Refúgios urbanos
O Distrito Federal tem vários parques, oásis verdes em meio à cidade. Encontro Brasília visitou cinco deles: veja as vantagens e os problemas de cada um
O servidor público Danilo Pires optou recentemente por se mudar para a 214 Norte por causa da proximidade com o Olhos D'Água. “É um ambiente saudável. Aqui, meu filho tem espaço para brincar e correr e eu posso fazer meu exercício diário”, relata.
No ano passado, o governo do Distrito Federal inaugurou o Parque de Uso Múltiplo da Asa Sul, localizado na 613/614 Sul. Os moradores destacam as vantagens de tê-lo perto de casa. “Na Asa Norte, tem o Olhos D'Água. Aqui, não tínhamos nenhum. Não preciso mais pegar o carro para fazer minha caminhada”, comemora o militar da reserva Pedro Paulo Ferreira. Mas, apesar de recém-inaugurado, o parque já apresenta problemas. O banheiro está interditado há mais de um mês. “Não há chuveiro. Não posso caminhar, me arrumar aqui mesmo e ir trabalhar”, acrescenta. A falta de segurança também preocupa. “Vir à noite, nem pensar. É mal iluminado e perigoso”, queixa-se Pedro Paulo. Já Suely de Souza, mãe de dois filhos, elogia: “Venho diariamente trazer meus filhos para brincar. Faltava um espaço assim na Asa Sul”, elogia.
Entre os seis parques do programa está o do Sudoeste. A nutricionista Vanessa Schwab e a dona de casa Iraci Hoffman se conheceram ali e exaltam o poder de integração do espaço. “As pessoas acabam conhecendo seus vizinhos, fazendo amizades. Isso quebra um pouco da impessoalidade dos apartamentos”, acredita Vanessa. Iraci é matriculada em uma academia, mas diz que tem ido cada vez menos malhar lá. “Prefiro me exercitar no parque, ao ar livre”, opina.
Porém, há falhas. “Tem uma pista para corrida e outra para bicicletas e patins, mas são mal sinalizados. Meu filho quase foi atropelado”, alerta Vanessa. O aposentado Cláudio Navarro propõe que o parque tenha uma programação cultural, para atrair e integrar os moradores. “Podiam fazer um teatro infantil a céu aberto quinzenalmente ou, então, trazer uma banda de colégio para tocar aqui, aos sábados”, acredita. Uma medida mais urgente, segundo ele, é fazer uma área coberta. As árvores ainda não cresceram, então o local está praticamente sem sombra”, reclama Cláudio.
Com 4,2 km², o Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek faz parte da história de Brasília. Está na memória dos brasilienses que brincavam no Parque Ana Lídia, que iam ao parque de diversões Nicolândia e dos fãs de Renato Russo, que imaginavam o encontro entre Eduardo e Mônica, casal-símbolo da obra do líder da Legião Urbana.
Recebe, em média, 40 mil pessoas em dias de semana e até 80 mil aos domingos.
Estrutura para comportar tanta gente é difícil. “De uns anos para cá, o parque melhorou muito”, acredita a cientista política Ana Paula Rodrigues. Já o casal Ricardo Lima, autônomo, e Raquel Rodrigues, servidora pública, pontua problemas. “No banheiro, não tem papel higiênico, nem sabonete. Alguns bebedouros estão estragados”, critica Ricardo. O GDF anunciou que investirá R$ 25 milhões em sua revitalização. A pista de caminhada, o Parque Ana Lídia, o acesso à 912 Sul, entre outras áreas, passarão por melhorias.
Fora do Plano Piloto, em meio a prédios gigantes e construções, os moradores de Águas Claras encontram um lugar sereno e com muita área verde para relaxar e fazer exercícios. “Eu e meus amigos nos reunimos umas três vezes por semana. Andamos de patins, jogamos futebol, fazemos piquenique”, enumera Jean Carlos Barbosa. A amiga dele, Lara Cibelle, completa: "O parque é o melhor local para se divertir em Águas Claras. Nas férias viemos até quatro vezes por semana". O futevôlei, no entanto, é a modalidade que predomina. Há seis anos, um grupo de amigos se reúne diariamente para bater uma bola. “É a nossa praia”, diz o professor Nereu Costa. Ele montou até uma escolinha de futevôlei no local. “Temos 60 alunos. Vamos disseminar a prática, ensinar a molecada desde pequeno”, espera.