A cara do dono
Carros adesivados ou envelopados circulam pelas ruas de Brasília, tendência ainda mais forte entre o público jovem. Além de personalizar, técnicas ajudam a proteger a lataria
Importada dos Estados Unidos e de países da Europa, a onda de adesivar carros chegou de vez a Brasília. Com a intenção de proteger a lataria ou simplesmente chamar a atenção, muitos brasilienses têm dado uma roupagem nova ao veículo. Seja no teto, no capô, nos retrovisores seja no automóvel inteiro, eles querem expor ideias ousadas em forma de traços, desenhos e cores que os diferenciem nas ruas.
O fenômeno surgiu com o boom dos mínis, os primeiros a desfilar com listras pretas. Fora do Brasil, a mania de adesivar é conhecida como sticker bomb (na tradução, significa algo como “bombardeio de adesivos”). Também é usado em celulares e computadores, por quem pretende personalizar os aparelhos, além de protegê-los.
Os bons adesivos não deixam resíduos de cola. A técnica usada nos carros se assemelha ao envelopamento, outra febre no exterior que a cada dia ganha novos adeptos na capital federal. Personalizar partes do veículo, inclusive o câmbio de marcha e o painel interno, ainda é algo muito atrelado ao público jovem. Aos poucos, porém, condutores dos mais variados perfis demonstram interesse pela novidade.
No Distrito Federal, o número de estabelecimentos que oferecem o serviço não é muito grande: apenas 15. O nicho de mercado passou a ser percebido para valer nos últimos dois anos. Sobrepor adesivos na pintura exige paciência e capricho, e nem todas as oficinas têm mão de obra treinada para isso. Há a opção de comprar os acessórios pela internet e contar com ajuda somente na hora de instalar.
Os preços dependem da quantidade e da qualidade dos produtos. Encobrir com desenhos o para-lama de um carro popular pode custar R$ 300. Já para adesivar uma caminhonete inteira, utilizando itens importados, o orçamento chega a R$ 1.800 – o envelopamento é ainda mais caro. A durabilidade também varia: geralmente, entre três e cinco anos, segundo donos de lojas especializadas.
Atentas à adesivomania, as montadoras começaram a explorar a personalização dos automóveis. A Fiat tem kits de adesivos para Bravo, Palio, Punto e 500, por exemplo. Modelos do Gol, Golf e Polo, os três da Volkswagen, costumam circular pelo DF com detalhes arrojados. Quando os clientes decidem pela adesivagem, a instalação na maioria dos casos é feita na própria concessionária.
O March, da Nissan, de cor branca com adesivos pretos no capô e no teto caiu no gosto dos brasilienses. “Tem feito bastante sucesso, porque colocar as listras não sai caro e elas dão um ar de esportividade ao carro”, diz o gerente de vendas da concessionária da marca japonesa no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Danilo Fonseca. O acessório, completa ele, aumenta o preço do veículo em R$ 200.
Identificados (quase sempre) pela cor preta com acabamento fosco, os carros envelopados também têm conquistado brasilienses. A técnica consiste em camadas de adesivos especiais que revestem a pintura original do automóvel. O serviço custa entre R$ 800 e R$ 3 mil, a depender do carro e do tipo de produto, que pode ser brilhante e de outras cores. A instalação dura pelo menos meio dia.
O envelopamento, defendem os donos de lojas especializadas, protege a lataria de pequenos arranhões, pedras de estrada, ação do sol, da chuva e do sereno. O produto, completam, dispensa a aplicação de ceras e de polimento. “Todo mundo quer ter o carro protegido”, afirma o empresário Edilson Pardal, que desde 1998 trabalha com personalização de veículos no Sudoeste. No ano passado, adesivou pelo menos um carro por semana.
No Núcleo Bandeirante, um dos primeiros estabelecimentos a explorar os adesivos atendeu, em 2012, cerca de 20 clientes por mês interessados no envelopamento, o dobro do ano anterior. O serviço já responde por quase 30% do faturamento da loja. “Quando o pessoal descobrir o adesivo transparente, aí que a procura vai aumentar mesmo”, diz Maria Cecília Porto, da Mendes Film. “A ideia que veio para ficar.”