Dona Flor e seus 300 filhos: parteira é tema de documentário que retrata o processo natural do nascimento
Aos 18 anos, Florentina Pereira dos Santos - que vive no interior de Goiás - fez seus primeiro parto
Revista do CB - Correio Braziliense
Publicação:06/05/2015 09:00Atualização: 05/05/2015 15:50
Ela não deu à luz todos eles, mas os ajudou a nascer. Curiosa, desde pequena, Florentina Pereira dos Santos “queria descobrir por que uma mulher ganhava neném lá escondida dentro do quarto e ninguém podia ver”. E descobriu. Aos 18 anos, fez o primeiro parto. Ajudou a própria mãe. Depois, chegaram muitos outros, mais de 300. A sabedoria dela vem, principalmente, da intuição, dos conhecimentos passados por gerações e das plantas do cerrado, que conhece tão bem. A parteira e raizeira teve 18 filhos gerados no próprio ventre e ainda auxiliou na criação de outros 28. Não há melhor pessoa para definir a palavra mãe do que Dona Flor, hoje com 78 anos. Tanto que a vida dela será tema de um documentário.
A ideia inicial do filme partiu de uma mulher também com nome de flor: começou com a produtora cultural Floripes dos Santos. Ela conheceu a raizera enquanto procurava informações sobre ervas, pois gosta de plantar essas espécies. Floripes acredita que Dona Flor representa uma forma diferente de entender a vida. “A gente vive em um mundo muito racional. Ela representa o instintivo, o que é mais próximo da natureza, não só vegetal, mas da natureza humana”, opina. Na pesquisa para a produção do documentário, ela percebeu que as parteiras costumam ter histórias parecidas: são líderes comunitárias, dialogam com os prefeitos, adotam muitos filhos. “Elas têm esse papel de matriarca, de conselheira.”
A equipe do documentário começou a fazer visitas a Dona Flor em 2011. Como ela começou a apresentar alguns sinais de fragilidade, os produtores decidiram realizar logo algumas gravações, em 2013. A parteira tem um problema no coração e teria que usar um marcapasso, mas prefere não utilizar o aparelho. “Quem marca meus passos é Deus”, justifica Dona Flor, em conversa com Érika Bauer, a diretora do filme. Apesar da afirmação, ela reconhece os saberes “convencionais”. Se consulta com os médicos, encaminha pacientes e utiliza a medicina tradicional de forma complementar às formulas feitas artesanalmente. “Os médicos sabem muito mais, porque eu só tenho experiência e sabedoria; não tenho curso superior, então faço meus tratamentos com eles também”, afirmou a raizera, em depoimento à pesquisadora Regina Saraiva.
No entanto, Dona Flor discorda dos médicos quando considera necessário. Na tese de doutorado de Regina, a parteira conta que eles erram na previsão de nascimento dos bebês. “Medem a barriga, mas não sabem em que lua a mulher engravidou.” No mesmo estudo, ela descreve a colheita das ervas, em que tenta buscar nas áreas menos tocadas pelo homem. “Quando vou colher, passo o dia inteiro fora, porque é longe. Eu não tenho coragem de tirar uma casca de ipê daqui para tirar remédio. Sabe por que? Tem poluição.” A raizeira também destaca que a “erva plantada não tem o mesmo vigor das nascidas nas matas”.
Dona Flor tem uma formação técnica. Ela fez um curso de agente de saúde, em que aprendeu medidas de higiene nos partos e cuidados com a alimentação de parturientes. A preparação foi importante para aumentar a confiança dela, que lamenta o fato não ter podido estudar e aprender a ler e escrever. O pai dela abandonou a família e, desde a infância, Flor precisou cuidar dos irmãos. Apesar de não entender as palavras no papel, o conhecimento da parteira é bastante reconhecido e, durante o curso, os papéis de aluno e professor chegaram a se inverter em alguns momentos. “Eles achavam que eu tinha prestígio para alguma coisa. Por eu sentir que não sabia nada, tinha horas que eu ficava até sem graça do jeito que eles me tratavam”, afirmou, em depoimento, à pesquisadora Iara Attuch, que fez um mestrado sobre o trabalho dela. Iara alugou um chalé na região e acompanhou a rotina da parteira durante um mês.
