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Para poucos?

Restrito a duas centenas de sócios, o Clube de Golfe de Brasília quer popularizar o esporte e desmistificar a ideia de que a prática é só para a elite

Publicação:30/10/2012 16:59Atualização:30/10/2012 17:47
O empresário Lázaro Marques ressalta a proximidade com a natureza como um dos aspectos positivos do golfe: 'O nosso clube está entre 
os melhores e mais bonitos' (Minervino Junior/Encontro/DA Press)
O empresário Lázaro Marques ressalta a proximidade com a natureza como um dos aspectos positivos do golfe: "O nosso clube está entre os melhores e mais bonitos"

A grama, sempre verde e bem aparada, contrasta com o amarelo opaco da vegetação na seca. Às margens do Lago Paranoá, pequenas bandeiras azuis, amarelas, vermelhas e brancas indicam a existência de 18 buracos, espalhados em meio a 74 hectares de desníveis desafiadores. Encravado no coração da capital, o Clube de Golfe de Brasília resistiu à especulação imobiliária e se manteve fiel ao desejo de Lucio Costa. Em 1957, o urbanista já tinha indicado o local exato do campo no plano original da cidade. Em 21 de março de 1964, o projeto tornou-se realidade. Com uma média de 280 associados e considerado patrimônio histórico, o Clube de Golfe de Brasília quer derrubar a ideia de que o esporte é elitista.

Com 74 hectares, o campo de Brasília é considerado um dos melhores do país: apenas 280 pessoas aproveitam o espaço  (Minervino Junior/Encontro/DA Press)
Com 74 hectares, o campo de Brasília é considerado um dos melhores do país: apenas 280 pessoas aproveitam o espaço

Criado pelo famoso projetista Robert Trent Jones, o campo de golfe da capital é considerado de alta técnica. “Começa a despontar como o de melhor desenho do Brasil”, afirma o aposentado Francisco Vera, sócio-proprietário do Clube de Golfe de Brasília. Ele reconhece o papel dos campos de golfe na integração social. “Muitos dos campeões de hoje, extremamente bem remunerados, foram caddies (leia o glossário)”, diz.

No comando do clube pela segunda vez, o advogado Feres Jaber ressalta que não é necessária permissão ou carteirinha para entrar. Ele desmistifica a ideia de que o golfe foi feito para a classe alta. “Não existe nenhum filho de milionário que seja campeão de golfe. Os campeões foram, normalmente, caddies ou carregadores de bolsas”, comenta. “O Tiger Woods, por exemplo, é filho de um sargento da Aeronáutica com uma senhora do Laos.” Cerca de 15 anos atrás, Jaber começava a incursão pelo esporte na própria escolinha do clube. Ele garante que 80% dos frequentadores são profissionais liberais ou funcionários públicos.


Jaber é um entusiasta da popularização do golfe. Em parceria com a Confederação Brasileira de Golfe (CBG) e o Governo do Distrito Federal (GDF), começou a trabalhar no projeto Golfe para a Vida. O governo vai ceder nove vilas olímpicas para a formação de 27 professores de educação física. “A CBG e o clube disponibilizarão professores. Nós ensinaremos a metodologia e daremos um kit extremamente lúdico. Quando surgirem talentos nessas vilas, nós os traremos para o clube”, explicou. O projeto foi inaugurado em setembro na cidade de São Sebastião.

Os sócios apoiam a iniciativa. O carioca José de Oliveira Soares frequenta o local há quatro décadas, foi diretor, capitão de golfe e presidente do clube. “Sempre lutei para que os clubes de golfe abrissem seus portões para a comunidade, para que o povo conhecesse o esporte. Isso ampliaria o quadro de golfistas, que é muito restrito”, comenta. Darlene Pereira Vázquez, administradora de empresas e capitã de golfe, corrobora: “Cada vez mais, estamos trazendo o público para conhecer esse esporte tão misterioso e desconhecido. Notamos um avanço, no sentido de trazer as damas para o campo”.



Os equipamentos

Tacos
O material usado no golfe é importado. Os iniciantes usam tacos dos professores ou da escola, antes de comprar os equipamentos de segunda mão, bem mais baratos. Drive é o taco usado para bater a bola inicialmente partir do tee. Provoca uma tacada mais longa (Preço: entre US$ 100 e US$ 200). O madeira 3 e o híbrido são usados para atingir uma distância longa, com uma precisão melhor que a obtida pelo drive (Preço: entre US$ 60 e US$ 100)

Approach
Dois tipos de tacos (sand-wedge e pitt) são usados para fazer a bola levantar, mas não andar muito. O jogador os utiliza em uma distância menor
do green. (Preço: US$ 100, se comprados separadamente)

Putter
Tacos chapados usados para jogadas táticas somente dentro do green e a uma curta distância do buraco. (Preço: entre US$ 100 e US$200, dependendo da qualidade técnica do taco)

Bola
Preço médio: US$ 1,5

Luva
Os jogadores destros usam uma luva na mão esquerda; os canhotos usam-na na mão direita. (Preço médio: R$ 20)

Ferros
São numerados de 4 a 9. Quanto mais baixa a numeração, maior a possibilidade de uma tacada mais longa e alta. O taco 9 faz com que a bola suba
mais e alcance uma distância menor.  (Preço: entre US$ 300 e 600 US$ — dependendo da qualidade técnica do conjunto. Eequipamentos usados
custam, nos USA, cerca de US$ 150)

Sapato ou tênis de golfe
Projetado especialmente para o esporte, tem travas no solado. (Preço médio: R$ 100 a R$ 200)

Tee
Feito de madeira, é o suporte da bola para a primeira tacada em um dos 18 buracos. (Preço médio: R$ 20, um saco com 500 unidades)

Uniforme
Existe um código de vestimentas. Usam-se: camisa polo, calça ou bermuda, cinto e sapato ou tênis com meias.

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Glossário

Green – Área de grama recortada ao redor do buraco, que permite aos jogadores fazerem tacadas de precisão

Bandeira azul –
Indica que o buraco está no fim do green

Bandeira branca – Indica que o buraco está no meio do green

Bandeira vermelha – Indica que o buraco está no início do green

Caddie – A pessoa que carrega a sacola e os tacos de golfe, além de dar suporte moral e aconselhamento em campo

Handicap – Medida de desempenho do jogador. É aferida com base em quantas tacadas o atleta gasta entre a saída da bola e o buraco.
Quanto menor o handcap, maior a habilidade. O profissional tem um handicap zero. A diferença entre os handicaps é compensada no campo

Tee – É a chamada batida de saída. A primeira tacada em cada buraco

Par do campo – Medida de quantas tacadas são necessárias para sair do tee até o buraco. Em um buraco de par 5, o jogador teoricamente
daria cinco tacadas para chegar ao buraco

Swing – Giro do corpo, em forma de pêndulo, para a tacada da bola

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