Rogério Rosso, 44 anos: ex-governador do DF, presidente do PSD-DF,
4 filhos. (br) Curte tocar guitarra, baixo e teclado
Eles sempre estão de terno e gravata, conversam sobre orçamento, emendas, planos diretores, despachos, acordos, conchavos, apoiamentos, alianças, blocos partidários, sentenças. Tomam decisões com impacto na vida de milhares de pessoas. Sentem-se à vontade onde a maioria dos cidadãos não frequenta: nos plenários, tribunais e salões palacianos. A rotina das autoridades públicas e dos políticos é um mundo à parte, que acaba distanciando o representante de seus representados.
É muitas vezes quando estão à paisana que esses homens e mulheres se aproximam de gente como a gente. Para além dos gabinetes, governadores, deputados, senadores e magistrados têm seus hobbies. Há os que praticam esportes, tem quem se arrisque em um ateliê de pintura ou no estúdio de música, os que preferem relaxar no campo, plantando, criando galinha, pato, ganso. Há os que se realizem na igreja ou na cozinha.
Agnelo Queiroz, 54 anos, Governador do Distrito Federal, 2 filhos.
Seus hobbies são a corrida e a pintura
Ex-ministro do Esporte e habitué das competições de rua na cidade, o governador Agnelo Queiroz (PT) gosta de correr. Não é surpresa para quem mora em Brasília. O que muita gente não tem ideia é que não é só a adrenalina da velocidade que relaxa o governador. Agnelo pinta. Sua técnica preferida é o óleo sobre tela. E o estilo varia entre o abstrato e as paisagens. Até se tornar governador, eram as paredes da própria casa que exibiam a arte do médico. Depois de conquistar o mandato como chefe do Executivo, o petista expandiu a visibilidade sobre seu trabalho. Algumas telas assinadas por Agnelo enfeitam a Residência Oficial de Águas Claras. Visitas não tão frequentes, quando descobrem que os quadros são dele, não economizam elogios. Uma de suas obras está na sala principal da residência dos governadores. “Minha fama chega só até a casa da minha mãe”, brinca.
Rodrigo Rollemberg, 52 anos: senador, 3 filhos. Diverte-se com corridas
e na fazenda, onde planta e cria animais
Assim como o governador, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também gosta de corridas. Participa de maratonas e comemora cada minuto que melhora no cronômetro. Mas é com bota de peão, calça desbotada e a mão na terra que ele passa seu tempo livre. O político se orgulha de ter, em sua fazenda de 75 hectares, na cidade de Luziânia (GO), uma variedade de frutas e verduras retiradas das hortas que ele próprio plantou. “Pode falar qualquer nome de fruta ou de verdura que eu tenho”, desafia.
Mas nem só as árvores que dão fruto brotam da propriedade de Rollemberg. O senador também tem apreço pelas que dão flores. Ao longo de 30 anos, conseguiu fazer uma alameda de flamboyants, que levam em média oito anos para florescer. Rollemberg é ainda um apaixonado pelos ipês, que precisam de ainda mais tempo para apresentar o tamanho da generosidade da natureza. “A relação com a terra ensina que, se você planta e cuida, vai colher. Mas não adianta só plantar, tem que olhar, porque senão o mato vem e abafa”, ensina.
O gosto por mato, bichos e plantas é de família. Aos 83 anos, a mãe de Rollemberg, dona Teresa, mobilizou 14 filhos, netos, noras e genros a plantar uma floresta em sua propriedade na cidade de Planaltina de Goiás. Cada um contribui com uma cota, e dona Teresa é quem administra a rotina de limpeza e da distribuição de adubo na terra. Com a ajuda da família, ela já plantou 70 mil mudas. E se plantar distrai, cuidar também dá retorno para a mente, o corpo e o bolso. Na fazenda de Rollemberg, há 300 galinhas, 80 delas da angola, 60 patos, gansos, porcos, gado, perus e patos. De vez em quando, ele precisa fazer um controle demográfico e vai à Feira do Núcleo Bandeirante. Sempre que tem excedente, o senador, em pessoa, vende na feira. “Outro dia morreram de rir quando cheguei com um monte de pintinho para um cliente já antigo”, conta o político.