Para Iara, uma das qualidades mais importâncias de Dona Flor é a capacidade de interagir com os visitantes do Moinho. “Muitas pessoas de lá devem ter conhecimento das plantas, mas são muito reservadas. Dona Flor tem uma abertura maior, ela é uma referência e uma pessoa-chave, se sente mãe de toda a comunidade”, opina. O contato com a parteira influenciou a visão de maternidade que Iara tinha. “Ela deu à luz vários filhos sozinha. Conhecer essa força fez diferença na minha trajetória. Ela me fez ver a mulher não somente como um exemplo de beleza, mas de força”, conta. Hoje, Iara é mãe de um menino de 4 anos, nascido de parto natural.
A ideia de maternidade da diretora do documentário, Érika Bauer, também ganhou no contato com Dona Flor. “Mais do que o parto, me chamou atenção ela ser mãe no dia a dia, ter sempre a casa aberta, generosidade, vontade de ajudar.” Ela considera um “sonho de consumo” ter uma casa aberta e aponta os limites dos relacionamentos atuais. “Aqui em Brasília, você só vê a pessoa que tem cachorro, porque ninguém desce na quadra.” A diretora acredita que a ecperiência de Dona Flor traz a memória dos tempos em que as avós sentavam com netos, filhos e sobrinhos, próximos à fogueira para a contação de histórias. “Essa é uma nostalgia de todas as mães da cidade, de dedicar tempo para os filhos. A pressa, o dinheiro, tudo nos deixa um pouco desapercebidos dos detalhes do cotidiano.” Érika tem duas filhas, de 17 e 23 anos, ambas nascidas de parto natural.
Érika também destaca que outra proposta do filme, que se chamará Flor do moinho, é conclamar as mulheres para verem o nascimento de uma outra forma. “Não precisa relacionar parto com a medicina, a dor, o sofrimento, a perda da estética. Mas a algo que está dentro da mulher mesmo, um forma de se voltar para o próprio corpo e a própria natureza.” Na monografia, Tamara Campos, Dona Flor comenta o primeiro parto que fez, da própria mãe. “Ela [a mãe] mentia para mim que o bebê nascia pela barriga, que cortava com faca a barriga. Eu fiquei esperando essa mulher [a parteira] cortar a barriga dela para o menino nascer e nada.” Apreensiva com o estado da mãe, Dona Flor tomou a dianteira da situação e fez o parto. É uma pena que a “mentira” seja verdade para tantas mulheres. No Brasil, a cesariana é realizada em 80% dos partos da rede privada e em 40% dos da rede pública, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. A taxa recomendada é de até 15%.
Admiração e gratidão
Ao saber do projeto do documentário, Isabel Nabuco, 43 anos, logo se colocou à disposição para ajudar e participar dos depoimentos. Ela conheceu Dona Flor quando morou em Alto Paraíso (GO), a 220km de Brasília. experiência que durou 10 anos, e a escolheu para ser parteira de suas três filhas, hoje com 19, 16 e 13 anos. Elas nasceram naturalmente, dentro de casa, com acompanhamento de Dona Flor e do marido. “Certas pessoas me dizem que sou corajosa de ter tido três filhas dessa maneira. E eu respondo que não, que sou medrosa. Tenho medo é de hospital e confio plenamente na Dona Flor.” Para Isabel, a primeira hora do ser humano é muito importante, algo que pode afetar o emocional por toda a vida. “É a primeira impressão do mundo”, destaca.
