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As cores da estreia

O primeiro jogo da Copa do Mundo de 2014 em Brasília será Suíça X Equador. As embaixadas dos dois países querem aproveitar o momento para difundir a cultura dos compatriotas na capital

Rodrigo Craveiro - Redação Publicação:10/04/2014 13:58Atualização:10/04/2014 15:02

Os suícos Tatjana Hediger, Franco Pellegrini e o filho, Orlando, de 2 anos, e Mateus Weiss, e os equatorianos Juan Polit, Luiz Andrade, Antônio Matamoros, Patrício Coral e Francisco Matamoros: preparação para o jogo em Brasília (Bruno Pimentel/Encontro/DA Press)
Os suícos Tatjana Hediger, Franco Pellegrini e o filho, Orlando, de 2 anos, e Mateus Weiss, e os equatorianos Juan Polit, Luiz Andrade, Antônio Matamoros, Patrício Coral e Francisco Matamoros: preparação para o jogo em Brasília
 

Será um jogo histórico para os brasilienses e inesquecível para pelo menos 20 mil estrangeiros que transformarão o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha em um mosaico nas cores vermelha, branca, amarela e azul. Em 15 de junho, um domingo, às 13h, Suíça e Equador entram em campo, pelo grupo E da Copa do Mundo, que contará ainda com França e Honduras. Torcedores e embaixadores suíços e equatorianos aguardam com ansiedade a oportunidade de verem suas seleções se enfrentarem pelo torneio de futebol mais importante do planeta. As representações diplomáticas preparam eventos culturais paralelos ao torneio, com a intenção de divulgarem seus países para brasileiros e turistas.


“Vai ser um dia muito importante. A previsão é de que cerca de 10 mil suíços virão a Brasília, inclusive o presidente, Didier Burkhalter. Será uma festa maravilhosa e muito bonita”, afirma André Regli, que desde setembro passado ocupa o posto de embaixador da Suíça no Brasil.


De acordo com ele, muitos compatriotas ainda tentam comprar ingresso. “A expectativa é bastante alta. A Suíça foi cabeça-de-chave e esperamos passar para a segunda rodada”, admite. Regli é ainda mais otimista e não descarta a possibilidade de a seleção enfrentar o Brasil numa eventual partida pelas quartas-de-final. “Antes da Copa, pretendemos fazer um evento cultural com uma artista suíça, além de um projeto social”, afirma. Ele garante que os suíços não carecem de motivação extra. “Nossos torcedores já vêm bem coloridos, usam gorros e pintam a cabeça com as cores nacionais”, diz. A comunidade suíça em Brasília abrange cerca de 200 pessoas – no Brasil, são em torno de 14 mil.


Regli explica que o futebol tem evoluído bastante em seu país, que tem o hóquei e o esqui como esportes preferidos durante o inverno. “Na última década, bons jogadores têm atuado nos campeonatos alemão e italiano, o que melhorou o rendimento do time nacional”, comenta. Ele aposta numa final entre Brasil e Alemanha e no sucesso do Mundial. “Por conhecer o brasileiro, que ama e adora futebol, tenho certeza de que a Copa vai ser uma grande festa”, conclui.


O engenheiro de som Franco Pellegrini já está com o ingresso nas mãos. Com dupla nacionalidade suíça e peruana, ele morou durante oito anos em Zurique, onde aprendeu a admirar o futebol do país europeu. “É muito legal ver a Suíça aqui. Vai ser uma experiência boa. Levarei meu filho de 2 anos, a mulher e mais uns 20 amigos suíços”, empolga-se. Apesar disso, ele prefere manter o pé no chão e diz esperar um jogo muito difícil. “A Suíça tem visto o futebol crescendo bastante nos últimos 10 anos, enquanto o Equador está numa posição excelente. Eu ficaria muito contente se chegássemos à semifinal da Copa.”


O estudante Matheus Weiss afirma esperar receber ingressos da embaixada. “Se isso não ocorrer, vamos comprar pelo site da Fifa”, diz. Ele acredita que o jogo contra o Equador vai ser fácil. “Nós ganhamos do Brasil e da Espanha”, lembra. O jovem, nascido no Brasil e filho de suíça, vai ao estádio acompanhado da mãe e das duas irmãs. “Como torcedor, espero que a Suíça chegue à final. Mas creio que iremos até as oitavas-de-final”, resigna-se Matheus, que tem dupla nacionalidade.


