Fisioterapia para o assoalho pélvico reduz incontinência urinária em mulheres e melhora desempenho sexual de homens
Cientistas dos EUA notaram que terapias amenizam danos da queda hormonal
Vilhena Soares - Correio Braziliense
Publicação:01/03/2016 15:00Atualização: 01/03/2016 15:11
A chegada da menopausa compromete a estrutura óssea das mulheres, aumentando os riscos de incontinência urinária por falta de força no assoalho pélvico. Os exercícios físicos têm sido apontados em pesquisa como uma prevenção ao problema. Mas a solução nem sempre é posta em prática com facilidade. “Muitas pessoas nessa condição se veem limitadas a realizar atividades físicas por medo de vazamento. Mas, ao sofrer com a perda óssea ou com o risco dela, é necessário o treinamento de força, além de uma dieta adequada de cálcio e vitamina D para prevenir e reduzir o risco de fratura”, destacou, em comunicado à imprensa, Joann V. Pinkerton, pesquisadora do The North American Menopause Society (NAMS), grupo que edita a revista Menopause, onde o estudo foi publicado.
Por conta da limitação, cientistas do Hospital e Centro de Saúde da Mulher BC em Vancouver, no Canadá, resolveram investigar se exercícios pélvicos poderiam surtir efeito. Eles selecionaram 48 voluntárias com ao menos 55 anos e enfrentando o problema. Metade delas participou de sessões de fisioterapia para exercitar o assoalho pélvico, a outra parcela apenas recebeu orientações médicas de especialistas, como nutricionistas e fisioterapeutas. Ao monitorar as participantes, os investigadores notaram uma redução de 75% em perdas de urina nas mulheres do primeiro grupo. O benefício se manteve durante ao menos um ano.
Para Carolina Adorno, ginecologista e obstetra da Clínica Equilíbrio, em Brasília, a melhora constatada pode ser justificada por necessidades naturais do corpo. “Nossa pelve exige constantes estímulos para não deteriorar e perder massa consistente, que confere força à musculatura de apoio às vísceras. Existem exercícios de toda a pelve que podem ser feitos a qualquer hora do dia, sem mesmo que seja preciso parar as atividades rotineiras, como os de Kegel. Mas é bom que se compreenda que cada caso deve ser analisado individualmente, uma vez que existem diferentes graus de incontinência urinária”, destaca.
Adorno também destaca que pesquisas sobre essa fase da saúde feminina são bem-vindas principalmente pela existência de dúvidas em torno da reposição hormonal. “As mulheres devem entender que a chegada da menopausa não encerra a qualidade de vida, a feminilidade, a libido e o prazer. Pelo contrário, a medicina avança a passos tão largos que, muito provavelmente, pode ser o começo da melhor fase da vida”, diz.
Andropausa
Para os homens, o avançar da idade traz problemas como perda do desejo e dificuldade de ereção. A prescrição de testosterona aos mais velhos, que chegaram à sétima década de vida, traz dados incertos. “Os ensaios em homens mais velhos produziram resultados ambíguos e inconsistentes”, explicou, em comunicado, Jane A. Cauley, pesquisadora na Universidade de Pittsburgh. Agora, ela e colegas divulgaram no New England Journal of Medicine, conclusões promissoras.
Os cientistas analisaram 79 homens com mais de 65 anos e baixos níveis de testosterona. Parte deles recebeu um gel de placebo e outra parcela um gel com o hormônio. As substâncias foram usadas diariamente durante um ano. Os participantes realmente medicados apresentaram melhoras na atividade, no desejo sexual e na capacidade de ter ereção. Os cientistas não observaram avanços significativos na disposição física, mas notaram evoluções no humor e redução de sintomas depressivos.
“Nossos resultados mostram, pela primeira vez, que o tratamento com testosterona em homens mais velhos e com níveis baixos do hormônio tem algum benefício”, destacou, em comunicado, Peter Snyder, professor na Divisão de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo da Universidade da Pensilvânia e um dos autores. “No entanto, as decisões sobre o tratamento com testosterona também dependerão dos resultados de outros quatro ensaios envolvendo funções cognitiva, óssea, cardiovascular e anemia. Precisamos saber dos riscos do tratamento”, complementou.
Para Clovis Cechinel, geriatra do Laboratório Exame, em Brasília, a pesquisa dos cientistas norte-americanos precisa de dados que tragam os possíveis efeitos prejudiciais da testosterona aos homens. “Foram avaliados poucos aspectos. Precisamos pensar na questão dos efeitos adversos, como a acne. Sabemos que ela pode surgir com o uso do hormônio. Temos esses aspectos sexuais positivos mostrados nesse experimento, mas os riscos extras, como problemas cardiovasculares, podem ser gerados”, diz.
Cechinel observa que a testosterona já é prescrita por médicos, mas em situações bem específicas. “Tenho pacientes que usam e respondem bem, mas são casos isolados, nos quais sabemos que as chances de se ter um efeito adverso são pequenas. É preciso ter cuidado com esse tipo de pesquisa para que não ocorra o uso exagerado desse hormônio, o que seria perigoso”, alerta.
Em qualquer posição
São atividades realizadas para combater a perda involuntária de urina. Tonificam e fortalecem o músculo pubiococcígeo, localizado no assoalho pélvico, por meio de concentrações seguidas dele. Servem também para os homens, que podem controlar a ejaculação precoce por meio dos exercícios. Podem ser feitas com a pessoa sentada, em pé ou deitada.
