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A diferença de quem faz

Conheça as trajetórias de sucesso de brasilienses, de nascimento ou de coração, que se destacaram em 2013

Helena Mader - Redação Publicação:13/12/2013 15:28Atualização:13/12/2013 19:38

 

Incentivar a leitura, escrever livros, julgar com a consciência a despeito das pressões, contribuir para o desenvolvimento das cidades ao redor do Plano Piloto, fomentar o esporte, investir em obras, empreender sempre, projetar Brasília lá fora, seja nas relações internacionais, seja na cultura, seja na moda. São muitos os motivos que levam as pessoas a receber uma indicação de destaque. E não são poucas as dificuldades em reduzir o imenso contingente de “gente que faz e acontece” a 15 nomes, pinçados entre muitos merecedores, para figurar na lista de brasilienses do ano de Encontro Brasília.


Os escolhidos ajudaram a fazer de 2013 um período mais frutífero para Brasília, que passou por ele sem grandes sobressaltos no campo político, apesar das grandes manifestações que tomaram conta do país. Em compensação, as áreas cultural e esportiva foram efervescentes, em parte pela conclusão do novo estádio. Este ano encerra-se com histórias de sucesso boas de se contar. Que venha 2014, com Copa do Mundo e eleições gerais, eventos que vão sacudir a cidade.


Incentivar a leitura, escrever livros, julgar com a consciência a despeito das pressões, contribuir para o desenvolvimento das cidades ao redor do Plano Piloto, fomentar o esporte, investir em obras, empreender sempre, projetar Brasília lá fora, seja nas relações internacionais, seja na cultura, seja na moda. São muitos os motivos que levam as pessoas a receber uma indicação de destaque do ano. E não são poucas as dificuldades em reduzir o imenso contingente de “gente que faz e acontece” a 15 nomes, pinçados entre muitos merecedores, para figurar na lista de brasilienses do ano de Encontro Brasília.


Os escolhidos ajudaram a tornar 2013 um ano mais frutífero para Brasília, que passou por ele sem grandes sobressaltos no campo político, apesar das grandes manifestações que tomaram conta do país. Em compensação, a área cultural e esportiva foram efervescentes, em parte pela conclusão do novo estádio. Este ano encerra-se com histórias de sucesso boas de se contar. Que venha 2014, com Copa do Mundo e eleições gerais, eventos que vão sacudir a cidade.

 

Apesar de massacrado pela mídia, Celso de Mello não estremeceu ao dar seu voto de desempate do julgamento sobre os chamados embargos infringentes do mensalão: 'Juízes não podem deixar contaminar-se por juízos paralelos resultantes de  manifestaçõesda opinião pública' (Monique Renne/CB/D.A Press)
Apesar de massacrado pela mídia,
Celso de Mello não estremeceu ao
dar seu voto de desempate do julgamento
sobre os chamados embargos
infringentes do mensalão: "Juízes não
podem deixar contaminar-se por
juízos paralelos resultantes de
manifestaçõesda opinião pública"
Celso de Mello

 

O ministro mais antigo do STF foi peça-chave, em 2013,  no julgamento mais importante da história do Brasil

 

Perfil

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) 68 anos, casado, duas filhas

Nasceu em Tatuí (SP), mas mora em Brasília desde 1989

 

Para encontrar o ministro Celso de Mello em Brasília, basta ir a uma livraria. É em meio aos clássicos e às novidades da literatura que ele passa boa parte de suas horas vagas na cidade. Absorto e alheio ao reconhecimento público, o magistrado folheia dezenas de livros e alimenta o seu vastíssimo e enciclopédico conhecimento. O ministro mais antigo do Supremo Tribunal Federal (STF) é também um dos mais cultos e respeitados integrantes da corte. Em qualquer assunto, os votos de Celso de Mello são aulas de história. Ele faz citações à época imperial, ao Brasil colônia, e não deixa de mencionar as constituições que o país já editou. Bem embasados, os posicionamentos do ministro, há 24 anos no STF, não raro servem de norte para formar a opinião dos colegas.


Responsável por votos emblemáticos durante o mensalão, Celso de Mello se viu em meio a uma polêmica em setembro, ao aceitar recursos capazes de reverter a condenação de 12 dos 25 réus considerados culpados de envolvimento no escândalo. Como é sempre o último a votar, ele desempatou o julgamento sobre os chamados embargos infringentes. “Juízes não podem deixar contaminar-se por juízos paralelos resultantes de manifestações da opinião pública”, argumentou o decano da corte durante a análise do caso.


Apesar de ter sido alvo de duras críticas por conta do posicionamento nos recursos do mensalão, o episódio não abalou sua credibilidade. Desde que assumiu a cadeira, em agosto de 1989, ele proferiu votos de importante repercussão, como quando chancelou a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias e se posicionou favoravelmente à interrupção da gravidez de fetos anencéfalos.


Além de culto e discreto, Celso de Mello é conhecido pela simplicidade. Nascido em Tatuí (SP), o ministro vai com frequência à cidade natal, onde gosta de reencontrar os amigos e falar de futebol. São-paulino fanático, sabe de cor a escalação do time. Com os conterrâneos, não falta assunto sobre história e, por que não, um pouco de política.