O gramado nos fundos do prédio da Embaixada do Equador, no Lago Sul, vai se transformar em uma grande área de camping de equatorianos durante a Copa do Mundo. “Nós ficamos muito felizes pela primeira partida de nossa seleção acontecer aqui em Brasília. E pelo fato de o Equador abrir a Copa do Mundo aqui na capital”, afirma Horacio Sevilla-Borja, embaixador do Equador em Brasília.
Ele considera a partida contra a Suíça crucial para as pretensões da seleção no torneio. “Se ganharmos da Suíça aqui, passaremos às oitavas-de-final. Será o adversário mais difícil e complicado”, aposta. O diplomata diz esperar o respaldo dos brasilienses para o jogo. “Nós temos a mesma cor amarela da camisa. Espero ver o Mané Garrincha vestido de amarelo, o que representará um bom apoio para o Equador”, acrescenta.


Segundo Sevilla-Borja, entre 5 mil e 10 mil equatorianos “invadirão” Brasília. Caravanas de 100 ônibus devem partir de Quito rumo a Brasília, em uma viagem de pelo menos cinco dias. “Como embaixador, não quero que o Equador esteja unicamente nos estádios. Trabalho para que meu país esteja presente nos museus, nos teatros, nos mercados, nos centros comerciais e nas ruas. Vamos trazer a alegria e a cultura equatorianas.”


O representante de Quito não descarta a vinda do presidente Rafael Correa e relata que o chefe de Estado mantém amizade com vários jogadores, e costuma tomar café da manhã ou almoçar com eles.
Natural de Quito e brasileiro de coração, Juan Polit chegou a Brasília em 1967, onde foi pioneiro nas obras de saneamento básico de Taguatinga. Casado com uma mineira, ele conta que os filhos e netos já são “autênticos candangos”. A família está ansiosa por torcer pelo Equador e já fez reservas de ingressos para a partida de 15 de junho.


“Nossa expectativa é de que será um jogo bastante difícil, mas devemos ganhar por 2 a 1”, prevê. Polit contou que vai ao Mané Garrincha em uma caravana de equatorianos.
Por sua vez, o economista Patricio Coral, funcionário da Organização Panamericana de Saúde (Opas), aguarda um cunhado e uma sobrinha equatorianos, além de cinco amigos da República Dominicana, para o jogo. “A expectativa é de que nossa seleção vença, mas não será fácil. A Suíça é cabeça-de-chave por demonstrar habilidades e boas possibilidades na competição, mas isso não diminui nossas expectativas”, comenta.


Tudo o que ele espera é que o Equador faça um bom papel na Copa e jogue com o coração. “Espero que os jogadores tenham orgulho de representar o país e que façam os equatorianos orgulhosos por terem vindo até Brasília. O mais importante é que eles deem o melhor de si.”


Funcionária da Organização do Tratado da Cooperação Amazônica (OTCA), Jenny Salazar vive em Brasília há sete meses e se diz agradecida pela hospitalidade dos brasileiros. “Esse primeiro jogo será muito simbólico para nós. Temos uma equipe bem preparada, que se esforça muito para nos dar a honra de nos representar na Copa. A isso se soma o espírito guerreiro de nosso povo. Temos uma força de vontade inimaginável para estarmos unidos por um mesmo objetivo”, ressalta. Ela também já conta com o ingresso para a partida entre Equador e França, no Rio de Janeiro, em 25 de junho, no Estádio do Maracanã.

O embaixador do Equador, Horacio Sevilla-Borja, vai transformar o gramado da representação diplomática num grande camping: caravanas de 100 ônibus sairão de Quito com destino a Brasília (Raimundo Sampaio/Encontro/DA Press)
O embaixador do Equador, Horacio
Sevilla-Borja, vai transformar o gramado
da representação diplomática num grande
camping: caravanas de 100 ônibus sairão
de Quito com destino a Brasília
Olho na bola


O embaixador Horacio Sevilla-Borja brinca que o Equador e a Suíça não têm um Neymar. Segundo ele, a equipe equatoriana é muito jovem e passa por um processo de renovação, depois da aposentadoria do atacante Agustín Delgado e do zagueiro Iván Hurtado. Ele aponta como destaque o meio-atacante Valencia, do Manchester United, considerado o jogador mais rápido do mundo. “É ele quem serve o atacante Romney para os gols do Manchester United”, comenta o diplomata. “Na seleção, ele vai jogar para os atacantes Montero e Caicedo, que são os goleadores.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O embaixador André Regli se prepara para recepcionar 10 mil suíços, entre eles o presidente Didier Burkhalter: 'Será uma festa maravilhosa' (Minervino Júnior/Encontro/DA PRESS
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O embaixador André Regli se prepara para
recepcionar 10 mil suíços, entre eles o
presidente Didier Burkhalter: "Será uma
festa maravilhosa"
Olho na bola


O embaixador suíço André Regli cita o goleiro Diego Benaglio, jogador do time alemão VfL Wolfsburg como o grande nome da seleção. Os meias Gökhan Inler, atleta do Nápoli, e Xherdan Shaqiri, do Bayern de Munique, também podem desequilibrar a favor da Suíça durante o Mundial.

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