Ela conta que a raizeira chegava vestida de branco, “com toda a sua sabedoria e intuição e nunca cobrou nada”, apesar da vida em condições humildes. “Ela dizia que essa era sua missão e agradecia por ter ajudado nos partos”, relata Isabel. Os instrumentos da parteira eram eficazes e simples. Fazia orações, colhia ervas medicinais, aplicava lavagens, fazia massagens, usava azeite, flores, de acordo com a situação. Isabel destaca a precisão dos conhecimentos da parteira, como saber a posição do bebê sem a necessidade do uso de equipamentos ou de chegar perto da barriga e pelas propriedades das ervas escolhidas. Isabel conta que, quando foi pesquisar, viu quão acertadas eram as escolhas da parteira. Ela cita como exemplo o uso do leite de gergelim quando as contrações estão fracas. “O gergelim é uma rica fonte de cálcio, que atua nas contrações musculares”, aponta Isabel, que ressalta a importância dos conhecimentos de Dona Flor. “Ela é o resgate da cultura dos raizeiros do cerrado, que é muito rico. Ela tem essa sabedoria, do uso das plantas medicinais em prol da saúde.” O sentimento que Isabel guarda é de imensa gratidão.
A experiência traumática da mãe de Isabel foi uma das motivações para ela escolher o parto em casa. Isabel nasceu de cesariana e a mãe teve complicações devido a um erro médico. Precisou ficar um mês internada. “Isso me deixou um pouco receosa com o parto hospitalar.” Outro estímulo foi a profissão. Isabel é professora de antiginástica, uma técnica de consciência corporal e de alívio das tensões. O interesse pelos movimentos do corpo a fez ter maior curiosidade sobre o momento de dar à luz. “Eu queria saber como era o trabalho de parto natural, queria saber que dor é essa. E percebi que ela acontece mais pelo medo, pela expectativa da hora de expulsão. Eu entendi como era fisicamente e tudo isso veio reforçar os meus estudos”, afirma. O pré-natal tranquilo permitiu que ela tivesse as filhas em casa. “É um resgate desse vínculo da mãe com o bebê, de tomar posse do próprio corpo. A gravidez não é doença e não deve ser tratada como doença.”
Para contribuir
O documentário sobre a Dona Flor está arrecadando doações por meio do Catarse, uma plataforma de financiamento coletivo. O projeto já atingiu a meta mínina, mas continua aberto para doações até 26 de maio. Para contribuir, acesse o site www.catarse.me/pt/flordomoinho. O dinheiro será gasto com engenharia de imagem e som na complementação das gravações, e com a etapa de edição e finalização, incluindo computação gráfica e trilha sonora.
"A natureza ensina" - Florentina Pereira dos Santos
A ideia inicial do filme partiu de uma mulher também com nome de flor: começou com a produtora cultural Floripes dos Santos. Ela conheceu a raizera enquanto procurava informações sobre ervas, pois gosta de plantar essas espécies. Floripes acredita que Dona Flor representa uma forma diferente de entender a vida. “A gente vive em um mundo muito racional. Ela representa o instintivo, o que é mais próximo da natureza, não só vegetal, mas da natureza humana”, opina. Na pesquisa para a produção do documentário, ela percebeu que as parteiras costumam ter histórias parecidas: são líderes comunitárias, dialogam com os prefeitos, adotam muitos filhos. “Elas têm esse papel de matriarca, de conselheira.”
Saiba mais...
O lar de Dona Flor é o povoado do Moinho, que fica a cerca de 200km de Brasília, no município de Alto Paraíso (GO). A parteira compara o local ao formato de um útero. O terreno é rebaixado, semelhante a um vale, onde passam quatro rios, como sangue que nutre o órgão feminino. O relevo acidentado protegeu a região do agronegócio, um refúgio para a flora e fauna do cerrado. “É um povoado lindo”, afirma a produtora. A proteção do meio ambiente e das tradições se relacionam. Dona Flor se preocupa com o desinteresse dos mais jovens, ansiosos pela vida nas cidades. Atualmente, ela não atua mais como parteira, mas dá várias oficinas para transmitir os conhecimentos, que atraem público de diferentes áreas. Exemplos são as doulas urbanas, profissionais que dão apoio físico e emocional antes, durante e depois do parto.- O parto de Kate Middleton e as reflexões sobre dar à luz no Brasil
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A equipe do documentário começou a fazer visitas a Dona Flor em 2011. Como ela começou a apresentar alguns sinais de fragilidade, os produtores decidiram realizar logo algumas gravações, em 2013. A parteira tem um problema no coração e teria que usar um marcapasso, mas prefere não utilizar o aparelho. “Quem marca meus passos é Deus”, justifica Dona Flor, em conversa com Érika Bauer, a diretora do filme. Apesar da afirmação, ela reconhece os saberes “convencionais”. Se consulta com os médicos, encaminha pacientes e utiliza a medicina tradicional de forma complementar às formulas feitas artesanalmente. “Os médicos sabem muito mais, porque eu só tenho experiência e sabedoria; não tenho curso superior, então faço meus tratamentos com eles também”, afirmou a raizera, em depoimento à pesquisadora Regina Saraiva.
