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Ioga, treino funcional, crossfit ou muay thai? Repórter testa quatro modalidades e conta impressões

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Ailim Cabral - Revista do CB Publicação:13/08/2015 09:30Atualização:13/08/2015 09:51
As novidades no mundo fitness são inúmeras, entre lutas, esportes, danças e musculação, as aulas são cada vez mais variadas. A vantagem é que qualquer pessoa pode encontrar uma modalidade que se adeque à rotina, a desvantagem é que a variedade pode nos deixar confusos na hora de escolher o que é melhor.

A repórter Ailim Cabral passou as últimas semanas testando algumas atividades físicas para contar em detalhes como funciona cada uma e fazer uma avaliação de todas.

TREINO FUNCIONAL


O que é?
É uma atividade que tem no corpo o principal equipamento. Os professores priorizam exercícios que usam somente o peso corporal e estímulos que podem partir do ambiente, sem a necessidade de usar aparelhos. Alguns objetos, como pesinhos, colchonetes e elásticos, costumam ser usados como suporte nos treinos.

De acordo com o personal trainer Ludhi Moura, as aulas ocorrem, geralmente, ao ar livre. Árvores, ladeiras e escadas fazem parte da sequência de exercícios. “O legal é que pode ser feito em qualquer lugar, o ideal é ao ar livre, porque a pessoa se exercita, toma um pouco de sol, tem contato com a natureza”, explica o personal.

A atividade é indicada para pessoas de todas as idades, pois não tem contraindicação e, segundo Ludhi, até mesmo quem tem lesões pode treinar. “A rotina de exercícios é adaptada as condições físicas do aluno”, acrescenta. Mulheres grávidas também estão liberadas para o treino funcional.

A duração das aulas depende da intensidade. O professor explica que, para pessoas com bom condicionamento físico, um treino de 30 minutos ininterruptos é suficiente. Já para aquelas que têm ou procuram um ritmo mais lento, a aposta é se exercitar por uma hora, com menos intensidade. Sobre perda de peso ou ganho de massa muscular, tudo depende do objetivo do aluno.

Perspectiva do aluno
O servidor público Alexis Turazi, 38 anos, tem o hábito de correr e, há três anos, começou a fazer treino funcional duas vezes por semana. Nas férias, aproveitou para realizar a atividade todos os dias. “Ela dá a oportunidade de trabalhar grupos musculares que geralmente ficam esquecidos na musculação tradicional”, explica.

Alexis diz que não pretende abrir mão do treino funcional por nenhum outro exercício. “Não é somente uma questão de emagrecer ou ficar forte, melhora a postura, o equilíbrio, a consciência corporal. Vai sempre variando os estímulos e nunca fica monótono”, garante.


“A minha perspectiva é de uma pessoa que está começando, já que passei o último ano sem fazer nenhum tipo de exercício. O que eu mais gostei no treino funcional foi a possibilidade de fazê-lo ao ar livre. A aula da qual participei foi na Ermida Dom Bosco e me exercitar olhando para o lago e sentindo a natureza foi um estímulo enorme, muito melhor do que uma academia com música alta e barulho de aparelhos. O treino é rápido e intenso. Em menos de 10 minutos, fiquei com muita sede e ofegante. É preciso ter força de vontade para continuar. Eu não indico para quem gosta de fazer exercícios em um ritmo mais lento ou que segue o próprio tempo, porque o professor fica ali o tempo todo incentivando, apressando, e não deixa você parar ou desistir.”

CROSSFIT
 (Reprodução Youtube)


O que é?
O crossfit surgiu nos Estados Unidos na década de 1980, mas se popularizou nos anos 2000, quando os treinos começaram a ser divulgados na internet. As aulas costumam ter cerca de uma hora de duração e são divididas em aquecimento, mobilidade, parte técnica e W.O.D. (workout of the day), em português, treino do dia. De acordo com o coach e atleta Felipe Araújo, os exercícios misturam ginástica olímpica, levantamento de peso e atividades cardiorrespiratórias, como correr, pular corda, nadar e remar. “Nossos treinos são sempre variados, ou seja, todo dia nós fazemos algo diferente, a rotina é nossa inimiga”, destaca.

Felipe afirma que a atividade é indicada para “qualquer pessoa, desde criança de 8 anos até uma pessoa de 80. Sabendo, é claro, das individualidades”. Apesar de ser muito puxado, não existem restrições. Segundo o treinador, pessoas sedentárias ou que nunca fizeram atividade podem aderir ao crossfit, mas é necessário ir devagar e usar pesos mais leves.

