Delícia de bairro
Do segundo semestre do ano passado para cá, a administração de Águas Claras emitiu 80 alvarás para a área de culinária. Empresários impressionam-se com tamanho movimento e já veem o local como um novo polo gastronômico
Dez anos atrás, Águas Claras era um amontoado de lotes vazios e um grande canteiro de obras. Um ou outro comércio surgia no bairro, ainda que timidamente. A cidade, antes dormitório, cresceu e ganhou vida própria. Além de abrigar ao menos 150 mil pessoas em 31,5 km², tornou-se um polo gastronômico capaz de agradar a todos os gostos. Da culinária árabe à japonesa, o leque de opções é amplo e os preços, muitas vezes mais acessíveis.
De 2009 até o primeiro semestre de 2012, a Administração Regional de Águas Claras havia emitido 122 alvarás para a área de gastronomia. Do segundo semestre do ano passado até agora, já foram liberados 80 documentos. Em janeiro passado, o Mirante Plaza Gourmet, um empreendimento de 1,4 mil m², que dispõe de três lanchonetes, dois restaurantes, uma cervejaria, uma confeitaria e um açougue, impulsionou ainda mais o setor na região.
O jornalista Fernando Luz e a mulher, a economista Christiane Fleury, decidiram investir em uma marca já consolidada em Brasília. O resultado foi uma clientela fiel, com filas imensas na porta de uma das seis franquias do restaurante Peixe na Rede na capital, situada também no Mirante Plaza Gourmet e inaugurada em 6 de fevereiro. “Eu acompanhei a trajetória do colega jornalista Leonel da Mata e de sua mulher, Maria Luíza, que elaboraram pratos de tilápia cujo criadouro é deles mesmos, em sistema de piscicultura. Quando resolvi parar com o jornalismo, coincidiu com a abertura de franquias”, conta Fernando, referindo-se à criação da marca.
Com preços acessíveis e pratos sofisticados, como o “Filé Tropical” (acompanhado de arroz com gergelim, vinagrete, cebola roxa e abacaxi grelhado), o Peixe na Rede também se preocupa com a renovação frequente do cardápio. A franquia em Águas Claras tem capacidade para 118 clientes e mantém 36 funcionários. “O público de Águas Claras tem sido muito hospitaleiro, não apenas com meu restaurante, mas com o empreendimento como um todo, graças ao mix que temos”, conta.
Ele se diz surpreso com o bom retorno. “É outro tipo de público, mais jovem e muito mais família. A casa é um pouco de balada, como na Asa Sul, mas muito mais família”, detalha. Com 110 lugares, o Kojima recebe até três vezes a capacidade de lotação às sextas-feiras. “Nossa proposta era atender todo o público de Águas Claras, uma vez que muitos clientes da região se deslocavam até a Asa Sul para frequentar a filial (inaugurada em 1997)”, afirma o gerente Aguinelo Ferreira. A casa trabalha com dois cardápios: festival e à la carte. No primeiro, o cliente é servido na mesa, em uma espécie de rodízio, com uma variedade enorme de pratos, inclusive criações próprias, como o “Fantasia” – um sashimi com molho à base de azeite quente. O menu inclui combinados de sushis, sashimis e makimonos; além de robatas de camarão, peixe e polvo; tempura de 10 variedades e filé de peixe com camarão gigante ao molho de blueberry. “Temos ainda sobremesas que não estão no rodízio”, completa Faeirstein.
Um pouco abaixo, na avenida Castanheiras, o Primeiro Cozinha de Bar e Restaurante transformou-se num dos points mais agitados de Águas Claras. Aberto de terça a domingo, recebe até 250 pessoas – em média, são 2 mil clientes por semana. Rebecca Furtado, sócia do Primeiro Bar e Restaurante, observa que o natural é que as pessoas procurem boas opções de bar perto de onde moram. De acordo com o sócio-proprietário Thales Furtado, a localização e a decoração do bar são pontos fortes. “O Primeiro tem em sua marca ‘Cozinha de Bar’ e, por isso, nossa principal preocupação foi com o cardápio, desenvolvido pela chef Adriane Russo, que integra a sociedade com mais seis pessoas. A ideia foi oferecer os clássicos de boteco, como a picanha na chapa, ragu de rabada com agrião, salgados com toques diferenciados e o alho assado.
A costela, acompanhada de arroz branco, mandioca amarela, farofa e vinagrete, e a picanha classe grill feita na brasa, com os mesmos acompanhamentos, servem até quatro pessoas. Segundo Nereu, a Costelaria Boina Brasa recebe cerca de 500 clientes nos fins de semana. “Águas Claras tem um mercado de potencial muito interessante. Marcas consolidadas estão vindo para cá”, admite.