RETRATOS DA CIDADE | Leilane Menezes
A SAGA DO BURITI
O tombamento em Brasília não se limita ao projeto urbanístico. Bens materiais, de valor histórico, cultural e ambiental, entre outros, podem ser especialmente preservados. A palmeira do buriti que dá nome ao palácio do Poder Executivo está entre as árvores protegidas. Em 1959, Israel Pinheiro, então presidente da Novacap, ordenou que plantassem o exemplar no local onde seria erguido o palácio. A inspiração veio do poema Um Buriti Perdido, do livro Pelo Sertão, de Afonso Arinos de Melo Franco. A árvore, porém, morreu. Restou apenas a placa com trechos da poesia gravados. Plantaram um novo buriti, em 1969. Construíram a praça ao redor no ano seguinte. Em maio de 1985, o GDF publicou decreto de tombamento do buriti. Um cidadão raivoso golpeou a árvore com machado, em 1992, e quase a matou. Técnicos do departamento de parques e jardins da Novacap salvaram o exemplar, que permanece de pé nos dias atuais.
EDUCAÇÃO VERDE
DESCASO COM O SABER
REBATIZAR ESPAÇOS
Em meio à confusão de letras e números que é tão familiar para os brasilienses, surgem formas mais simpáticas de se referir a determinados endereços. A Comercial Local Sul 308/309 (CLS) ganhou apelido de rua dos Times, graças à quantidade de lojas de artigos esportivos específicos de clubes como o Flamengo, Vasco e Fluminense. A CLS 102 é a rua das Farmácias, para os mais íntimos. Já a CLS 109/110 virou rua das Elétricas e a Comercial Local Norte 304/305 transformou-se em rua das Noivas. A CLS 404/405 é a rua dos Restaurantes. Assim, Brasília reinventa o clichê de uma cidade codificada.