Cardápio surpresa
Restaurantes sem menu fixo estão em alta em Brasília. A novidade já é sucesso entre clientes que gostam de aventuras gastronômicas
É preciso ter um paladar pouco restritivo e vontade de explorar novos sabores para entender a proposta. O primeiro a ousar foi o Trio Gastronomia, comandado pelo chef Emerson Mantovani, na 213 Sul. A casa não tem cardápio e oferece um ou dois pratos por dia.
Há também os frequentadores mais aventureiros, que deixam a escolha do menu totalmente a cargo do chef e só descobrem o que vão comer quando o prato vem à mesa. Esse formato é chamado de menu confiança.
Emerson costuma decidir o que cozinhar de acordo com o vinho ou cerveja especial escolhida pelo cliente, ao contrário do que fazem outros restaurantes. “Muitos frequentadores só informam suas restrições e me deixam livre para surpreendê-los. É uma forma incrível de se trabalhar a cozinha de autor, que é a proposta do Trio”, explica Emerson.
É sempre bom fazer reserva, para não correr o risco de encontrar o Trio Gastronomia fechado ou lotado. Muito além dos objetivos empresariais, Emerson Mantovani investiu nesse ramo por paixão. Trocou a profissão de advogado pela cozinha, que, para ele, é uma forma de arte, como a pintura ou a música. “Aqui, é onde eu me realizo, onde deposito toda minha criatividade e alegria”, define.
Embora o cliente jamais vá encontrar o mesmo prato no menu duas vezes, ele pode pedir ao chef, com antecedência, que prepare o que deseja degustar. “Recebo muitas ligações de gente que já veio aqui e gostaria de repetir o prato que comeu da outra vez. Sem problemas. Estamos aqui para satisfazer”, diz Emerson. O Trio Gastronomia foi inaugurado em dezembro de 2011. Depois disso, outros estabelecimentos com proposta semelhante apostaram no menu aberto.
Um dos pratos servidos recentemente foi o risoto de quinoa, camarão e aspargos. De entrada, tartare de linguado, com batata-doce, na manteiga de camarão. A casa privilegia ingredientes típicos de pratos brasileiros, como pequi, jambu e tucupi, combinados com sofisticadas técnicas de culinária europeia. “Funcionamos de uma maneira muito peculiar, em um espaço tranquilo e mais pessoal, para apreciadores do slow food (movimento que promove a maior apreciação da comida, sem pressa)”, explica a chef. O Samedi oferece ainda uma carta de vinhos selecionada. No mesmo espaço, funciona uma pequena loja de presentes, como compotas, livros de receita e utensílios de cozinha.
Drika Lima divulga o cardápio e outras informações no site do restaurante (www.samedigastronomia.com.br).
Rita vai ao mercado e à Ceasa diariamente, em busca de bons negócios. Aproveita todas as promoções, para baratear os custos, sem perder qualidade. O cardápio é bem brasileiro, com toques internacionais. Ossobuco, ragu, carne de panela e polpetone saíram da cozinha Sorbê no último mês. A hora da sobremesa, além dos sorvetes, pode ter tartelete de framboesa e pastel de nata, os preferidos do público, a depender da disposição da chef. “Aqui, fazemos tudo com muito carinho, como se fosse para servir a família. Nada é requentado de um dia para o outro”, diz.
O Nossa Cozinha Bistrô renova o cardápio mensalmente. O chef Alexandre Albanese retira e acrescenta novos pratos do menu quando a criatividade está aguçada. “Acontece de eu acordar de madrugada com uma ideia nova, uma receita, e me levantar da cama para anotar. No dia seguinte, executo. E, assim, nosso cardápio está sempre renovado”, explica Alexandre.
São nove opções de pratos no almoço e 12 no jantar. Entre eles, o risoto de picadinho com calabresa e o aromático tajine de frango com cuscuz marroquino com frutas secas, recentes no menu e sem data para serem retirados. “As pessoas não gostam muito de mudanças, mas se acostumam com a proposta. Clientes pedem pratos que já saíram do cardápio, como o curry de camarão, e nós fazemos com todo o prazer se tivermos os ingredientes”, explica Alexandre.