“Ele dispensa todas as liturgias do cargo. Em Brasília, só anda de táxi, não faz nenhuma questão de motorista oficial. Fica na fila, como qualquer cidadão, e é extremamente respeitoso. Uma figura rara”, comenta José Erasmo Peixoto, um amigo de adolescência.


Hoje, a menos de dois anos da aposentadoria compulsória, é forte a especulação sobre uma possível saída antes de 2015. Apesar das dúvidas sobre o destino do magistrado, há um consenso: enquanto permanecer como integrante da Suprema Corte brasileira, Celso de Mello vai abrilhantar os julgamentos e enriquecer o debate sobre os principais temas do país.

 

Foi o novo estádio que rendeu a maior bilheteria do Campeonato Brasileiro: 'Errou quem apostou contra' (Minervino  Júnior/Encontro/D.A. Press)
Foi o novo estádio que rendeu a maior
bilheteria do Campeonato Brasileiro:
"Errou quem apostou contra"
Agnelo Queiroz

 

Em 2013, o governo bateu recorde de investimentos em escolas, infraestrutura e hospitais. Além disso, desfez as dúvidas sobre o sucesso do novo estádio: em seis meses, recebeu 600 mil pessoas

 

Perfil


Governador do Distrito Federal e médico, 55 anos, casado e tem dois filhos

Nasceu em Itapetinga (BA), mas se mudou para Brasília em meados da década de 1980

 

Se 2013 tem uma marca para o governo de Agnelo Queiroz, esta é o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Inaugurada em maio, a arena com capacidade para 72 mil torcedores consolidou-se como um dos campos de futebol mais importantes do país. Caiu o mito de que a grande obra, que consumiu R$ 1,5 bilhão, seria um elefante branco sem condições de atrair um grande público fora da Copa do Mundo.


Em seis meses de operação e 17 eventos, o Mané Garrincha recebeu mais de 600 mil pessoas, quase o dobro do público que a estrutura antiga conseguiu em 36 anos. Foram 13 partidas de futebol, entre as quais a abertura da Copa das Confederações, com o jogo entre Brasil e Japão; um evento institucional e três shows. A apresentação da cantora pop Beyoncé levou 30 mil pessoas ao estádio.


Para o governador do Distrito Federal, a estreia do Mané Garrincha dentro do prazo previsto e acertado com a Fifa foi uma vitória. Agnelo acompanhou o dia a dia da obra, cobrou resultados e adiou a inauguração para ter certeza de que o empreendimento estava dentro dos padrões de qualidade para a Copa de 2014. “O sucesso de público mostrou que errou quem apostou contra o estádio. O Distrito Federal reúne torcidas do país inteiro ,e todos os times querem jogar aqui”, diz Agnelo.


Basta dizer que, neste ano, o Campeonato Brasileiro de Futebol teve o maior público no Mané Garrincha. A partida entre Flamengo e Santos bateu recorde de torcedores, 63.501 pessoas, e de renda, R$ 6,9 milhões.


Durante a Copa, o Mané Garrincha vai receber sete jogos, o maior número entre todas as cidades-sede, empatado com o Maracanã. “E ainda estamos na disputa pelo Leed Platinum, que pode premiar o estádio como reconhecimento de que a construção é altamente sustentável”, afirma o governador. A arena de Brasília pode ser a primeira da história a receber o selo internacional.


O secretário da Copa, Cláudio Monteiro, acredita que o ano foi muito promissor para o esporte em Brasília. “Além da inauguração do estádio, Brasília foi eleita sede da Universíade (os jogos de verão de 2019, o maior evento universitário do mundo), o que coloca a cidade num patamar internacional”, aposta.


No campo da política, Agnelo marcou um gol ao conseguir fechar um acordo para reedição da aliança entre PT e PMDB. “Depois de dois anos difíceis, arrumando a casa e os problemas que herdamos, em 2013 pudemos fazer muitas realizações”, diz o governador.


Foi um ano de desempenho recorde nos investimentos. Até novembro, o GDF tinha aplicado R$ 2,2 bilhões em obras de infraestrutura, construção de escolas e melhorias nos hospitais.

 

'O grande acontecimento nestes 50 anos é o sucesso da Brasal. Todas as empresas que iniciamos cresceram', diz Osório Adriano Filho (Minervino  Júnior/Encontro/D.A. Press)
"O grande acontecimento nestes 50
anos é o sucesso da Brasal. Todas
as empresas que iniciamos cresceram",
diz Osório Adriano Filho
Osório Adriano Filho 

 

O homem que ajudou a construir Brasília comemora, em 2013, 50 anos da Brasal, uma das empresas
mais respeitadas da capital

 

Perfil

 

Fundador e presidente da Brasal, 84 anos, casado, três filhos

Nasceu em Uberaba (MG) e mora em Brasília desde 1957

 

Um dos pioneiros da capital, Osório Adriano Filho está em Brasília desde 1957. São 56 anos de residência na cidade que o acolheu assim que se formou em engenharia civil na Universidade de Miami. Veio a convite da Construtora Planalto e ajudou a mudar o acampamento que viria a se tornar a Vila Planalto. “Fui convidado a ajudá-los na construção de Brasília. Fiquei feliz porque meu pai era fazendeiro e isso aqui era uma grande fazenda”, conta.


