• (0) Comentários
  • Votação:
  • Compartilhe:

Gastrô | Doces »

O melhor de cada uma

A originalidade é a marca em comum entre as principais confeiteiras de Brasília. Com estruturas montadas no quintal de casa ou em cafés, conheça quais são as profissionais mais apreciadas do mercado

Leilane Menezes - Colunista Publicação:22/05/2013 19:22Atualização:22/05/2013 19:43

Uma fina camada de chocolate envolve o recheio de leite condensado no famoso bombom de morango da Maria Amélia (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
Uma fina camada de chocolate envolve
o recheio de leite condensado no
famoso bombom de morango da Maria
Amélia
O cheiro de chocolate sai da cozinha e chega à sala. Em segundos, perfuma a casa inteira. Impossível resistir ao aroma, que instiga a visita ao pecado da gula. Em Brasília, algumas das mais famosas doceiras transformaram o lugar onde vivem em uma fantástica fábrica de delícias, que ocupam lugar de destaque em eventos requintados. “A mesa de doces é sempre a vedete da festa”, diz o arquiteto e decorador George Zardo.


Com a ajuda de seis convidados, todos do ramo de festas, Encontro Brasília traz uma espécie de ranking das melhores confeiteiras da cidade, responsáveis pelos sabores que conquistam paladares exigentes. Elas revelam segredos e as origens das famosas receitas.


É fácil reconhecer os bem-casados de Alessandra Lazzarini. Eles têm mais recheio que os comuns e se apresentam em sabores muito além da tradicional massa de pão de ló com doce de leite. O cliente pode escolher entre creme de pistache, cereja, nozes, coco e chocolate. “Se ele quiser, criamos até uma nova receita, com os ingredientes que preferir”, conta Alessandra. Os bem-casados são o carro chefe da produção artesanal e podem ser vistos – e degustados, claro – no café Lale, na 411 Sul, inaugurado por Alessandra, em parceria com a chef Larissa Pissara, há um ano.


Alessandra Lazzarini especializou-se em bem-casados: 12 mil unidades comercializadas por semana (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
Alessandra Lazzarini especializou-se em
bem-casados: 12 mil unidades
comercializadas por semana
As sócias vendem 12 mil unidades do doce por semana. Há uma infinidade de embalagens, a preços variados, que acompanham o pequeno bolo. A fama dos doces já extrapolou o Distrito Federal. As criações já viajaram para Belo Horizonte, Vitória e Manaus. “Vai tudo de avião e chega fresquinho”, garante Alessandra. Elas vendem, ainda, outras 5 mil unidades de doces variados, semanalmente, e 20 bolos decorados, a cada fim de semana.


O primeiro segredo de um bem-casado perfeito é não cheirar a ovo. Para isso, Alessandra adota um processo de produção delicado. “São dois dias para concluir a receita. Primeiro, assamos e recheamos. Depois, banhamos na calda de açúcar. O doce fica em ambiente com temperatura ideal, uma câmara fria, para secar e cristalizar”, explica. Além disso, é importante usar os melhores ingredientes e garantir a leveza de sabores e texturas. Alessandra é formada em gastronomia pela faculdade Estácio de Sá. Começou a produzir doces em casa, no Lago Sul. Logo, o espaço ficou pequeno para as encomendas.


O tradicional pão de  ló com doce de leite é um dos preferidos das noivas: recheio extra para diferenciar os bem-casados (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
O tradicional pão de ló com doce de leite
é um dos preferidos das noivas: recheio
extra para diferenciar os bem-casados
Também no Lago Sul, Cecília Falcão fez da própria casa local de trabalho. Há 12 anos, ela fornece doces artesanais para casamentos, aniversários e batizados. “Tenho muitos clientes fiéis. A gente acaba acompanhando todos os momentos especiais da vida deles, do casamento ao nascimento dos filhos”, diz Cecília, que herdou da avó o amor pela culinária. Ela oferece 150 variedades de doces, além de bolos decorados e maquetes. Vende até 30 mil unidades todo mês.


A trouxinha de massa filo, que pode ser recheada de damasco, queijo com goiabada, banana e cupuaçu, é uma das favoritas. Uma fornada leva quatro horas para ficar pronta. “A massa é como uma folha de papel, são três camadas. Recheio com o doce já frio, para ficar no formato ideal”, diz. “A trouxinha é sensacional, algo de uma delicadeza única. O diferencial de Cecília é oferecer um produto todo feito à mão, apresentado com muita beleza e rico em detalhes”, explica o cerimonialista Cesar Serra.

Cecília Falcão produz seus famosos doces em casa: segredo é manter o processo artesanal (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
Cecília Falcão produz seus famosos doces em casa: segredo é manter o processo artesanal

Outra iguaria que somente Cecília oferece é um pequeno limão recheado de doce de leite. “Faço com fruta colhida especialmente para mim, no tamanho ideal e trazida da minha terra, o Mato Grosso”, explica. A maior parte das receitas de Cecília é herança de família, por isso, valoriza os ingredientes do Centro-Oeste brasileiro. Ela aceita apenas duas encomendas por fim de semana. É preciso pedir com meses de antecedência. “Tudo passa pela minha mão. Atendo pessoalmente e levo os doces até a festa. Não sou uma indústria”, enfatiza a doceira.


Mais de 200 sabores compõem o menu de Cecília Falcão: opções vão dos clássicos aos sabores regionais
 (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
Mais de 200 sabores compõem o menu
de Cecília Falcão: opções vão dos clássicos
aos sabores regionais
As melhores confeiteiras da cidade têm algo em comum: trazem o talento para a gastronomia no DNA. A família Labecca é uma mistura de descendentes italianos e árabes, duas nacionalidades de culinária rica. Desde pequenas, as crianças da família viam as mães e avós criarem receitas saborosas. A avó materna de Flávia, Amanda e Fernanda Labecca era dona de um buffet. Algumas das receitas usadas pelas três irmãs, que são sócias em um café e na fabricação de doces por encomenda, vieram das matriarcas.