Liliane Roriz, 47 anos: deputada distrital,
1 filha. Gosta de cozinhar e fazertrilhas,
caminhando ou andando no quadriciclo
Quem também é fã de mato é a distrital Liliane Roriz. Filha mais nova do ex-governador Joaquim Roriz, ela segue o gosto da família. Tem seu próprio pedaço de terra, que também fica em Luziânia. É lá que, quando pode, desliga-se do mundo. Uma de suas atividades prediletas quando está no campo é fazer trilhas. Dentro da propriedade, Liliane consegue praticar o esporte, que faz com a ajuda de um quadriciclo. “Esqueço tudo, é uma das formas mais gostosas de relaxar”, recomenda.
Filha de dona Weslian, famosa por suas habilidades na cozinha, Liliane assegura que não faz feio no fogão. Mas reserva a culinária só para momentos de lazer. “Fazer um prato é uma forma de transmitir energia. Se não estamos bem, a energia não será boa. Por isso, só cozinho quando estou em paz”, revela. A especialidade? Um risoto de limão-siciliano.
A 40 minutos da casa em que vive com a mulher, Karina, e os quatro filhos, Karen, de 11 anos, Roberta, de 9, Lorena, de 7, e Henrique, de 5, o ex-governador Rogério Rosso encontra diversão numa chácara na região do Entorno, ouvindo e tocando música. A família adora. As crianças dão sinal de que vão seguir os passos do pai nessa área. “Eles têm muita musicalidade. Já arriscam os primeiros acordes”, conta Rosso. Na propriedade em Cidade Ocidental (GO), Rosso montou um estúdio de gravações. Toca baixo, guitarra e piano. Compõe. Nos tempos de governo, enfrentou uma pedreira ao administrar o DF em meio à crise provocada pela Operação Caixa de Pandora, que tirou José Roberto Arruda e Paulo Octávio do poder em 2010 e provocou risco de intervenção federal na capital do país. A música era uma inspiração, uma terapia.
Da geração candanga que curtia Capital Inicial, Plebe Rude e Legião Urbana antes mesmo do sucesso nacional, Rosso nunca abandonou essa paixão. “Sou de um tempo em que, para se divertir, as pessoas ouviam ou tocavam rock”, conta. Dedilhar o piano e fazer pocket shows para assessores, além de se dedicar a acordes de rockn’roll, heavy metal e hard rock eram as formas encontradas para relaxar. Bandas preferidas: Iron Maiden, Black Sabbath e Metallica.
Em 2010, juntou 35 artistas da cidade para gravar uma composição própria – letra e melodia. Brasília Magical Journey foi uma homenagem aos 50 anos da capital em estilo metal. O vídeo foi uma das realizações pessoais de Rosso naquele período turbulento de seus nove meses de mandato. Atual presidente do PSD-DF, partido independente do governo, mas cortejado para entrar na base de Agnelo, Rogério Rosso está sem mandato. Enquanto trabalha para se eleger como parlamentar em 2014, volta e meia corre para a chácara e se refugia no estúdio.
Roberval Belinati, 56 anos: desembargador do Tribunal de Justiça do DF, 6 filhos.
Adora cozinhar para a família
Já o desembargador Roberval Belinati, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que está acostumado a lidar no dia a dia com processos complexos, alivia a tensão quando chega em casa, especialmente aos sábados, e vai para a cozinha preparar um prato especial para a mulher, Rosângela, e os seis filhos: Roberval José, Rosana Fátima, Roberlan José, Roberlei José, Rosária Fátima e Roberson José.
Descendente de italianos, o desembargador adora servir uma boa macarronada à bolonhesa. Aprendeu com a mãe em Londrina, no Paraná. “Minha mãe dizia: ‘mexe o arroz’, ‘põe água no feijão’. Aprendi e hoje não faço feio. Acho que não”, diz o magistrado. “Cozinhar é o meu hobby”, revela.
Nem só de comida italiana se delicia a numerosa família Belinati. No cardápio do desembargador, tem também frango com mostarda e uma especialidade: moqueca capixaba. Todos os fins de semana, ele vai para a cozinha. Já virou hábito. Belinati vive ao estilo “comer, rezar e amar”.
Além da dedicação à família, o magistrado é supercatólico. Passa grande parte dos momentos livres em oração. Frequenta aos sábados e domingos a Igreja Nossa Senhora das Mercês, na 615 Sul. Uma vez por mês, a seleção musical das missas fica a cargo da prole de Belinati, que toca e canta. O desembargador também, de vez em quando, repassa os conhecimentos jurídicos para a Igreja. Faz palestras sobre temas do direito, como a reforma do Código Penal.