Da terra vermelha, dos cajueiros e das visitas de lobos-guarás aos canteiros de obras, Osório guarda lembranças carinhosas. Afinal, começou ali o projeto que completou 50 anos em 2013 – a empresa Brasal. Hoje, são quatro segmentos de negócios: incorporações, veículos, combustíveis e bebidas, sendo a representante da Coca-Cola no Distrito Federal e Entorno, alcançando também parte de Goiás, Minas Gerais e Tocantins.


O grupo conta com cerca de quatro mil funcionários, dos quais grande parte tem mais de 20 anos de casa. Alguns são filhos dos primeiros empregados. “O grande acontecimento nestes 50 anos, que nos envaidece, para ser sincero, é o sucesso. Todas as empresas que iniciamos cresceram.”
Osório conta com a ajuda de dois filhos homens, que também tocam as empresas. “Mas quem manda sou eu”, brinca. No ano em que comemora cinco décadas de existência, o grupo entregou 700 apartamentos. E até o fim de 2013, o plano é expandir o faturamento em 23%, chegando a R$ 1,6 bilhão. E ainda tem a expectativa de finalizar uma nova revenda de carro em Ceilândia. Em parceria com a Odebrecht, a Brasal inaugurou um empreendimento comercial no Setor de Indústrias.


Nesse meio-tempo, além de atuar na área empresarial, Osório participou da vida política da cidade. Em 1990, foi candidato e venceu as eleições para deputado federal, sendo reeleito no mandato seguinte, em 1994.  Em 1998, entrou como suplente – fato que se repetiu em 2002 e 2006.  “Não sou mais candidato, mas tenho um orgulho muito grande de ter ajudado a nossa cidade, inclusive na política.”


Se as eleições não são mais um chamado tão sedutor, os planos empresariais seguem ao ritmo do acelerado crescimento de Brasília. Para os próximos anos, a empresa planeja construir uma nova fábrica de refrigerantes e, para isso, vai destinar um investimento de R$ 150 milhões.


No ramo de incorporações, estão encaminhados dois lançamentos no Setor Noroeste. “Nossa expectativa, agora, é pelo futuro e, se Deus quiser, vamos continuar crescendo. Progredir não é tão difícil, desde que se façam as coisas corretas, com qualidade”, ensina o empresário, que tem no currículo a fundação da Federação do Comércio do DF e da Federação das Indústrias de Brasília (Fibra), entre outros importantes cargos.

 

Roberto Azevêdo diz que deve muito de suas conquistas a Brasília: 'É o lugar onde me formei como pessoa' (Divulgação)
Roberto Azevêdo diz que deve
muito de suas conquistas a
Brasília: "É o lugar onde me formei
como pessoa"
Roberto Azevêdo

 

O primeiro brasileiro a ocupar o posto máximo da OMC está no auge da carreira em 2013

 

Perfil

Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), 6 anos, casado, 2 filhas

 

Ele até já se acostumou com anos de glória ao longo da vida e da trajetória profissional. Mas 2013 será daqueles difíceis de esquecer. Após uma campanha digna de reconhecimento, com o apoio de amigos e da mulher, a embaixadora Maria Nazareth, o soteropolitano com raízes na capital federal se tornou o primeiro brasileiro a ocupar o posto máximo da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Toda vez que acho que cheguei ao topo, surge um degrau a mais para ser galgado”, disse ele, por telefone, enquanto viajava a trabalho de trem de Genebra para Paris.


No cargo desde 1º de setembro, Azevêdo está “a todo vapor”, como ele mesmo define. Reconhecido como um diplomata de personalidade conciliadora e sereno nos momentos de crise, o diretor-geral da OMC espera que 2014 seja marcado por mais êxitos nas negociações comerciais. “E por muita torcida pelo Brasil na Copa do Mundo”, emendou, confiante na seleção de Felipão.


As idas e vindas entre Genebra (onde Azevêdo já morava) e Brasília tendem a ficar menos constantes. Essa distância, revela ele, só aumenta a saudade e o carinho que sente pela cidade onde chegou aos 15 anos, prestou vestibular, constituiu a família, consolidou-se na carreira e intensificou sua paixão pelo Fluminense. “Ao contrário de muita gente que desembarca em Brasília para servir ao governo, cresci na cidade. É o lugar onde me formei como pessoa. Há uma ligação afetiva muito grande”, comenta.


O diretor-geral da OMC desdenha dos comentários pejorativos sobre a capital do país, incluindo os que tentam atribuir a Brasília o título de “fria”. “É uma cidade como outra qualquer. Só é preciso conhecê-la”.


Após o curso de engenharia elétrica na Universidade de Brasília (UnB) e a aprovação no concurso das Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte), ele decidiu largar tudo para ser diplomata. A estratégia deu certo e a carreira evoluiu rapidamente até ele se tornar representante do Brasil na OMC em 2008.


Considerado um líder nato e sem autoritarismo, Azevêdo sempre teve bom trânsito em Genebra, sede da OMC. Desde o início, destacava-se nas reuniões pela sabedoria nos embates, além da fluência em inglês, francês e espanhol.


No trabalho e em casa, faz o tipo gentleman. Vive rodeado das mulheres de sua vida: a esposa e grande companheira, as duas filhas e as duas netas. Quando está em Brasília, dá um jeito de reunir os amigos para jogar bola, mesmo desrespeitando o joelho operado. É na capital do país que ele recupera as energias para alcançar mais anos de sucesso.

