicicletas de montanha e das de estrada. São versáteis, feitas para diferentes terrenos, da terra ao asfalto.
Quanto custa?
Nas bicicletarias, o modelo mais simples sai por R$ 1.000 e aquele, com itens melhores, cerca de R$ 3 mil. As mais caras, projetadas para competições, podem custar o mesmo que um carro popular. É possível encontrar bicicletas em torno de R$ 500 em supermercados e lojas esportivas, mas com qualidade inferior. “Os materiais não são reforçados. Em um ano, você gasta em manutenção o preço de uma nova”, alerta o vendedor Rogério Gomes. Ele acrescenta que as bicicletas mais baratas costumam ser fabricadas em ferro e, portanto, são mais pesadas, com cerca de 18kg. As de alumínio têm entre 12kg e 15kg e as de fibra de carbono, até 10kg.
Para economizar, uma opção é investir em uma bicicleta usada. Mas é preciso avaliar o desgaste das peças, de preferência com a ajuda de um mecânico ou vendedor. Caso contrário, a economia pode sair cara com custos de manutenção e troca de itens. O mesmo vale para a bike pouco usada. Para voltar à ativa, precisa passar por uma revisão para lubrificar as partes ressecadas, mudar as peças enferrujadas, entre outras medidas. Dependendo dos danos, é melhor comprar uma nova. Camilo indica revisões regulares, a cada seis meses, ou a cada três, se a bicicleta for usada diariamente.
Acessórios
O capacete é o acessório mais importante. Sinalizadores noturnos também são indispensáveis para a segurança no trânsito. Luvas, óculos e roupas apropriadas ajudam no conforto. Muitas características podem ser levadas em consideração. A quantidade de marchas é uma delas. Quanto maior o número, mais o ciclista tem capacidade de adaptar a bicicleta ao terreno e facilitar subidas e descidas. O tipo de freio também é importante. Os mais comuns são o v-break e o a disco.
O segundo tipo é considerado mais eficiente e é um pouco mais caro. Para as crianças, é importante não deixar a escolha se basear apenas no design e não comprar um tamanho maior para a bicicleta durar mais tempo. “Muitos pais querem queimar etapas, mas é melhor escolher de acordo com a altura da criança, para ela ter menos dificuldade”, aconselha Rogério Gomes.
Saiba mais...
Um meio de transporte para ir ao trabalho; um exercício para entrar em forma; uma maneira de passear e se divertir; uma forma de desafogar o trânsito, preservar a natureza e conhecer novos caminhos e pessoas. A decisão de tornar-se um ciclista, ainda que amador, é capaz de transformar e melhorar vários aspectos do cotidiano. Mas, antes de começar a pedalar, o passo mais importante é a escolha da bicicleta mais adequada.“De início, é melhor preferir algo básico, para ir tomando gosto e, depois, investir em equipamentos melhores”, indica o biólogo Alexandre Oliveira, 40 anos. Há mais de 20, ele utiliza o metrô e a bike para ir de Ceilândia, no Distrito Federal, até o Setor Hospitalar Sul, onde trabalha. O modelo que ele guia hoje foi comprado em 2003, mas já não tem nada do modelo original. Aos poucos, ele foi trocando itens simples por outros mais confortáveis e resistentes. Instalou uma suspensão para amortecer impactos e mudou peças como rodas, guidão e até o quadro (“o corpo”) de ferro por um de alumínio, mais leve.
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A estudante Daniela Duque, 19 anos, preferiu comprar uma bicicleta usada. Ela conseguiu uma pechincha: um modelo de qualidade por apenas R$ 200. “É como se estivesse nova, tem apenas seis meses de uso”, descreve. Uma colega que fazia intercâmbio no Brasil queria fazer logo a venda, pois voltaria ao país de origem, a Colômbia. Foi a maneira de conseguir a bicicleta que queria por um preço acessível. “Eu sempre quis uma bike de montanha, com rodas resistentes para ir para qualquer lugar. Mas acho uma nova muito cara”, opina.Assim como Alexandre, o analista de sistemas Miguel Salomão, 34, recomenda gastar na medida da necessidade do uso pretendido. “No começo, é melhor ter um modelo mais barato, experimentar e decidir se quer pedalar mesmo.” Miguel costuma utilizar a bicicleta para fazer o caminho de casa até o trabalho — cerca de 20 quilômetros. Ele conta que faz o percurso há três meses. Para os iniciantes, dá uma dica importante: devagar e sempre. “O corpo se acostuma rapidamente. As pessoas não sabem a capacidade que elas têm. É mais uma questão de vontade”, incentiva.