O professor afirma que uma das maiores vantagens da modalidade é trabalhar com as 10 capacidades físicas que o ser humano tem. São elas: força, flexibilidade, resistência muscular, resistência cardio respiratória, potência, velocidade, agilidade, precisão, coordenação e equilíbrio. “Em nossos treinos, nós tentamos que desenvolver todas por igual”, explica. Os exercícios trabalham o corpo todo e tem como objetivo principal o condicionamento físico que, quando trabalhado em alta intensidade, leva a qualquer outro propósito, como a perda de peso e o ganho muscular.

Perspectiva do aluno
A estudante Laís de Melo Faria, 17 anos, faz crossfit há cerca de seis meses e conta que cogitou a possibilidade de desistir depois do primeiro treino. “Eu me assustei muito, tive certeza de que não daria conta de continuar”, conta, rindo. Depois de perceber que antes de fazer os exercícios com pesos tinha treinos dedicados inteiramente a aprender as técnicas, ficou mais confiante. Apesar de gostar bastante da atividade, a jovem não a indica para qualquer pessoa. “É puxado e você tem que gostar muito. Passar 50 minutos fazendo uma coisa difícil e que não te deixa confortável é impossível. Se a pessoa não gostar, não vai conseguir”, diz. A estudante optou pelo crossfit depois de ficar entediada com a rotina da academia. “O mais legal é que sempre tem uma coisa nova a cada aula, mais desafiadora, que te faz melhorar”, completa.


“O crossfit é um treino diferente, eu indicaria para pessoas que querem pegar ritmo rapidamente. Os exercícios são bem estimulantes, você é instigado a ser ágil e completar as séries no tempo determinado. As atividades são bem variadas e com vários elementos, uma aula nunca vai ser igual a outra e, depois que a gente se empolga, não tem vontade de parar.

Acho importante ressaltar que é bastante intenso, exige muito esforço físico e determinação. Essa foi a parte mais difícil para mim. Quando a aula começou, achei que não conseguiria fazer nada do que o professor estava falando e fiquei apavorada, mas, depois que se consegue finalizar uma série a sensação é ótima, de superação pessoal. Eu não indico para quem quer um exercício mais básico ou não gosta de se mexer muito e faz atividade física pensando somente na saúde.

Logo depois da aula, a parte superior das coxas (muito trabalhada nos exercícios que fiz com as barras e agachamentos) fica fraca e é difícil subir escadas e até dirigir. As pernas ficaram tremendo e, no dia seguinte à aula, a dor foi grande. Apesar do desconforto muscular, é uma atividade ótima. Deixa a gente alerta e com vontade de se exercitar cada vez mais.” 

IOGA
 (Reprodução Youtube)


O que é?
A ioga é vista como uma filosofia de vida que trabalha o corpo e a mente por meio de posturas e atividades que estimulam o equilíbrio e a meditação. Está relacionada a religiões orientais, como budismo e hinduísmo.

Segundo a professora de ioga e terapeuta ayurvédica Polyana Rodrigues de Carvalho, no Ocidente, a prática é considerada uma atividade física por trabalhar bastante o corpo. Existem várias modalidades, entre as mais tradicionais está a hatha, que tem subdivisões. Entre elas, está a flow ioga, uma das práticas mais dinâmicas e que mais forçam o corpo. Polyana explica que todas trazem os mesmos benefícios e buscam o mesmo fim: a meditação e o domínio da mente. A diferença é a intensidade dos exercícios e as posturas.

A ioga estimula a flexibilidade do corpo, aumenta o tônus, a definição e a força muscular. É uma prática que trabalha com a musculação isométrica e a perda de peso surge como uma consequência, não apenas dos exercícios, mas como resposta aos estímulos da prática no sistema endócrino, com as técnicas de alongamento e respiração. O ganho de massa muscular raramente faz parte da atividade.

As aulas duram, em média, uma hora, mas podem se estender por até 90 minutos. Não existe um mínimo de alunos. Crianças praticam uma atividade específica para a idade, mas a partir dos 12 anos podem fazer aulas com adultos. “É muito livre, é possível praticar diariamente e não existem turmas iniciantes ou avançadas. Todos podem praticar juntos”, afirma Polyana.

Perspectiva do aluno
Há oito anos, a publicitária Ananda Sues Tales Costa, 35 anos, pratica ioga de quatro a cinco vezes por semana e conta que a escolha pela atividade foi influenciada pela família, sempre ligada ao budismo. Apesar de reconhecer o emagrecimento e a definição dos músculos como uma consequência da prática, a maior vantagem física para Ananda é o alívio das dores. “Fico no computador direto e, no fim do dia, sinto algumas dores. Depois que eu vou para a aula, tudo passa e melhora. Qualquer mal-estar físico desaparece”, afirma. A publicitária não faz outras atividades e afirma que a ioga praticada por ela, bastante intensa, preenche a lacuna de exercício. Mas, para Ananda, o maior benefício é o espiritual. “É como se eu tivesse com Deus dentro de mim”, completa.