 

Julia e os amigos não têm lucro com as festas que promovem: 'Descobrimos o que a cidade tem de bom para oferecer'
 (Raimundo Sampaio / Encontro / DA Press)
Julia e os amigos não têm lucro com
as festas que promovem: "Descobrimos
o que a cidade tem de
bom para oferecer"
Júlia Hormann

 

Essa jovem brasiliense reuniu os amigos e criou o evento Picnik, misto de feira e festa que se tornou o maior sucesso da cidade

 

Perfil

 

Publicitária, criadora de eventos como Tutti-Frutti, Picnik e Quitutes da Orla, 27 anos, solteira

Nasceu em Brasília

 

Atribuir a Brasília o título de cidade fria e sem programas culturais é comprar um clichê que se passa por verdade, na base da repetição. Quem se propõe a enxergá-la sem preconceitos encontra uma capital jovem, com gente disposta a criar opções em vez de reclamar do tédio. A publicitária Julia Hormann, de 27 anos, é o nome por trás dos eventos mais inovadores de 2013. Idealizadora das festas Tutti-frutti, Picnik e Quitutes da Orla, Julia uniu-se a Miguel Galvão e a Carol Monteiro, também jovens brasilienses, para movimentar a agenda da cidade.


O Picnik, o mais popular entre as três criações do grupo, firmou-se como evento tipicamente brasiliense, com recorde de público de 10 mil pessoas, em maio, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A festa ocorre a cada dois meses, é informal e organizada entre amigos. Promove especialmente novos artistas, chefs e outros profissionais de Brasília, ao reunir expositores que vendem lanches, moda e arte, em meio a DJs ou bandas.


Os encontros são ao ar livre e abertos ao público, que paga somente pelo que consumir. No gramado da Funarte, a festa ocorreu com financiamento coletivo e arrecadação de
R$ 12 mil vindos do público, via internet, tornando-se um minifestival. O calçadão da Asa Norte também já serviu como cenário. A principal motivação para realizar esses encontros é o apreço por Brasília e pelos brasilienses.


São necessários dois meses de preparativos, antes de entregar o evento à cidade. Julia e os amigos não recebem pelo serviço. “Sentíamos falta de programas diurnos, sem aquele clima pesado de festas noturnas comuns, que têm excesso de bebidas e drogas. Queríamos privilegiar outras sensações, como o paladar”, explica Julia. Tudo começou com a Tutti-frutti, no quintal da casa dela e aberta para 150 pessoas. “No começo, nós tirávamos dinheiro do próprio bolso. Agora, temos um apoiador. As festas não nos dão lucro, mas também não temos prejuízo”, relata a publicitária, que segue em busca de patrocínio. Quem deseja vender produtos nos eventos paga uma taxa, que ajuda a custear as despesas com alvará e banheiros, por exemplo.


A Tutti-frutti é uma festa temática mensal. Nela, enquanto DJs tocam, chefs executam menu especial, relacionado ao tema. Já o Picnik privilegia talentos locais de diversas áreas. O Quitutes da Orla teve a primeira edição em novembro, com 7 mil pessoas, e ocorrerá a cada quatro meses. Ali, a gastronomia é a atração. As edições são itinerantes. “Uma geração que ama Brasília, que tem apego pela cidade e pelo que ela produz, amadureceu. Antes, via muita gente querendo ir para o Rio ou São Paulo. Hoje, valorizamos mais a nossa cidade, descobrimos o que ela tem de bom para oferecer”, afirma a publicitária. O próximo Picnik será dia 14 de dezembro, das 14h às 22h, no calçadão da Asa Norte.

 

Dra. Daniela garante a logística dos transplantes: 'Ajudar a salvar uma vida é motivo mais do que suficiente para estar disposta 24 horas por dia' (Raimundo Sampaio / Encontro / DA Press)
Dra. Daniela garante a logística dos
transplantes: "Ajudar a salvar uma vida
é motivo mais do que suficiente
para estar disposta 24 horas por dia"
Daniela Salomão

 

Coordenadora do setor de transplantes da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a nefrologista está à frente da equipe que, em 2013, pôs a capital no topo do ranking de cirurgias realizadas no país

 

Perfil 

 

Médica nefrologista, 48 anos. Casada, é mãe de três filho. É mineira, mas mora em Brasília desde 2005

 Poderia ser uma operação policial: helicópteros e aviões envolvidos e tempo cronometrado. Essa comoção, no entanto, tem nada menos que a sobrevivência de alguém como objetivo. Conhecida por não medir esforços,  Daniela Salomão, coordenadora do setor de transplantes da Secretaria de Saúde do DF, mobiliza o mundo ao redor por uma causa nobre: levar o órgão novo a quem espera por ele.


Em novembro, a médica não conseguia localizar um paciente receptor, que mora no Entorno. Daniela telefonou para a PM da região, que mandou uma equipe procurá-lo pessoalmente. Conseguiu um helicóptero para buscá-lo. O transplante foi um sucesso. “Uso todas as armas que tenho, mas não faço nada sozinha. As pessoas gostam de participar de um ato de solidariedade. Ajudar a salvar uma vida é motivo mais do que suficiente para estar disposto 24 horas por dia”, diz.


Em maio de 2013, o DF captou de uma só vez 30 órgãos, vindos de cinco doadores. Foi a primeira ação dessa magnitude na capital. Brasília bateu recordes de transplante de órgãos com 28 doadores por milhão de habitantes, no primeiro semestre do ano, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Tornou-se a primeira cidade no ranking nacional, proporcionalmente à população, e é a unidade da federação com mais transplantes, em números absolutos, de córnea e coração.


A melhoria do sistema de transplantes é creditada à boa gestão da equipe de Daniela. Em 2012, foram feitos 576 transplantes. “Os números de 2013 superam os anteriores”, garante a médica. “Melhoramos a rede de captação, a equipe cresceu. Aprendemos a nos comunicar com os bombeiros, com a Polícia Militar (PM) e com a Força Aérea Brasileira (FAB). Quando não há receptores compatíveis, outros estados podem buscar. Nós chegamos primeiro. Além disso, envolvemos os médicos da terapia intensiva, que cuidam de potenciais doadores, para garantir a qualidade do transplante”, explica Daniela Salomão.


Nascida em Belo Horizonte, ela cursou medicina no Rio de Janeiro. Mudou-se para Brasília em 2005, acompanhando o marido. Especializou-se em nefrologia e começou a atuar na área de transplantes. Em 2006, foi aprovada em concurso público e, um ano depois, recebeu convite para coordenar essa área.


“É uma experiência incrível participar de todo o processo. Antes, eu era transplantadora. Hoje, entendo que existe uma rede que tem de se comunicar para funcionar”, afirma a médica. No fim da corrida diária, o prêmio é a vida.

 

Vinicius, Miguel e Gabriel: planos para 2014 incluem a abertura de uma loja física (Minervino Júnior/Encontro/DA Press)
Vinicius, Miguel e Gabriel: planos
para 2014 incluem a abertura
de uma loja física
Miguel Marinho, Vinícius Matteo e Gabriel Lira

 

A ideia de personalizar tênis rendeu frutos para estes jovens empresários. Eles desenvolveram
uma tecnologia própria para estampar os calçados e a produção cresceu 10 vezes em 2013

 

Perfil 

 

Miguel Marinho, Vinícius Matteo e Gabriel Lira Empresários, sócios da MUV Shoes Miguel, de 26 anos, nasceu no Recife, mas mora em Brasília desde os 2.  Vinícius e Gabriel, ambos de 25 anos, são brasilienses

 

Na MUV Shoes, tudo acontece rápido. Não faz nem dois anos que a marca se lançou no mercado, mas os sócios Miguel Marinho, de 26 anos; Vinícius Matteo e Gabriel Lira, ambos de  25, já têm muito o que comemorar. Este ano, especialmente, foi quando viram que a marca de tênis customizados decolou de fato: “2012 foi o ano de construir a base; 2013 foi o de crescer”, avalia Vinícius. A marca nasceu no fim de 2011. Andando pelo shopping, Miguel e Vinicius não conseguiam o tênis que queriam. “Os modelos eram muito parecidos. Então, pensamos: “Por que não customizar o próprio tênis?”, explica Miguel. Nascia assim a ideia.


Concebida para vender para todo o Brasil por meio de um e-commerce, a MUV começou oferecendo aos consumidores seis modelos masculinos e femininos, além de alguns outros estampados, que eram adesivados um a um no couro. Todo o trabalho pesado era e é feito pelos sócios. “Tinha uma durabilidade legal, mas com o tempo alguns clientes começaram a notar problemas”,  conta Gabriel. Foi assim que este ano, em busca de uma solução, eles começaram a aplicar nos calçados uma técnica de customização nova, desenvolvida por eles e inédita no mundo: aplicar as estampas diretamente no tecido, com o tênis já pronto. “É a nossa fórmula da Coca-Cola”, brinca Miguel.


A fórmula nova tem rendido bons negócios. Além dos pares customizados à venda pelo site, a MUV agora trabalha com coleções por estação, que, embora não sejam customizáveis, carregam o DNA moderninho da marca. Os seis modelos básicos multiplicaram-se em tuma cartela de opções, cores e materiais. A última coleção, inspirada nas cores das camisas dos países participantes da Copa do Mundo, foi a responsável pelo último recorde de vendas, na feira de negócios do Fashion Rio, em novembro. Foram mais de mil pares vendidos, dez vezes mais que o recorde anterior. Em 2012, a produção total da empresa foi de 400 pares. Em 2013, bateu os 5 mil. “Fomos a feiras em que não vendemos um único par de tênis. Mas foi bom para aprendermos, fazermos contatos. Desta vez, o resultado veio”, comemora Gabriel.


O resultado do trabalho benfeito, que extrapolou o mundo virtual, agora enfeita vitrines de lojas do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Teresina e Porto Alegre.


Com gás renovado e os negócios indo melhor que o planejado, eles agora aguardam ansiosos para tirar os planos de 2014 do papel: a primeira loja física da MUV, em Brasília, sai no primeiro semestre do próximo ano. Além disso, querem continuar participando das feiras de negócios. Tiveram convites para expor em outros salões, além do Bossa Nova, no Rio.

