A capital a um download
Brasilienses criam aplicativos e programas que prestam serviços para população e para turistas: de linhas de ônibus a restaurantes
Conhecer a fundo uma cidade leva tempo. Mesmo para quem não é turista, descobrir bons restaurantes, saber onde estão acontecendo eventos culturais interessantes e mesmo como usar o transporte público para chegar até todos esses lugares é tarefa árdua. Mas não precisa ser: graças à tecnologia, destrinchar os segredos da capital está a alguns aplicativos de distância. De pontos turísticos ao horário certo do ônibus, brasilienses criam aplicativos voltados para facilitar o dia a dia de quem mora em Brasília.
A cidade já começa a enfrentar um dos grandes dilemas das grandes cidades: o trânsito. Cansados de (tentar) fugir dos engarrafamentos, João Paulo da Silva, publicitário, e mais dois sócios da empresa 2mobile criaram o aplicativo Trânsito ao Vivo. A ideia foi instalar câmeras pela cidade para monitorar o congestionamento, 24 horas por dia, por celular, computador ou kit multimídia instalado no carro. Os sócios espalharam as câmeras por Brasília, para que os usuários possam escolher o melhor caminho antes de sair de casa. “Todas as câmeras são nossas. Além de ver o trânsito, é possível indicar acidentes e marcações sobre o fluxo”, detalha.
O serviço, feito em parceria com a Caixa Seguros, já é um sucesso: foi medalha de ouro no Prêmio Colunistas Brasília 2011 e está em 13º lugar na App Store Brasil. De acordo com João Paulo, a iniciativa foi pensada a partir de uma demanda pessoal. “Tive a ideia porque sempre morei em Taguatinga e tinha de escolher entre EPTG ou Estrutural”, explica. Sem conseguir saber qual caminho estava mais livre, o jeito era arriscar – estratégia que nem sempre dava certo. “É difícil você não poder ver, aliás era difícil, porque hoje é só escolher a câmera ou ver os marcadores para escolher o melhor caminho antes de sair de casa.”
O serviço começou em Águas Claras, com 30 tablets comprados pelos sócios. Os taxistas foram convidados a participarem da sociedade. “O taxista mesmo pode ser veículo de vendas. Quanto mais anúncios vender, mais ganha”, completa Peres. Hoje, os sócios têm outros 20 tablets espalhados pelas asas Sul e Norte. A expansão ocorre de maneira contida, para manter a qualidade do serviço, segundo o idealizador. “A operação está mais enxuta, mas os procedimentos administrativos e de suporte estão bem melhores”, comemora.
Quem depende do transporte público também sofre. Saber o horário e até mesmo o itinerário dos ônibus é complicado e pode fazer com que o passageiro perca compromissos importantes. Pensando nisso, o designer de interfaces gráficas Wesley Rocha e seus dois sócios, Danilo Mendonça e Nelson Gustavo, criaram o Mobee, um aplicativo feito para – e por – pessoas que andam de ônibus em Brasília. “Nós queríamos um aplicativo com o qual as pessoas pudessem colaborar, informando se o ônibus em que estão quebrou, que horas e por onde passou”, resume.
Wesley explica que a ideia foi baseada em uma iniciativa de Curitiba, em que passageiros colavam cartazes em paradas de ônibus com as linhas e o itinerário dos que passam por lá. Quando tentaram trazer a ideia para cá e digitalizar as informações, contudo, os sócios esbarraram na falta de dados oficiais. “Algumas linhas estavam atualizadas e outras não, então não conseguimos usar a massa de dados para resolver o problema, como a geolocalização dos ônibus e por onde as linhas passam”, completa. O jeito foi convocar os próprios usuários para mapear o que precisavam por meio da campanha Mapeia DF. Cada vez que embarcavam em um ônibus, usuários cadastrados marcavam em um mapa virtual a linha, o itinerário, o horário e em qual parada de ônibus estavam.
Mas nem só de congestionamento se faz uma cidade. Brasília também tem bons lugares para comer e, não raro, cada restaurante tem seu prato carro-chefe. O que fazer para saber onde comer o quê? Apaixonados por gastronomia, os programadores da startup Startaê Renato Carvalho, Flavio Ludgero e Julio Protzek criaram o aplicativo Yummy, voltado para aqueles dias em que se está com desejo de comer algo específico. De acordo com Renato Carvalho, a ideia surgiu quando o grupo percebeu que encontrar uma boa comida era quase sempre um desafio. “No final dessa busca, acabávamos indo ao restaurante de sempre”, completa. A falta de ferramentas para receber recomendações de pratos que amigos já tinham provado também foi um dos motivadores da iniciativa. Além disso, Carvalho reclamava da dificuldade de conseguir ver o cardápio e valores antes de chegar ao local. “Ver as fotos, então, nem se fala.”
“É como se fosse um cardápio on-line”, explica Julio Protzek. A primeira versão do aplicativo era voltada apenas para a busca por pratos. Aos poucos, Protzek diz que ele e os sócios perceberam que era importante também fazer com que os restaurantes fossem mais participativos na iniciativa. “A segunda versão, que é a atual, também é focada nos restaurantes, para que eles destaquem os pratos”, explica. Hoje, são os estabelecimentos que decidem qual o carro-chefe, quais pratos estão em promoção e quais ingredientes têm, por exemplo. Além das informações, os usuários também têm acesso a fotos e, em breve, vão poder comentar sobre a experiência nos restaurantes. Com exceção de Protzek, que é campo-grandense, todos os criadores nasceram e moram em Brasília. A paixão pela cidade motivou a criação do Yummy, mas eles não querem parar por aí. “Começamos um movimento orgulhosamente feito em Brasília”, completa.
Trânsito ao Vivo:
http://2mobile.com.br/Campanha/transitoaovivo/PT
Yummi Startaê:
Mobee:
Mapeia DF:
Tablet no Táxi: