Folclore nascido no cerrado
Para quem concebe cultura popular somente com tradição histórica, três grupos de Brasília mostram que na capital também se "inventam" diversificados tipos de manifestações
A inspiração surgiu da descoberta do cerrado, com o céu azul, a cachoeira e as matas. Hoje, o grupo, que conta com 15 integrantes, arrasta uma média de 35 mil pessoas durante o Festival de Cultura Popular, que acontece geralmente nos segundos semestres, desde 2005, em Brasília. O próximo está agendado para o fim deste mês, durante sete dias, mas até o fechamento desta edição a programação não havia sido divulgada.
A “brincadeira” cresceu tanto que ganhou a Orquestra Alada Trovão da Mata, composta por 30 pessoas, e inaugurou este ano o Centro Tradicional de Invenção Cultural, que oferece várias oficinas gratuitas à comunidade, incluindo danças populares, batuque, teatro de terreiro, figurino, comunicação, elaboração e captação de projetos voltados para a cultura popular.
“Ela é popular porque está dentro de cada um de nós. Temos como ponto de partida a nossa capital. Temos obrigação com o futuro, com a criação de nossas tradições.”
Foi também no cerrado que o Mambembricate buscou inspiração. Há 13 anos em atividade, o “grupo brincante itinerante” tem a proposta de fazer uma arte autoral, com uma assinatura própria. “Usamos instrumentos brasileiros como viola caipira, rabeca, cavaquinho, zabumba, instrumentos africanos, indígenas, portugueses e brasileiros”, explica o compositor, arranjador, violeiro e vocalista Chico Nogueira. Segundo o fundador do grupo, integrado por cinco músicos, a temática das canções derivou da observação da cultura popular brasileira. “Falamos muito de passarinhos, de flores e de frutas. De crianças, da chuva, do mar, de jabuticabeiras, de amor e de acolhimento”, explica Chico.
“Vai, cantando essa ciranda com seu coração. Plantando sementes de amor na imensidão.” A ciranda Oração, um dos grandes sucessos do grupo, aborda temáticas constantes nas apresentações: positividade, natureza, amor. Tudo numa vibração intensa. Além dela, merecem destaque o coco Pisa e o afoxé Presente. Em média, o Pé de Cerrado se apresenta de duas a quatro vezes por mês em diferentes locais da cidade. “A interação com o público ocorre por meio das brincadeiras da cultura popular, como ciranda, coco, quadrilha, banda de pífano. Os espectadores também são estimulados por dois brincantes (palhaços) do grupo, que descem do palco e rompem essa barreira de palco e público, convidando as pessoas a serem parte do espetáculo”, acrescenta Pablo Ravi.