 

'Sou exemplo de que o esporte pode transformar vidas', diz a atleta, que deixou a vida no Rio para investir toda a sua energia no time de vôlei que nasceu em 2013 (Raimundo Sampaio / Encontro / DA Press)
"Sou exemplo de que o esporte
pode transformar vidas", diz a
atleta, que deixou a vida
no Rio para investir toda a sua energia
no time de vôlei que nasceu em 2013
Leila

 

O plano de fazer do Brasília Vôlei uma das melhores equipes do país traz Leila de volta à capital.
Em 2013, ela colocou o time feminino na Superliga

 

Perfil

 

Atleta e empresária, 42 anos, casada, 1 filho

 

Leila Gomes de Barros saiu da casa dos pais, na QSD 39, em Taguatinga, aos 17 anos. Era o fim dos anos 1980 e o voleibol ainda não era o segundo esporte mais popular do país. A mudança para Belo Horizonte, onde faria parte da equipe juvenil do Minas Tênis Clube, era vista com preocupação pelos pais. Queriam que ela estudasse, construísse um futuro mais seguro. Vinte e cinco anos depois, Leila retornou a Brasília em 2013 consagrada como uma das melhores jogadoras que vestiu a camisa da Seleção Brasileira e disposta a mudar, mais uma vez, a história do esporte na cidade.


Ao lado da ex-atleta Ricarda Lima, Leila idealizou e colocou em prática o projeto de uma equipe feminina na cidade: o Brasília Vôlei. Em meses, captaram apoio suficiente para inscrever o time na Superliga, a principal competição do país. Um pequeno milagre que faz a duas vezes medalhista olímpica – bronze em Atlanta-1996 e Sidney-2000 – sonhar com planos ainda mais ambiciosos.


“A emoção de ter ajudado a construir esse time só não é maior do que a do nascimento do meu filho”, compara, emocionada, na arquibancada do Ginásio do Sesi, em Taguatinga. A cidade não foi escolhida como casa do Brasília Vôlei por acaso. Leila queria que a equipe estivesse perto do povo brasiliense, daqueles que, como ela na adolescência, têm dificuldade para se locomover por meio do transporte público.


A questão afetiva também pesou. Foi na rua de casa que ela jogou as primeiras partidas de vôlei. “Riscávamos com giz as linhas. Amarrávamos uma rede velha no poste.”


Depois, passou pelo Centro Educacional 2, pelo Clube Florestal e pelo CID, todos em Taguatinga, antes de ganhar uma bolsa para jogar no colégio Maria Auxiliadora, na Asa Sul. Dali, jogou na AABB antes de atrair a atenção do treinador do Minas. A saída precoce não a afastou da cidade. “Nunca deixei de estar em Brasília. Sempre que voltava de uma competição, era lá que eu ia me refugiar”, conta.


O plano é fazer do Brasília Vôlei uma das melhores equipes do país. Conta com o comprometimento da bicampeã olímpica Paula Pequeno, de Érika Coimbra, ex-parceira de quadras, e do treinador Sérgio Negrão.


O que mais alimenta os sonhos de Leila, porém, é um projeto, enviado ao Ministério do Esporte, para espalhar centros de treinamento de vôlei por todo o DF. “Quero trabalhar com a base, pegar a criançada das satélites. Sou exemplo de que o esporte pode transformar vidas. Não larguei meu marido, minha vida no Rio para vir aqui brincar. Vim fazer coisa séria.”

 

Vida nova para Schietti em 2013: 'Nunca trabalhei tanto, mas me sinto feliz e plenamente realizado no STJ' (Minervino Júnior/Encontro/D.A. Press )
Vida nova para Schietti em 2013:
"Nunca trabalhei tanto, mas me sinto
feliz e plenamente realizado
no STJ"
Rogério Schietti

 

Em 2013, o ex-procurador passou a ser o primeiro integrante do Ministério Público do Distrito Federal a assumir o posto de juiz do Superior Tribunal de Justiça

 

Perfil 

Formado em direito, agora é juiz da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, 51 anos, casado e tem três filhos

 

Pela primeira vez, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) passou a ter em sua composição um legítimo brasiliense, mesmo que na certidão de nascimento Rogério Schietti Machado Cruz ostente naturalidade mineira. Nascido em Juiz de Fora, o ex-procurador chegou à capital aos 4 anos, viveu a infância e a adolescência no Plano Piloto, graduou-se em direito no Uniceub e, aos 24 anos, passou no concurso para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Neste ano, tornou-se o primeiro promotor de Justiça do DF a ser nomeado para cargo tão elevado da magistratura e, agora, a corte que forma a jurisprudência do país ganhou o primeiro especialista em direito processual penal. Doutor na matéria, o ex-procurador integra desde setembro a 6ª Turma do STJ, onde tramitam processos relacionados à esfera criminal. No ano em que o poder de investigação do Ministério Público esteve em xeque, com a discussão no Congresso da PEC 37, a nomeação de Schietti é uma conquista para quem defende as prerrogativas de promotores e procuradores de Justiça.


No gabinete de promotor, não titubeava em rever todas as provas levantadas em inquérito policial antes de firmar a convicção sobre a real participação e responsabilidade de suspeitos indiciados. Sempre acreditou que o Ministério Público, na condição de guardião da Constituição e como titular exclusivo da ação penal, está apto a conduzir investigações criminais.


Chefe do Ministério Público do DF entre 2004 e 2006, Rogério Schietti foi o responsável por apurações importantes, como a que desmantelou um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro nos contratos entre o governo do Distrito Federal e o Instituto Candango de Solidariedade (ICS), entidade que acabou extinta. Esse trabalho foi a raiz da Operação Caixa de Pandora, que resultou na derrubada de uma geração de políticos na capital.


