Novo impulso para as vendas
Ao manter o IPI para automóveis reduzido até dezembro, o governo dá mais uma injeção de ânimo ao setor, que espera reduzir o estoque em montadoras e concessionárias
Não é à toa que nos últimos anos, com a ascensão de uma nova classe média, crédito alongado e redução de impostos, houve um boom na venda de carros. Dados do anuário 2014 da Associação Brasileira dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) registra que o Brasil já possui um automóvel para 4,4 habitantes. Há dez anos, a proporção era um veículo para cada 7,4 habitantes. Mesmo assim abaixo de países como a Argentina, com a média de um para cada três habitantes, ou da Europa, de dois habitantes para cada carro.
O setor está comemorando a decisão do governo anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, no final de junho: serão mantidas até dezembro as tarifas reduzidas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis (veja tabela ao lado). A permanência da desoneração foi vinculada a um compromisso do setor em não cortar empregos e, segundo o ministro, o estímulo para os negócios é objetivo da medida: “A avaliação é que as vendas foram mais fracas em função de uma série de motivos, entre os quais a diminuição do crédito e, no período mais atual, a questão da Copa do Mundo, com menos dias úteis no período”, disse Mantega na coletiva de imprensa. No mesmo evento, Luiz Moan disse ter convicção de que, com a manutenção da alíquota, o segundo semestre será melhor do que o primeiro.
Segundo balanço da Anfavea, de janeiro a maio deste ano, as vendas de automóveis caíram 8,3% em comparação com o mesmo período de 2013. A produção de automóveis caiu 14,5% no acumulado dos primeiros cinco meses do ano e foram fabricadas 990 mil de unidades de janeiro a maio de 2014, contra 1,153 milhão no mesmo período do ano passado.
Mesmo assim, há a percepção de que o automóvel é um dos ícones mais poderosos da humanidade, por estar associado ao futuro, à ideia de velocidade e potência. Os números no Brasil não negam: somos o quarto maior mercado e o sétimo maior produtor mundial. Há, atualmente, 30 montadoras associadas à Anfavea, que possuem 62 fábricas em dez estados e 46 municípios. São mais de 5 mil concessionárias, com faturamento de US$ 106 bilhões. Um segmento que, reunido, pagou R$ 178 bilhões em impostos em 2013.
De acordo com o diretor da Bali Automóveis, Ildeumar Fernandes, o estímulo do governo veio em boa hora, e ajuda, mas não o necessário: “Parece que a redução do IPI, embora tenha impacto no preço, perdeu o ‘apelo’, já que o problema está no crédito”. Para o empresário, é até cultura do brasileiro comprar financiado, mas a aprovação de crédito está muito baixa. Segundo ele, a cada dez análises somente quatro são aprovadas. “Clientes querendo comprar tem muitos, mas o crédito está seletivo em demasia.”