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O fim da vida fértil é uma etapa difícil tanto para homens quanto para mulheres. Nele, o sistema hormonal do corpo sofre mudanças consideráveis, com impacto direto no bem-estar. Dois novos estudos trazem soluções para algumas complicações dessa etapa da vida. Cientistas canadenses mostram que o treinamento muscular para o assoalho pélvico reduz em 75% a incontinência urinária, problema que atinge mulheres com osteoporose na idade avançada. Já pesquisadores dos Estados Unidos detalham, pela primeira vez, os benefícios do uso da testosterona em homens com mais de 65 anos. Ambos os trabalhos trazem esperança de avanços em tratamentos para a andropausa e a menopausa.A chegada da menopausa compromete a estrutura óssea das mulheres, aumentando os riscos de incontinência urinária por falta de força no assoalho pélvico. Os exercícios físicos têm sido apontados em pesquisa como uma prevenção ao problema. Mas a solução nem sempre é posta em prática com facilidade. “Muitas pessoas nessa condição se veem limitadas a realizar atividades físicas por medo de vazamento. Mas, ao sofrer com a perda óssea ou com o risco dela, é necessário o treinamento de força, além de uma dieta adequada de cálcio e vitamina D para prevenir e reduzir o risco de fratura”, destacou, em comunicado à imprensa, Joann V. Pinkerton, pesquisadora do The North American Menopause Society (NAMS), grupo que edita a revista Menopause, onde o estudo foi publicado.
Por conta da limitação, cientistas do Hospital e Centro de Saúde da Mulher BC em Vancouver, no Canadá, resolveram investigar se exercícios pélvicos poderiam surtir efeito. Eles selecionaram 48 voluntárias com ao menos 55 anos e enfrentando o problema. Metade delas participou de sessões de fisioterapia para exercitar o assoalho pélvico, a outra parcela apenas recebeu orientações médicas de especialistas, como nutricionistas e fisioterapeutas. Ao monitorar as participantes, os investigadores notaram uma redução de 75% em perdas de urina nas mulheres do primeiro grupo. O benefício se manteve durante ao menos um ano.
Para Carolina Adorno, ginecologista e obstetra da Clínica Equilíbrio, em Brasília, a melhora constatada pode ser justificada por necessidades naturais do corpo. “Nossa pelve exige constantes estímulos para não deteriorar e perder massa consistente, que confere força à musculatura de apoio às vísceras. Existem exercícios de toda a pelve que podem ser feitos a qualquer hora do dia, sem mesmo que seja preciso parar as atividades rotineiras, como os de Kegel. Mas é bom que se compreenda que cada caso deve ser analisado individualmente, uma vez que existem diferentes graus de incontinência urinária”, destaca.
Adorno também destaca que pesquisas sobre essa fase da saúde feminina são bem-vindas principalmente pela existência de dúvidas em torno da reposição hormonal. “As mulheres devem entender que a chegada da menopausa não encerra a qualidade de vida, a feminilidade, a libido e o prazer. Pelo contrário, a medicina avança a passos tão largos que, muito provavelmente, pode ser o começo da melhor fase da vida”, diz.
Andropausa
Para os homens, o avançar da idade traz problemas como perda do desejo e dificuldade de ereção. A prescrição de testosterona aos mais velhos, que chegaram à sétima década de vida, traz dados incertos. “Os ensaios em homens mais velhos produziram resultados ambíguos e inconsistentes”, explicou, em comunicado, Jane A. Cauley, pesquisadora na Universidade de Pittsburgh. Agora, ela e colegas divulgaram no New England Journal of Medicine, conclusões promissoras.
Os cientistas analisaram 79 homens com mais de 65 anos e baixos níveis de testosterona. Parte deles recebeu um gel de placebo e outra parcela um gel com o hormônio. As substâncias foram usadas diariamente durante um ano. Os participantes realmente medicados apresentaram melhoras na atividade, no desejo sexual e na capacidade de ter ereção. Os cientistas não observaram avanços significativos na disposição física, mas notaram evoluções no humor e redução de sintomas depressivos.
“Nossos resultados mostram, pela primeira vez, que o tratamento com testosterona em homens mais velhos e com níveis baixos do hormônio tem algum benefício”, destacou, em comunicado, Peter Snyder, professor na Divisão de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo da Universidade da Pensilvânia e um dos autores. “No entanto, as decisões sobre o tratamento com testosterona também dependerão dos resultados de outros quatro ensaios envolvendo funções cognitiva, óssea, cardiovascular e anemia. Precisamos saber dos riscos do tratamento”, complementou.
Para Clovis Cechinel, geriatra do Laboratório Exame, em Brasília, a pesquisa dos cientistas norte-americanos precisa de dados que tragam os possíveis efeitos prejudiciais da testosterona aos homens. “Foram avaliados poucos aspectos. Precisamos pensar na questão dos efeitos adversos, como a acne. Sabemos que ela pode surgir com o uso do hormônio. Temos esses aspectos sexuais positivos mostrados nesse experimento, mas os riscos extras, como problemas cardiovasculares, podem ser gerados”, diz.
Cechinel observa que a testosterona já é prescrita por médicos, mas em situações bem específicas. “Tenho pacientes que usam e respondem bem, mas são casos isolados, nos quais sabemos que as chances de se ter um efeito adverso são pequenas. É preciso ter cuidado com esse tipo de pesquisa para que não ocorra o uso exagerado desse hormônio, o que seria perigoso”, alerta.
Em qualquer posição
São atividades realizadas para combater a perda involuntária de urina. Tonificam e fortalecem o músculo pubiococcígeo, localizado no assoalho pélvico, por meio de concentrações seguidas dele. Servem também para os homens, que podem controlar a ejaculação precoce por meio dos exercícios. Podem ser feitas com a pessoa sentada, em pé ou deitada.