"De camarote"
Os poucos mirantes da capital têm um charme imperdível, já que Brasília vista do alto é de uma beleza encantadora. Saiba quais são os melhores lugares que permitem um outro olhar sobre a cidade
Oscar Niemeyer, o homem que esculpiu a capital federal, dizia que moradores e visitantes podiam gostar ou não da cidade, mas nunca afirmar terem visto coisa parecida. Do alto, a lógica do arquiteto faz ainda mais sentido: o Plano Piloto é mesmo único, incomparável e hipnotizante.
Encontro Brasília elencou os principais pontos de onde se pode contemplar a cidade de camarote, sem precisar sobrevoá-la. Erguida no Planalto Central, sem grandes declives, Brasília está a uma altura de 1 mil a 1,2 mil metro acima do nível do mar. Com o tombamento que impõe regras de construção, são raros os arranha-céus, restritos aos setores hoteleiro, comercial, bancário e de autarquias norte e sul. Assim, não há muitos lugares para olhar a cidade de cima, o que torna os poucos existentes bastante disputados e valorizados pelos brasilienses, de nascença ou de coração.
Do alto, Brasília parece menor. A visão panorâmica apresenta uma cidade compacta a quem se escora nas grades da torre. “E esse céu tão limpo?”, diz, com entusiasmo, a carioca Cláudia Regina de Jesus em um domingo sem nuvens. Pela primeira vez na cidade, ela e o marido, Luiz Carlos, descobriram o mirante e ficaram encantados com o que viram lá de cima. “Ainda bem que nós viemos aqui. É visita obrigatória”, emenda ele.
Buscar uma vista privilegiada da capital ajudou o corretor Ney Isolino a perder 18 kg em 10 meses. “Pedalar olhando para esse cenário é mais fácil. A visão da cidade transmite paz e estimula você a conseguir as coisas”, comenta ele, que, de bicicleta, chega a percorrer até 60 km na região da Academia da Polícia Federal, da Torre Digital e do Santuário da Mãe Peregrina de Schoenstatt, onde a reportagem o encontrou.
O templo religioso, às margens da DF-001, na altura do km 4, reúne peregrinos, ciclistas e visitantes que, além de pedir paz e proteção na capela de Nossa Senhora, se voltam para a capital e deixam o pensamento ir tão longe quanto parecem estar a Ponte JK e as asas Sul e Norte. O descampado com vegetação típica do cerrado revela Brasília de um ângulo bem diferente daquele visto do alto da Torre de TV, mas igualmente impactante. “Depois de contemplar uma beleza dessa, tem como começar a semana sem as energias carregadas?”, pergunta Ney.
Quase todo fim de semana, o casal sai do Setor Militar Urbano (SMU) e, acompanhado do filho de 4 anos, vai até o santuário. Sentados embaixo de uma das árvores, estendem uma toalha, preparam o chimarrão e, em família, curtem a paisagem, enquanto Marco Antônio brinca de pintar ou de correr pelo gramado. “Esse lugar nos deixa em paz”, repete Edilceu, insistindo em frisar um sentimento que, ao contemplar Brasília do alto, diria Niemeyer, ninguém poderá afirmar ter sentido coisa parecida.
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