Rápido, alternado e intenso
Aproveitando a visibilidade crescente dos treinos funcionais, academias apostam em aulas que exploram cada vez mais os exercícios intervalados de curta duração e alta intensidade
Além da dinâmica, própria dos treinos de alta intensidade – capaz de causar a perda de 400 calorias no mesmo período de tempo em que seriam perdidas, no máximo, 150 calorias caminhando na esteira –, as aulas baseadas no hiit englobam as características do treino funcional, desenvolvendo as capacidades físicas que fazem parte do dia a dia. Essa mistura dá resultado e ainda diverte. “Parece brincadeira de criança e todo mundo sai acabado”, descreve, bem-humorado, o educador físico Rodrigo Barreto, mencionando os exercícios usados, que fazem lembrar as antigas aulas de educação física. A diferença é que os polichinelos, a corrida entre cones e a minicama elástica ganharam propriedades – e efeitos – antes desconhecidos.
Desde janeiro na grade de aulas da academia, a modalidade vem ganhando cada vez mais adeptos, especialmente por conta da curta duração. “Os frequentadores são as pessoas que têm pouco tempo”, conta. Eles costumam sair satisfeitos em conseguir cumprir a meta de exercícios físicos diária em meio à rotina corrida.
No espaço amplo que lembra um galpão, argolas, corda náutica, pesos de 20 kg e 40 kg, barras de flexão, pneus e alguns cones são usados em mais uma variação do treino funcional intervalado e com intensidade: a classhiit. A aula é direcionada para potencializar as capacidades naturais do indivíduo. Os gritos – quase de guerra – dos professores, como “Não para!”, funcionam como comandos que não cessam e duram o tempo de um ciclo inteiro, com 20 segundos em cada estímulo.
“Eu estou com medo”, assumia a chef de cozinha Lilian Ribeiro, pouco antes de começar sua primeira aula. Ao mesmo tempo, animava-se com a promessa de perder, em média, 500 calorias em apenas 20 minutos. Ao fim do treino, visivelmente cansada e ofegante, pôde avaliar melhor: “É um esforço intenso, você tira força de onde não tem. Mas é maravilhoso”. Segundo Marco Vieira, professor de classhiit e integrante da equipe técnica que desenvolve modalidades na Cia Athletica, a alta queima calórica é um dos fatores mais lembrados na hora de escolher um treino de alta intensidade. Mas, para ele, a acessibilidade da modalidade e a retomada da qualidade de movimentos naturais falam mais alto. “Cada vez mais, fazemos menos movimento. E, quanto menos nos movimentamos, mais suscetível estamos a contrair doenças e lesões”, conclui.
Aluno de classhiit há pouco mais de um mês, Daniel Ribeiro combina a atividade com a musculação, incentivado pelo personal trainer. “Saio um pouco da rotina de pegar pesado. É muito divertido”, avalia o estudante, que sentiu melhora na parte cardiorrespiratória.
O aluno precisa ter em mente ainda que, como o treinamento é mais intenso, deve ser feito em, no máximo, 20 ou 30 minutos. “É preciso fazer o exercício e ter o descanso”, destaca Silva. Segundo ele, que é professor de educação física, fisioterapia e medicina do UniCeub, caso não haja uma recuperação adequada – de 24 horas entre um treino funcional e outro –, o indivíduo pode ter, em um ou dois meses, um overtraining, com sintomas de fadiga sistêmica.
Bem aceita pelos alunos da academia, a aula permite até 16 alunos, que se alternam em 16 exercícios, com uma média de 30 a 40 segundos de permanência em cada um. O circuito inclui três voltas no aparelho por aula. “Os alunos não conseguem ficar de fora, são os assíduos. Treinam o ano inteiro e só faltam quando viajam.”