“A ioga foi muito surpreendente, achei que não sofreria tanto com a minha fraqueza muscular como nos outros exercícios, mas me enganei. As posturas exigem muito do corpo, é preciso ter força e equilíbrio para conseguir manter as pernas e a região abdominal sustentando todo o corpo em posições que fazem a gente suar.

A dor depois da prática é muito parecida com a gerada pelas atividades da academia ou das outras modalidades que testei. A aula é extremamente relaxante, as professoras tem voz suave e dão as instruções em voz baixa. O incenso, a música baixa e a iluminação (que muda dependendo da aula) ajudam a criar um clima de confiança e liberdade. É fácil se soltar. Durante o encontro, comecei a me sentir muito conectada comigo mesma, passei a ter consciência de cada pedacinho do corpo e da minha mente. Sentia os músculos se esticando e se contraindo e parecia que estava ativando todo o meu organismo para trabalhar de uma forma mais saudável.

É ótimo e saí de lá me sentindo leve. Não é uma atividade indicada para quem gosta de conversar enquanto se exercita nem para quem busca adrenalina e queima de gordura imediata. É um processo mais lento que não tem como foco a conquista de um corpo espetacular. Com os anos de prática, isso acaba sendo uma consequência de um organismo saudável.”

MUAY THAIT
 (Reprodução Youtube)


O que é?
O muay thai é uma arte marcial que surgiu na Tailândia há mais de 2.000 anos e, no Brasil, também é conhecido como boxe tailandês. A luta incorpora técnicas de ataques com os pés, mãos e braços. Nos últimos anos, ganhou o gosto dos brasileiros e atualmente está entre as modalidades esportivas de luta mais procuradas, principalmente pelas mulheres.

Segundo o professor de artes marciais e lutador de MMA do Ultimate Fighting Championship (UFC) Renato Alves Carneiro, mais conhecido como Renato Moicano, o muay thai é indicado para pessoas de todas as idades, desde que haja moderação e respeito à condição física de cada uma. “No mesmo treino, é possível misturar lutadores profissionais, amadores e pessoas que estão ali pela atividade física. Basta colocar o aluno no lugar certo e garantir respeito entre os próprios praticantes e também aos limites individuais. O treino é igual para todo mundo, o que muda é a intensidade”, afirma.

As aulas costumam durar cerca de uma hora e podem acontecer com um aluno ou mais de 20. Renato explica que não existe número mínimo ou máximo. Tudo vai depender do espaço disponível para os treinos. O lutador acrescenta que a modalidade é ideal para quem quer perder peso, pois queima gordura muito rapidamente, e para quem busca condicionamento e resistência cardiovascular. Além disso, traz também a disciplina inerente às artes marciais e um estilo de vida mais saudável. Renato ressalta ainda os laços de amizade que sempre surgem durante as aulas.

Perspectiva do aluno
A vendedora Renata Zago, 28 anos, faz muay thai há quase um ano e conta que escolheu a luta por não gostar de malhar em academia e buscar uma atividade mais dinâmica. “Otimizo meu tempo: perco gordura, defino a musculatura e tudo isso sem ficar entediada”, afirma. Renata pratica a luta três vezes por semana, mas, quando o trabalho deixa, está na academia todos os dias.

Ela acrescenta que não se vê trocando a arte marcial por outra modalidade, a não ser os esportes marítimos. “Como não tem mar em Brasília, fico no muay thai mesmo”, brinca. Antes de se dedicar à atividade, Renata praticava capoeira e conta que se sente mais segura por saber os fundamentos básicos de uma luta. “É um esporte fantástico, tem tudo dentro de uma coisa só e eu me divirto fazendo”, completa.


Eu, repórter
“Preciso confessar que o muay thai foi a atividade que mais gostei. Além de ser dinâmica e variada, como o crossfit e o treino funcional, ajuda a descarregar as energias. Quando você é incentivado a dar chutes e socos e desafiar a sua força e a do colega (os exercícios são feitos em duplas) coloca tudo para fora. Além disso, a aula é divertida. O aquecimento é bem intenso e requer um pouco de coordenação motora, a minha não é das melhores e eu não consegui fazer até o fim. Mas o professor me falou que é importante para alongar os músculos e prevenir lesões.

Adorei os chutes e a parceria. Praticante o exercício em interação direta com outra pessoa faz a gente se sentir mais seguro e é um incentivo extra. No fim do treino, as minhas mãos e pernas tremiam pelo esforço, mas eu não tinha vontade de parar. Por mim, continuava a aula por mais algum tempo porque não me senti esgotada.

A principal desvantagem foi que, além das dores musculares normais que vêm depois de um exercício físico, tão intensas quanto dos outros treinos, ganhei alguns roxos nas pernas e nos braços. Os golpes são dados com equipamentos de proteção, mas, mesmo assim, a gente acaba com alguns machucados bobos.”

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