Schietti foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff, em junho, depois de figurar como primeiro colocado numa lista eleita pelo pleno do STJ, para o quinto constitucional do Ministério Público. Teve 24 dos 29 votos. Embora acostumado com o papel de acusador, inerente à carreira do Ministério Público, o ministro é considerado equilibrado nas decisões e conta com currículo impecável. Em habeas corpus que julgou nos primeiros meses de toga, defendeu medidas cautelares alternativas à prisão preventiva. Na condição de ministro, herdou 10 mil processos. “Nunca trabalhei tanto, mas me sinto feliz e plenamente realizado no STJ”, conta Schietti.


René Sampaio concretizou o sonho de ver Faroeste Caboclo ganhando as telas do Brasil e do mundo 26 anos após ouvir a música pela primeira vez: milhares de espectadores já assistiram ao filme (Daniel Ferreira / CB / DA Press)
René Sampaio concretizou o sonho
de ver Faroeste Caboclo ganhando
as telas do Brasil e do mundo 26 anos
após ouvir a música pela primeira vez:
milhares de espectadores já
assistiram ao filme
René Sampaio

 

Ele dirigiu o filme que mostrou a capital federal para 1,5 milhão de espectadores no Brasil e no mundo em 2013

 

Perfil 

 

Cineasta, 40 anos, casado

 

Ele tinha 13 anos quando ouviu Faroeste Caboclo pela primeira vez. Na época, René Sampaio de Honório Ferreira estudava no Sigma. Desde então, como muitos colegas seus, queria ver no cinema as desventuras de João de Santo Cristo, o “bandido destemido e temido no Distrito Federal” imaginado por Renato Russo em 1979, quando tinha 18 anos e era o “Trovador Solitário”.


Obcecado pela canção e pela Legião Urbana, René ficava em casa, nas tardes quentes e secas de Brasília, esperando a música tocar na rádio, tentando soltar a pausa do gravador no exato instante que ela começasse, pois ainda não tinha o disco e queria registrá-la em fita cassete. Tempo depois, “juntou uns trocados” e comprou o LP. Em 2013, 26 anos após ouvir Faroeste Caboclo pela primeira vez, ele concretizou o sonho de filmar a canção.


Faroeste ganhou as telas do Brasil e do mundo. Ultrapassou a marca de 1,5 milhão de espectadores em terras brasileiras e tem lotado salas em outros países, com exibições em prestigiados festivais de cinema. No mais recente, o Stockholm Film Festival, na Suécia, os ingressos esgotaram antes da estreia, em 13 de novembro. O mesmo ocorreu em Toronto, no Canadá.


Nascido no Hospital Santa Helena, em 26 de novembro de 1973, René cresceu na Asa Norte e nunca se destacou nos esportes nem chamou a atenção por tocar um instrumento musical. Muito menos tinha desempenho elogiável na escola. Mas conquistava a todos pelo comportamento de bom menino.


Antes de ser cineasta, René foi redator publicitário em duas agências de Brasília, diretor de comerciais e trabalhou como freelancer para várias produtoras. Maduro, respeitado e certo do que queria, ele fundou a Fogo Cerrado Filmes, em 1999, que viria a ser coprodutora de todas as suas obras no universo da sétima arte, incluindo Faroeste.


A partir de então, René dirigiu os curtas Antes do Fim, O Homem e Sinistro. O último, lançado em 2000, recebeu sete candangos no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e mais de 12 prêmios em outros festivais do Brasil.


René não poupou esforços – nem dinheiro – em seu primeiro longa. Passou dois anos apenas pesquisando possíveis pontos de locação em Brasília e discutindo o roteiro com aquele que se tornaria mais um grande amigo, o escritor e roteirista Paulo Lins, autor do clássico Cidade de Deus. “Logo percebi que ele é uma pessoa muita dedicada”, diz.


Lins fez a primeira versão do roteiro e, no fim das locações de Faroeste, René o procurou por três motivos: refazer uns diálogos, escrever o texto narrado pelo personagem João de Santo Cristo em alguns trechos e convidá-lo para ser padrinho do seu casamento.


Mesmo morando entre o Rio, São Paulo e Nova York, René vem com frequência à capital, onde mantém um apartamento na Octogonal. Agora, deve passar mais tempo no Rio, onde se casou recentemente com a atriz Bruna Spínola.

 

'Apesar de ser uma região pobre, eu quis fazer - e fiz - um shopping de padrão elevado, bonito', conta Paulo Octavio, dono do JK (Bruno Pimentel/ Encontro/ DA Press)
"Apesar de ser uma região pobre,
eu quis fazer - e fiz - um shopping
de padrão elevado, bonito",
conta Paulo Octavio, dono
do JK
Paulo Octavio

 

Ele é o maior vendedor de carros da capital, o maior hoteleiro, o maior dono de shopping centers e concluiu, neste ano, o maior investimento privado do DF: R$ 350 milhões no mais novo centro de compras de Brasília, o JK

 

Perfil 

 

Empresário, 63 anos, casado, quatro filhos

 

Quem conhece a região onde Taguatinga e Ceilândia se convergem, marcadamente carente, e com poucas estruturas de lazer e diversão para as 600 mil pessoas que vivem ali, não poderia imaginar que alguém investiria R$ 350 milhões para construir um shopping nos moldes do JK, como Paulo Octavio o fez.