No entanto, Dona Flor discorda dos médicos quando considera necessário. Na tese de doutorado de Regina, a parteira conta que eles erram na previsão de nascimento dos bebês. “Medem a barriga, mas não sabem em que lua a mulher engravidou.” No mesmo estudo, ela descreve a colheita das ervas, em que tenta buscar nas áreas menos tocadas pelo homem. “Quando vou colher, passo o dia inteiro fora, porque é longe. Eu não tenho coragem de tirar uma casca de ipê daqui para tirar remédio. Sabe por que? Tem poluição.” A raizeira também destaca que a “erva plantada não tem o mesmo vigor das nascidas nas matas”.
Dona Flor tem uma formação técnica. Ela fez um curso de agente de saúde, em que aprendeu medidas de higiene nos partos e cuidados com a alimentação de parturientes. A preparação foi importante para aumentar a confiança dela, que lamenta o fato não ter podido estudar e aprender a ler e escrever. O pai dela abandonou a família e, desde a infância, Flor precisou cuidar dos irmãos. Apesar de não entender as palavras no papel, o conhecimento da parteira é bastante reconhecido e, durante o curso, os papéis de aluno e professor chegaram a se inverter em alguns momentos. “Eles achavam que eu tinha prestígio para alguma coisa. Por eu sentir que não sabia nada, tinha horas que eu ficava até sem graça do jeito que eles me tratavam”, afirmou, em depoimento, à pesquisadora Iara Attuch, que fez um mestrado sobre o trabalho dela. Iara alugou um chalé na região e acompanhou a rotina da parteira durante um mês.
Para Iara, uma das qualidades mais importâncias de Dona Flor é a capacidade de interagir com os visitantes do Moinho. “Muitas pessoas de lá devem ter conhecimento das plantas, mas são muito reservadas. Dona Flor tem uma abertura maior, ela é uma referência e uma pessoa-chave, se sente mãe de toda a comunidade”, opina. O contato com a parteira influenciou a visão de maternidade que Iara tinha. “Ela deu à luz vários filhos sozinha. Conhecer essa força fez diferença na minha trajetória. Ela me fez ver a mulher não somente como um exemplo de beleza, mas de força”, conta. Hoje, Iara é mãe de um menino de 4 anos, nascido de parto natural.
A ideia de maternidade da diretora do documentário, Érika Bauer, também ganhou no contato com Dona Flor. “Mais do que o parto, me chamou atenção ela ser mãe no dia a dia, ter sempre a casa aberta, generosidade, vontade de ajudar.” Ela considera um “sonho de consumo” ter uma casa aberta e aponta os limites dos relacionamentos atuais. “Aqui em Brasília, você só vê a pessoa que tem cachorro, porque ninguém desce na quadra.” A diretora acredita que a ecperiência de Dona Flor traz a memória dos tempos em que as avós sentavam com netos, filhos e sobrinhos, próximos à fogueira para a contação de histórias. “Essa é uma nostalgia de todas as mães da cidade, de dedicar tempo para os filhos. A pressa, o dinheiro, tudo nos deixa um pouco desapercebidos dos detalhes do cotidiano.” Érika tem duas filhas, de 17 e 23 anos, ambas nascidas de parto natural.
