Tem até críquete
A cidade eclética, que reúne diferentes propostas e estilos de vida, mostra também variedade quanto à prática de modalidades esportivas, especialmente as que são tradicionais em outros países
O camaronês Cedric Jackson, presidente do Brasília Rugby, conta que seu time surgiu em 2002, quando um grupo formado por peruanos, britânicos e franceses resolveu se juntar para jogar o esporte, que tem tradição em seus países. “No início só tinha estrangeiro. Mas o rúgbi está ficando conhecido. Atualmente os brasileiros predominam no nosso time, e adoramos isso. Queremos que o rúgbi seja grande por aqui também”, diz. Ele conta que a inclusão da modalidade nas Olimpíadas ajudou na divulgação do esporte. “Grandes competições disseminam a prática, que é muito conhecida em alguns países, mas praticamente desconhecida em outros”, avalia.
A estudante Jéssica Perrone conheceu o rúgbi há um ano por influência de uma amiga e se encantou pelo esporte. “Uma colega sempre me convidava para fazer um treino, mas eu nunca ia. Até que, após muita insistência, vim conhecer e não me arrependi”, revela. Ela tem experiência com judô e handebol, porém foi no rúgbi que encontrou o esporte predileto. “Nunca imaginei que isso aconteceria. Quando falavam o nome da atividade eu não sabia nem do que se tratava. Hoje em dia não vivo sem”, diz.
Yuiti Nijama, estudante, é descendente de japonês e começou a jogar beisebol por influência do pai. Ele já foi da seleção brasileira de base e hoje joga por diversão, além de treinar um time feminino de softbol. Ele explica que o softbol é um beisebol um pouco mais leve, com o campo menor e a bola maior, mais fácil de rebater. “Muitas pessoas gostam do beisebol, mas acham o esporte um pouco perigoso, o que realmente é. Mas isso não é problema. Quem tiver medo pode jogar o softbol, que é mais tranquilo e menos cansativo”, convida Yuiti. O consultor de vendas Tiago Masuda jogava beisebol, mas não conseguia manter o preparo exigido pelo esporte. “Mudei para o softbol. É muito parecido e não cansa tanto”, garante.
O presidente da Federação Brasiliense de Beisebol e Softbol, Valter Takahashi, diz que sente falta de políticas públicas que incentivem tais práticas esportivas. Segundo ele, o governo federal tem focado suas ações nas modalidades olímpicas, postura da qual discorda. “As Olimpíadas estão chegando e todo investimento é importante. Contudo, o governo não pode se esquecer de quem não participa da competição. É injusto. A falta de recursos dificulta a expansão de qualquer esporte”, critica.
Para casos como esse, o esporte depende de ações voluntárias como a do empresário Marcelo Nakaudakari, que dá aulas gratuitas de beisebol para as crianças da comunidade Vargem Bonita. “É um trabalho que beneficia a comunidade e também o nosso esporte”, exalta. No início, apenas filhos de conhecidos faziam as aulas, mas Marcelo conta que ultimamente muitos pais têm procurado o beisebol a pedido dos filhos.
O que era para simplesmente ajudar na reabilitação virou um vício.
“Treino todos os dias”, diz. Além de proporcionar experiências que ele diz nunca ter imaginado. “Vou participar de um campeonato de para-badminton (badminton para deficientes) na Guatemala, no final deste mês. E com o apoio do governo distrital. Não gastarei um centavo”, conta. Geraldo ainda brinca: “Não dizem que há males que vêm para o bem? O meu caso é um exemplo”, conclui.
Cristiano Chew assumiu a presidência da Federação de Badminton de Brasília no ano passado, e diz que o objetivo é massificar o esporte. “Em agosto haverá um curso de capacitação de professores de badminton. Serão 40 vagas. Queremos espalhar esses professores pelo DF”, afirma.
Entre as modalidades estrangeiras praticadas em Brasília, a mais conhecida no país é o futebol americano, que ganha novos times e praticantes a cada ano. E a capital é uma das pioneiras no esporte. Hoje a cidade tem quatro times, sendo um deles um dos melhores do Brasil, o Tubarões do Cerrado.
Enquanto o futebol americano cresce, o críquete patina quando o assunto é espalhar o esporte pelo país. Brasília é uma das únicas cidades em que é possível encontrar gente praticando o esporte. O número de atletas é restrito e, mesmo não tendo tanta estrutura, o time feminino brasiliense Calangos representa o Brasil em competições internacionais.
Carolina Dela Passe, designer de interiores, que faz parte do time, comenta as dificuldades de jogar críquete no Brasil. “Nós trazemos os equipamentos de proteção e o taco de fora, não vende no Brasil”, diz.
Em fevereiro passado o time participou do campeonato sul-americano, mas, se dependesse de incentivos ou patrocinadores, nem teria competido. “Tivemos de comprar nossas passagens para a Argentina. Tiramos o dinheiro do nosso bolso. Se não amássemos tanto o esporte, ele já teria desaparecido do mapa brasileiro”, critica a nutricionista Juliene Melo, que também é da seleção.
Fábio diz que o Distrito Federal (DF) concentra muitos jogadores de polo (bem mais que a média de outras regiões do país) e acredita que a tendência é de crescimento. “Temos cinco times aqui no DF. Isso não é pouca coisa”, fala. Ele comenta a situação do esporte no país: “Tem campeonato nacional que reúne até 50 times. Estamos mais fortes e competitivos a cada dia”, comemora.
MEXA-SE
Onde e quando você pode começar a praticar as principais modalidades de esportes estrangeiros em Brasília.
Rúgbi
de beisebol para as crianças
da comunidade Vargem Bonita:
"Beneficia a comunidade e
também o nosso esporte", diz
da Universidade de Brasília (UnB)
Quando: às terças e quintas-feiras, das 21h às 23h, e aos sábados
das 15h às 18h
Contato: (61) 9288-8726
Beisebol e softbol
Onde treinar: Setor de Clubes Sul (SCES), Trecho 1, Lote 1, no Clube Nipo
Quando: aos sábados
e domingos à tarde,
a partir das 14h30
Contato: (61) 9984-0621
Badminton
da Federação de Badminton
de Brasília, quer massificar o
esporte: capacitação de novos
professores de badminton
de Educação Física, na SQS 907/908
Quando: às terças
e quintas-feiras,
das 19h às 21h
Contato: (61) 9966-5888
Polo
Onde treinar: Setor Militar Urbano,
no 1º Regimento de Cavalaria
de Guarda
Quando: sem dias prédefinidos
Contato: (61) 9979-5911
que o polo é um esporte caro e inacessível
é equivocada
Onde treinar: Setor de Clubes Sul (SCES), Trecho 1, Lote 1,
no Clube Nipo
Quando: às terças, quartas
e quintas-feiras, a partir das 18h
Contato: (61) 8402-7504
Futebol americano
Agora brasileiros predominam no
nosso time", conta o camaronês
Cedric Jackson, presidente
do Brasília Rugby
Quando: às terças e quintas-feiras,
das 20h às 22h, e aos sábados,
das 15h às 18h
Contato: (61) 8209-5514