O empreendimento foi inaugurado em novembro e representa o segundo maior investimento no Distrito Federal em 2013, ficando atrás apenas do Estádio Mané Garrincha. Localizado em Taguatinga (na avenida Hélio Prates), cuja renda mensal per capita não passa de R$ 718,40, segundo dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), o JK Shopping certamente vai alavancar a renda mensal por domicílio, que hoje está em R$ 2.509,22.


A região tem 30% de sua mão de obra ocupada no comércio, e essa proporção vai crescer depois que os 3 mil postos de trabalho (1,8 mil nas lojas e outros 1,2 mil nas salas comerciais) gerados pelo centro de compras forem preenchidos. “O JK Shopping cumpre seu papel de propulsor da economia da região, vamos gerar emprego e renda em uma das cidades que mais crescem no DF. A expectativa é de que, em média, 1 milhão de pessoas circulem mensalmente pelo local”, aposta Paulo Octavio.


Segundo ele, a escolha do local para ancorar as 170 lojas atendeu a pedidos que ele recebe dos moradores desde que circulava mais, quando era senador. “Apesar de muitas pessoas não acreditarem, por ser uma região pobre, eu quis fazer – e fiz – um shopping de porte elevado, bonito.

 

Excedemos a medida da cidade. Nenhum outro centro comercial de Brasília tem o que temos aqui.”
Ao passar pelos corredores do centro comercial, Paulo Octavio é sempre ovacionado e recebe agradecimentos dos frequentadores (além de inúmeros currículos, que chegam de todos os lados). Faz questão de perguntar se o sorvete está bom, se o cinema foi aprovado. O que se percebe é que o investimento não foi só econômico, fez crescer também a autoestima dos moradores. “É aí que eu vejo que vale a pena. O retorno mais importante é saber que nós impulsionamos o desenvolvimento.”
O menino que começou a trabalhar aos 15 anos, e com 25 fundou a rede PaulOOctavio, que hoje fatura R$ 500 milhões por ano em seis hotéis, cinco shoppings, uma concessionária, uma corretora de seguros, além da construtora e da imobiliária, é hoje inspiração para quem pisa numa sala de cinema pela primeira vez, no JK Shopping.

 

Muito a contribuir: 'Trabalho com assuntos que ainda não foram tão explorados pela comunidade científica', diz Marco Marinho (Arquivo Pessoal)
Muito a contribuir: "Trabalho com
assuntos que ainda não foram tão
explorados pela comunidade
científica", diz Marco Marinho
Marco Marinho

 

Aluno da UnB, ele foi convidado, em 2013, para trabalhar na Agência Espacial Alemã e ajudar no desenvolvimento de métodos mais precisos de navegação por satélite

 

Perfil 

 

Estudante e pesquisador, 26 anos, solteiro

 

Fora do país desde abril, o brasiliense nato Marco Marinho, de apenas 26 anos, conseguiu destaque entre os pesquisadores em telecomunicações em 2013. Convidado para trabalhar na Agência Espacial Alemã (DLR, da sigla em alemão), o mestrando da Universidade de Brasília (UnB) tem a tarefa de estudar o uso de mais de uma antena para melhorar a precisão dos sistemas de navegação por satélite. Aplicações relacionadas com GPS serão diretamente impactadas por esses estudos, tornando mais confiáveis informações para pousar aviões e guiar embarcações, entre outras utilidades.


Graduado em engenharia de redes de comunicações pela UnB em 2012, Marco é um dos autores de artigo campeão da conferência ICUMT em 2012, uma das mais prestigiadas da área – apenas 25% dos trabalhos inscritos são aceitos na publicação. O trabalho aborda sistema de radioaltímetro usando arranjo de antenas para veículos aéreos não tripulados, conhecidos como VANTs.


“Inteligência bem acima da média, elevada aptidão às ciências exatas, dedicação sobre-humana à pesquisa e caráter”: assim o descreve seu orientador, o professor João Paulo Lustosa da Costa. Com doutorado concluído na Alemanha, o professor da Faculdade de Tecnologia da UnB congregou pequeno grupo de pesquisa que inclui alunos da graduação e da pós para estudos no Laboratório de Processamento de Sinais em Arranjos de Sensores (LASP), do qual Marco faz parte.


“Trabalho com assuntos que ainda não foram tão explorados pela comunidade científica. Então, ainda dá para contribuir muito. O que faço hoje, principalmente, é extremamente prático. Eu vejo o que pesquiso sendo usado em sistemas no futuro, o que me motiva muito”, conta Marco Marinho, da Alemanha, onde ficará até março de 2014.


Para ele, o ritmo exigido de pesquisadores da área é intenso atualmente, visto que telecomunicações tangem quase todas as atividades diárias. E a pesquisa deve ser feita para acompanhar essa demanda. “Cabeças pensantes, o Brasil tem. O que não temos são empresas focadas em desenvolver pesquisa. Se houvesse esforços para a criação de polos, com certeza seríamos muito bem-sucedidos”, completa Marco Marinho.


Os planos para os próximos anos são terminar o mestrado e o doutorado e se tornar professor e pesquisador no Brasil, provavelmente em sua cidade natal. Afinal, segundo ele, o país investiu pesado em sua educação na universidade federal. Será sua vez de retribuir. Assim garantirá espaço entre a nova geração de engenheiros que o Brasil tem se esforçado em produzir.

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