Érika também destaca que outra proposta do filme, que se chamará Flor do moinho, é conclamar as mulheres para verem o nascimento de uma outra forma. “Não precisa relacionar parto com a medicina, a dor, o sofrimento, a perda da estética. Mas a algo que está dentro da mulher mesmo, um forma de se voltar para o próprio corpo e a própria natureza.” Na monografia, Tamara Campos, Dona Flor comenta o primeiro parto que fez, da própria mãe. “Ela [a mãe] mentia para mim que o bebê nascia pela barriga, que cortava com faca a barriga. Eu fiquei esperando essa mulher [a parteira] cortar a barriga dela para o menino nascer e nada.” Apreensiva com o estado da mãe, Dona Flor tomou a dianteira da situação e fez o parto. É uma pena que a “mentira” seja verdade para tantas mulheres. No Brasil, a cesariana é realizada em 80% dos partos da rede privada e em 40% dos da rede pública, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. A taxa recomendada é de até 15%.
Admiração e gratidão
Ao saber do projeto do documentário, Isabel Nabuco, 43 anos, logo se colocou à disposição para ajudar e participar dos depoimentos. Ela conheceu Dona Flor quando morou em Alto Paraíso (GO), a 220km de Brasília. experiência que durou 10 anos, e a escolheu para ser parteira de suas três filhas, hoje com 19, 16 e 13 anos. Elas nasceram naturalmente, dentro de casa, com acompanhamento de Dona Flor e do marido. “Certas pessoas me dizem que sou corajosa de ter tido três filhas dessa maneira. E eu respondo que não, que sou medrosa. Tenho medo é de hospital e confio plenamente na Dona Flor.” Para Isabel, a primeira hora do ser humano é muito importante, algo que pode afetar o emocional por toda a vida. “É a primeira impressão do mundo”, destaca.
Ela conta que a raizeira chegava vestida de branco, “com toda a sua sabedoria e intuição e nunca cobrou nada”, apesar da vida em condições humildes. “Ela dizia que essa era sua missão e agradecia por ter ajudado nos partos”, relata Isabel. Os instrumentos da parteira eram eficazes e simples. Fazia orações, colhia ervas medicinais, aplicava lavagens, fazia massagens, usava azeite, flores, de acordo com a situação. Isabel destaca a precisão dos conhecimentos da parteira, como saber a posição do bebê sem a necessidade do uso de equipamentos ou de chegar perto da barriga e pelas propriedades das ervas escolhidas. Isabel conta que, quando foi pesquisar, viu quão acertadas eram as escolhas da parteira. Ela cita como exemplo o uso do leite de gergelim quando as contrações estão fracas. “O gergelim é uma rica fonte de cálcio, que atua nas contrações musculares”, aponta Isabel, que ressalta a importância dos conhecimentos de Dona Flor. “Ela é o resgate da cultura dos raizeiros do cerrado, que é muito rico. Ela tem essa sabedoria, do uso das plantas medicinais em prol da saúde.” O sentimento que Isabel guarda é de imensa gratidão.
A experiência traumática da mãe de Isabel foi uma das motivações para ela escolher o parto em casa. Isabel nasceu de cesariana e a mãe teve complicações devido a um erro médico. Precisou ficar um mês internada. “Isso me deixou um pouco receosa com o parto hospitalar.” Outro estímulo foi a profissão. Isabel é professora de antiginástica, uma técnica de consciência corporal e de alívio das tensões. O interesse pelos movimentos do corpo a fez ter maior curiosidade sobre o momento de dar à luz. “Eu queria saber como era o trabalho de parto natural, queria saber que dor é essa. E percebi que ela acontece mais pelo medo, pela expectativa da hora de expulsão. Eu entendi como era fisicamente e tudo isso veio reforçar os meus estudos”, afirma. O pré-natal tranquilo permitiu que ela tivesse as filhas em casa. “É um resgate desse vínculo da mãe com o bebê, de tomar posse do próprio corpo. A gravidez não é doença e não deve ser tratada como doença.”
Para contribuir
O documentário sobre a Dona Flor está arrecadando doações por meio do Catarse, uma plataforma de financiamento coletivo. O projeto já atingiu a meta mínina, mas continua aberto para doações até 26 de maio. Para contribuir, acesse o site www.catarse.me/pt/flordomoinho. O dinheiro será gasto com engenharia de imagem e som na complementação das gravações, e com a etapa de edição e finalização, incluindo computação gráfica e trilha sonora.