Flávia cozinha desde os 10 anos. Aos 16, iniciou cursos no Brasil e no exterior para aperfeiçoar a técnica. Atualmente, as trufas de chocolate 100% belga são as mais pedidas. Não podem faltar no cardápio das festas mais refinadas da cidade. Outro carro-chefe é a torta de Kitkat, feita com brigadeiro caseiro e decorada com bombom e confeitos. “Essas duas opções agradam todos os paladares”, garante Amanda Labecca.
O segredo, além das técnicas aprendidas ao longo de mais de uma década, é usar os melhores ingredientes e manter o produto sempre fresco. Encomendas de tortas devem ser feitas com um mês de antecedência, devido à demanda de clientes. No café Labecca, no Lago Sul, é possível experimentar todos os itens, a qualquer momento. “O poder de criação da Flávia é incrível, ela demonstra muita originalidade”, diz o arquiteto George Zardo, que assina a decoração de festas requintadas.

Destaque para a torta Kitkat do café Labecca: brigadeiro caseiro e biscoito se misturam na 
campeã de vendas (Divulgação)
Destaque para a torta Kitkat do café Labecca: brigadeiro caseiro e biscoito se misturam na campeã de vendas

A doceira Maria Amélia, diferentemente das outras eleitas, produz em larga escala, mas não deixa de lado características artesanais. Uma das mais conhecidas no ramo, ela emprega 100 pessoas. Supervisiona o trabalho de cada um e determina: o acabamento deve ser manual. Neste mês, Maria Amélia vai inaugurar a primeira fábrica de doces finos de Brasília. “A dedicação permanecerá a mesma. Não seremos uma indústria como outra qualquer. Estar presente, acompanhar o passo a passo da feitura, faz toda a diferença”, conta Maria Amélia.


Com um cardápio composto por mais de 200 opções, um dos mais pedidos é o bombom de morango. Uma fina camada de chocolate ao leite envolve o recheio cremoso de leite condensado. O segredo é fazê-lo pouco antes da entrega, para que a fruta não fique molhada nem se altere o sabor. O de leite condensado coberto com sucrilhos também é sucesso. Entre os bolos, o de nozes com damasco e o de Ferrero Rocher saem na frente. “Usamos tipos de farinhas diferentes para cada receita, doce ou salgada. Há vários detalhes”, ensina.

Flávia (à esquerda), Amanda e Fernanda Labecca: talento em família e reconhecimento 
dos brasilienses (Ronaldo de Oliveira / CB / DA Press)
Flávia (à esquerda), Amanda e Fernanda Labecca: talento em família e reconhecimento dos brasilienses

Maria Amélia nasceu em Bambuí (MG) e aprendeu a arte da confeitaria com Dona Terezinha, uma amiga da família. “Ela é a papa dos bolos na minha cidade. Uma sala na nova fábrica terá o nome dela”, conta a doceira. Além da fábrica, Maria Amélia mantém dois cafés e já tem uma franquia, em Águas Claras. A empresa está há 12 anos em Brasília e começou na casa da proprietária.


Marina Lucia Dourado está há 22 anos no mercado: 'Há muitos doces que as pessoas só encontram aqui' (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
Marina Lucia Dourado está há 22 anos
no mercado: "Há muitos doces que as
pessoas só encontram aqui"
Uma das veteranas desse mercado, Marina Lucia Dourado trabalha na área há 22 anos. Viajou a vários países em busca das receitas ideais. Aos 13 anos, fez o primeiro curso e nunca deixou de aperfeiçoar o conhecimento.

 

Agora, aposta na inovação. “Temos 200 variedades e sempre acrescentamos novidades. Desde o princípio, investi em produtos de primeira linha. Era um serviço escasso em Brasília quando comecei”, lembra Marina.


O resultado desse investimento é a fama conquistada entre os principais organizadores de festas da capital. “Além da qualidade do produto, Marina ganha destaque pela bela apresentação dos doces”, ressalta Cesar Serra.

 

Receitas tradicionais como o casadinho e as trufas são as mais pedidas. Os mais inusitados, a exemplo do copinho de tapioca, da flor de goiabada e do quindim de pistache, também agradam. “Há muitos doces que as pessoas só encontram aqui”, orgulha-se Marina.

São 200 variedades de doces e a confeiteira Marina Lucia Dourado sempre acrescenta novidades (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
São 200 variedades de doces e a confeiteira Marina Lucia Dourado sempre acrescenta novidades

A doceira está sempre atenta às medidas de cada ingrediente, que devem ser exatas, e ao ponto do chocolate. “Não adianta misturar parafina, todo mundo percebe”, diz. A loja tem equipe de 50 profissionais, entre eles, nutricionistas e engenheiros de alimento. Marina oferece uma linha especial, com opções sem glúten, diet e sem lactose.

 

 

Maria Amélia tornou-se uma grife: negócio iniciado em casa virou franquia (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
Maria Amélia tornou-se uma grife: negócio iniciado em casa virou franquia

Campeã de vendas da Maria Amélia: a minitorta Ferrero Rocher é adornada com um macaron (Minervino Júnior / Encontro / DA Press)
Campeã de vendas da Maria Amélia: a minitorta Ferrero Rocher é adornada com um macaron

COMENTÁRIOS
Os comentários estão sob a responsabilidade do autor.

BRASILIENSES DO ANO