Agulhas poderosas
Por suas mãos passam diariamente políticos em busca de alívio para diversos males. Detentor da técnica milenar desde os 18 anos de idade, o acupunturista chinêsGu Hang Hu coleciona pacientes fiéis e poderosos desde que chegou a Brasília, em 1987
Era 1º de janeiro de 2003. Durante a posse do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o acupunturista Gu Hang Hu, de 63 anos, assistia à cerimônia pela tevê quando notou que Lula levava a mão ao ombro sempre que cumprimentava as pessoas. Por um capricho do destino, uma ligação do Palácio da Alvorada, alguns dias depois, selou a aproximação dos dois. Às 21h45 de 25 de janeiro de 2003, Gu, 45 anos dedicados à técnica milenar da medicina tradicional chinesa, começou a aplicar as agulhas pelo corpo de Lula, em sessões realizadas no palácio, que permitiram ao então chefe de Estado aliviar a incômoda dor provocada pela bursite.
A habilidade e o conhecimento do chinês de estatura baixa e humor fino chamaram a atenção de personalidades do mais alto escalão de Brasília. Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Defesa, Celso Amorim, o ex-ministro Antonio Palocci e os senadores José Sarney, Cristovam Buarque, Álvaro Dias e Aécio Neves se trataram com o chinês.
O Centro de Tratamento Oriental de Brasília chama a atenção pela simplicidade. Na recepção para 10 lugares, vasos de plantas disputam espaço com a imagem de um pequeno Buda sobre um aparador. As paredes revelam fotos de Gu Hang Hu e do filho Gu Zhou Ji, de 35 anos, também acupunturista, ao lado de Lula, Sarney e Dilma Rousseff. “Gu, viva a agulha” foi a dedicatória, escrita em próprio punho pela presidente.
“Ela veio ao consultório à noite. Estava trabalhando muito, com muita tensão e dores na coluna”, lembra. “Hoje, tem bastante energia para trabalhar. A relação com a nossa presidente é de muito respeito. Nós nos tornamos amigos. Considero a saúde de Dilma muito importante, pois ela é a ligação com o povo. Se Dilma tem a saúde boa, terá mais energia para cuidar do povo.”
Budista, Gu foi a um templo para tirar a sorte. “No mundo, no lugar mais distante está a sua vida” foi o conselho recebido. Ele não teve dúvidas e desembarcou em Brasília. Isso foi em 1987. Oito anos depois, durante visita ao mesmo templo, tirou a mesma sorte. Para Gu, a resposta está no destino. “Brasília é um lugar muito especial para nós.”
Com o poder de cura
Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como método de tratamento complementar, a acupuntura remonta à pré-história chinesa e é indicada para mais de 80 tipos de doenças. Tem efeito especialmente rápido para os casos de estresse, dores de coluna e muscular, insônia e desequilíbrio hormonal.
A técnica da medicina tradicional chinesa trabalha com a manipulação e o equilíbrio de energia no organismo. Segundo Gu Zhou Ji, no corpo humano, além da circulação de sangue e de linfa, existe a movimentação de energia. “Os canais por onde essa energia circula são chamados de meridianos. Por sua vez, eles estão interligados pelos pontos de acupuntura, espécies de janelas de troca de energia.”