Outra recomendação é procurar grupos de ciclistas da região onde mora para ter mais segurança e pegar conselhos com ciclistas experientes. “Tem que interagir, ter companhia. Assim, a pessoa consegue apoio, principalmente em uma situação de acidente”, indica Camilo de Souza, proprietário de uma loja do setor. Ele e o vendedor Rogério Gomes conversaram com a Revista e deram alguns conselhos sobre como escolher a primeira bicicleta.
Qual é o objetivo?
Essa é a pergunta mais importante. Há modelos para diferentes tipos de terrenos e performances, desde passeios eventuais até o uso em competições. São três tipos básicos:
a) Passeio
São voltadas para o conforto em trechos na cidade. Têm o selim mais largo, pneus com poucos cravos (pequenas saliências para superar obstáculos, como terrenos acidentados), guidão elevado e horizontal para proporcionar uma postura mais ereta. São ideais para se divertir e passear e costumam ser chamadas de urbanas. Os modelos dobráveis são ótimos para ir ao trabalho e fazer integração com o transporte público, pois ocupam pouco espaço e são mais fáceis de carregar. Outra opção são as bikes femininas, mais bem adaptadas à postura e ao corpo da mulher. As principais diferenças são o quadro mais baixo, para facilitar o movimento de subir e descer da bicicleta, e o selim largo.
b) Mountain bike (de montanha)
Adequadas para uso em trilhas, têm pneus mais largos, com cravos, e selim mais fino. “Pode ser usada no dia a dia na cidade e nas trilhas. É uma bike de muitas utilidades”, considera Camilo de Souza, proprietário de uma loja de bicicletas.
São conhecidas pela sigla MTB. Para aguentar terrenos acidentados, costumam ter um bom sistema de suspensão,
que pode ser dianteiro ou full suspension (na roda e no quadro).
c) Estrada
De alta performance, feitas para atingir velocidade. Têm pneus lisos e finos, adequados para andar no asfalto e outras superfícies regulares. São fabricadas com materiais leves, têm rodas de aro maior e guidão curvo. Perdem no quesito conforto, exigindo uma postura mais inclinada. Os modelos feitos para competições são chamados de speed.
» Há também as bicicletas híbridas, que misturam características das bicicletas de montanha e das de estrada. São versáteis, feitas para diferentes terrenos, da terra ao asfalto.
Quanto custa?
Nas bicicletarias, o modelo mais simples sai por R$ 1.000 e aquele, com itens melhores, cerca de R$ 3 mil. As mais caras, projetadas para competições, podem custar o mesmo que um carro popular. É possível encontrar bicicletas em torno de R$ 500 em supermercados e lojas esportivas, mas com qualidade inferior. “Os materiais não são reforçados. Em um ano, você gasta em manutenção o preço de uma nova”, alerta o vendedor Rogério Gomes. Ele acrescenta que as bicicletas mais baratas costumam ser fabricadas em ferro e, portanto, são mais pesadas, com cerca de 18kg. As de alumínio têm entre 12kg e 15kg e as de fibra de carbono, até 10kg.
Para economizar, uma opção é investir em uma bicicleta usada. Mas é preciso avaliar o desgaste das peças, de preferência com a ajuda de um mecânico ou vendedor. Caso contrário, a economia pode sair cara com custos de manutenção e troca de itens. O mesmo vale para a bike pouco usada. Para voltar à ativa, precisa passar por uma revisão para lubrificar as partes ressecadas, mudar as peças enferrujadas, entre outras medidas. Dependendo dos danos, é melhor comprar uma nova. Camilo indica revisões regulares, a cada seis meses, ou a cada três, se a bicicleta for usada diariamente.
Acessórios
O capacete é o acessório mais importante. Sinalizadores noturnos também são indispensáveis para a segurança no trânsito. Luvas, óculos e roupas apropriadas ajudam no conforto. Muitas características podem ser levadas em consideração. A quantidade de marchas é uma delas. Quanto maior o número, mais o ciclista tem capacidade de adaptar a bicicleta ao terreno e facilitar subidas e descidas. O tipo de freio também é importante. Os mais comuns são o v-break e o a disco.
O segundo tipo é considerado mais eficiente e é um pouco mais caro. Para as crianças, é importante não deixar a escolha se basear apenas no design e não comprar um tamanho maior para a bicicleta durar mais tempo. “Muitos pais querem queimar etapas, mas é melhor escolher de acordo com a altura da criança, para ela ter menos dificuldade”, aconselha Rogério Gomes.