Pronto para decolar
Ainda neste mês serão abertas as propostas de grupos econômicos que se apresentarem para a licitação de ocupação do Parque Tecnológico Capital Digital. A previsão é de que os investimentos privados cheguem a R$ 1,2 bilhão nos próximos três anos
Mais uma cidade está prestes a nascer na capital do país. Um centro de 137 hectares, com tamanho e consumo de energia semelhantes a bairros como o Setor Noroeste, vai começar a surgir na região do Lago Norte: o Parque Tecnológico Capital Digital (PTCD). O projeto prevê a instalação de empresas, institutos de pesquisa, escolas, universidades, além da infraestrutura necessária para a nova comunidade. Tudo voltado para um tema: o conhecimento científico, a tecnologia da informação e da comunicação (TIC) e a inovação.
A ideia surgiu há mais de 12 anos, mas nunca foi colocada em prática. Em 29 de maio, a Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap) chega à fase decisiva de uma licitação deflagrada em março para contratação da empresa responsável pela construção. É a hora da abertura das propostas de grupos econômicos que se apresentarem para o negócio.
Será um teste no mercado para o empreendimento que vai exigir um investimento privado de R$ 1,2 bilhão nos próximos três anos. “Muitos grupos já nos procuraram demonstrando interesse. Fizemos um estudo detalhado que indica a viabilidade econômico-financeira do projeto”, afirma o diretor de Prospecção e Formatação de Novos Empreendimentos da Terracap, José Humberto Matias de Paula. “É rentável para a iniciativa privada e representa um benefício para o interesse público”, diz.
Conforme o projeto do governo, a aposta empresarial será compensada com a exploração do espaço e a locação de áreas para empresas que quiserem se estabelecer num local todo voltado para o setor de tecnologia, um mega shopping de informática. A expectativa da Terracap é de que o PTCD seja um centro onde os negócios atinjam a cifra de R$ 6 bilhões anuais e atraiam 1,2 mil empresas com geração de 25 mil empregos diretos.
Pode parecer ousado, mas o Governo do Distrito Federal espera criar as condições para ver surgir em terras candangas um novo Vale do Silício, região da Califórnia que se tornou o berço da tecnologia da informação e comunicação (TIC).
O secretário de Desenvolvimento Econômico do DF, Gutemberg Uchôa, acredita que isso é possível. “É preciso que o parque tecnológico seja um ambiente que atraia a universidade e investidores que querem apostar em inovação tecnológica. Há fundos de private e venture capture de olho em novos talentos”, diz.
Numa parceria com a Universidade de Stanford, o Vale do Silício possibilitou o surgimento de empresas de sucesso mundial como a Apple, o Google e a Yahoo. Nenhuma gigante da informática se apresentou até agora para se instalar na Cidade Digital, mas a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil inauguraram no local, em março, um conjunto de prédios destinados a equipamentos de TI das duas instituições financeiras.
O investimento no Datacenter, a base de dados dos bancos, vai chegar a R$ 900 milhões, com estrutura de segurança máxima que conta com mecanismos de prevenção e combate a situações de risco extremo, a exemplo de explosões e quedas de avião. “A Caixa e o Banco do Brasil funcionam como âncoras para incentivar a atração de empresas”, acredita o governador Agnelo Queiroz.
A Terracap entra com a área, com um investimento de R$ 1,1 bilhão, e se torna sócia no empreendimento. Não há no país um parque tecnológico nesses moldes, pelo tamanho da área e pelo volume de investimentos.
A Tecnologia da Informação
No Brasil
Sexto maior mercado de TI do mundo
70 mil empresas
Volume de negócios próximo de R$ 200 bilhões
Mais de 1,2 milhão de trabalhadores
No Distrito Federal
Terceiro maior mercado do país
3,5% do PIB do DF, o dobro da indústria de transformação 700 empresas
Volume de negócios: R$ 6 bilhões
Cerca de 30,3 mil postos de trabalho
Números
Custo do projeto:
R$ 2,3 bilhões, sendo R$ 1,1 bilhão o valor do terreno cedido pela Terracap
Potencial de atração: 1,2 mil empresas e geração de 25 mil empregos diretos
Faturamento anual previsto: R$ 6 bilhões
Área do Parque: 137 hectares, divididos da seguinte forma: Empresas (96 hectares)
e o restante em lotes para a Escola Superior de Software e Instituto Federal de Brasília, Data Center Banco do Brasil-Caixa Econômica Federal, Secretaria de Ciência
e Tecnologia, Datacenter do Banco de Brasília (BRB) e Subestação elétrica