Brasília zen
A meditação atrai cada vez mais pessoas dispostas a conseguir qualidade de vida em meio à rotina atribulada. A prática do silêncio proporciona alívio das tensões, sono tranquilo e aumento da concentração
No local, acontece a prática da meditação transcendental. A técnica leva a um estado de repouso em alerta: a mente se recolhe do campo dos sentidos, mergulha para dentro. Quem pratica começa a perceber os pensamentos desde um nível mais superficial da mente até um nível mais sutil. “Esse é um estágio que só experimentando para entender”, comenta o instrutor Mário José Pinto. Uma vez que a pessoa passa pelo curso, está apta a praticar a técnica para o resto da vida.
Com a prática, há um aumento da capacidade cerebral. Segundo o instrutor, quem medita passa a usar regiões do cérebro normalmente não estimuladas. Com isso, há uma série de benefícios para o organismo, tais como a melhora na memória e na qualidade do sono, além do aumento da concentração. Algumas dessas vantagens começam a ser percebidas imediatamente. “Não é um milagre. Mas as pessoas passam a dormir melhor, por exemplo, porque há a liberação da tensão.”
O instrutor pratica a meditação transcendental desde 1998, quando passava por uma depressão. Na época, pesquisou sobre o assunto e viu na técnica uma forma de, por contra própria, se livrar de preocupações. Interessou-se por ela por não ser um conjunto de dogmas. “Há uma série de pesquisas científicas por trás. Apesar de ser uma técnica indiana milenar, não é ligada a religião.”
O estudante de direito Pedro Mendonça pratica a meditação transcendental desde março. Ele queria ter mais foco nos estudos. Ultimamente, tem praticado todos os dias, de manhã e à tarde.
Normalmente, em casa, mas o carro e até uma cachoeira, durante uma viagem, foram lugares que já usou para meditar. O resultado de tudo isso, para ele, tem sido impressionante. “Agora, consigo me acalmar mais facilmente e organizar melhor o meu dia a dia. Estou tentando mudar a minha vida como um todo, e a meditação tem sido parte disso”, comenta.
O grupo que Leila instrui na igreja Bom Jesus está vinculado à Comunidade Mundial para Meditação Cristã. Segundo a orientadora, o padre John Main foi o responsável por resgatar a tradição da meditação dentro da Igreja Cristã. Hoje, o coordenador é o monge beneditino Dom Lourence Freeman. Nessa vertente, o mantra usado é a palavra maranatha, que significa “o Senhor vem”. Ela serve para dar foco à mente. “Você vai falando interiormente esse mantra até todo o turbilhão mental ir apaziguando e assim mergulhar numa zona de silêncio”, explica.
Na Asa Norte, outra técnica de meditação é a vipassana. Trata-se de uma tradição que veio originalmente do budismo, mas que hoje é mais praticada no meio laico. De acordo com o instrutor Régis Guimarães, vipassana significa “ver as coisas como elas são”. “Do ponto de vista moderno, é chamada meditação da plena atenção”, explica. A prática visa aprofundar a concentração por meio da respiração. “Ela tem como objetivo aumentar a compreensão de como nós pensamos e termos a consciência do que realmente somos.”
De acordo com Régis, a meditação da plena atenção pode pacificar um cérebro tumultuado. “Se souber usar isso, posso trabalhar patologias como depressão, ansiedade e dores crônicas”, afirma. Isso pode ser complementar aos tratamentos convencionais. Na sede da Sociedade Vipassana de Meditação, a técnica é ensinada e há oportunidade de se praticar em grupo. “Isso consolida o aprendizado.”
Também na Asa Norte está o Centro de Estudos Budistas Bodisatva de Brasília (Cebb), onde é praticada a meditação silenciosa. Nela, existem várias técnicas que são ensinadas pelo diretor da organização, o mestre Lama Padma Samten, que visita os centros espalhados pelo país. Uma dessas técnicas, usada de forma introdutória, é a denominada Shamata, que não é ligada diretamente ao budismo. Trata-se de uma meditação pacificadora.
De acordo com um dos coordenadores do Cebb, Victor Gomite, essa pacificação é necessária porque perturbações surgem quando as pessoas interagem com o mundo por meio de relacionamentos, como se essas experiências fossem imutáveis – sendo que, na verdade, elas oscilam. “Por isso, temos a tendência de buscar apenas os aspectos favoráveis e isso acaba gerando ansiedade, porque as coisas nem sempre acontecem como queremos”, explica. A meditação silenciosa serve, então, para acalmar essa energia interna. “Trata-se de se concentrar nessa energia interna, que não flutua de acordo com as outras experiências que vivemos.“
Victor pratica o método há dois anos e meio e hoje sente liberdade frente às coisas que ocorrem em sua vida. “Não vou dizer que estou totalmente estável dentro das minhas emoções, mas hoje sinto que estou mais tranquilo, sereno, com a saúde melhor. Cuido mais de mim, valorizo mais a vida”, conta. “Mas esses benefícios são secundários. O principal é o equilíbrio interno.”
Meditação vipassana
Sociedade Vipassana
de Meditação SGAN 909,
módulo “F”. (próximo ao UniCEUB ao lado da Vara da Infância e Juventude)
Tel.: (61) 8481-2187
Meditação transcendental
QI 25, chácara 8, casa 3.
Lago Sul. Tel.: (61) 8290-0319
Meditação silenciosa
Centro de Estudos Budistas, Bodisatva de Brasília
CLN 309, bloco D, sala 16, subsolo. Tel.: (61) 8111-9222
Meditação cristã
Igreja Bom Jesus
CLS 601, módulos 3/4.
Tel.: (61) 3226-5553