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Para quem ainda não se familiarizou com a principal forma de ingresso nas universidades brasileiras atualmente - o Enem -, especialistas dão dicas de como pode ser fácil domar esse "bicho de sete cabeças"
Com o Enem, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) criado pelo Ministério da Educação (MEC), dá a possibilidade de o candidato escolher o curso e a universidade só depois que recebe a nota da prova. Em Brasília, o exame substitui, desde o ano passado, o vestibular tradicional de fim de ano da Universidade de Brasília (UnB). Juntamente com o Programa de Avaliação Seriada (PAS), essas são as únicas formas de ingressar na instituição no período, cada uma com metade das vagas. Mas as provas do meio de ano continuam a ser ocupadas de acordo com o resultado do vestibular normal. Já a Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) adota um exame próprio, mas, a partir de 2016, o ingresso nos cursos de graduação também se dará pelo Enem.
O professor explica que o aluno recebe, em janeiro, a nota em exatas, humanas e redação, e cada universidade tem uma maneira de contar esses pontos e definir pesos para as áreas (as notas são recalculadas com base nos pesos que conferem). Depois disso, a instituição libera o resultado mostrando se o aluno está aprovado ou não.
César Severo acredita que há vantagens e desvantagens no Enem. “A quantidade de vagas é muito maior, mas se você vai conseguir ficar na sua cidade ou não já é outro problema, porque agora há uma dispersão maior dos alunos”, explica.
A estudante Viviane Alves vê pontos positivos no Enem. A moça, que quer cursar medicina na UnB ou na ESCS, estuda só para a avaliação. “É diferente. O vestibular é mais teórico. O Enem é mais objetivo, mais simples, isso muda totalmente a preparação de um para o outro.” A rotina de preparo inclui cursinho pela manhã e estudo sozinha à tarde, de segunda a domingo. Para a redação, Viviane produz dois textos por semana. “O Enem só tem um tipo de redação: dissertativo-argumentativa. Por isso, estou estudando só esse modelo. Já o vestibular, pode ser qualquer tipo. É questão de foco mesmo.”
A parte avaliativa da redação está no edital e qualquer um pode consultar. “Mas o foco maior do Enem é verificar se a pessoa consegue produzir um texto com coerência”, explica a professora. Além disso, o candidato não pode fugir ao tema. “A melhor fundamentação para qualquer argumento é colocar algo voltado à realidade social, e isso é uma coisa que vai garantir uma boa pontuação. As ideias não podem ser fantasiosas.” Uma dica da profissional é fazer um texto bonito, ou seja, respeitar as margens, escrever em cima da linha, não rasurar e ter letra legível. Viviane sempre aconselha seus alunos a tornar a redação seu ponto forte. “Além de ela ser o futuro avaliativo, é o ponto fraco de muita gente. Então você se torna um forte.”
A professora destaca, ainda, a cobrança da compreensão da linguagem em disciplinas como literatura e língua portuguesa: “Mais do que saber o que é uma oração subordinada substantiva, é preciso entender que aquela construção, aquela formação oracional, tem influência em quem leu”. Segundo ela, tudo o que antigamente era cobrado puramente agora é aplicado: “Não adianta nada saber só a matéria se não souber aplicar. E não adianta achar que é bom em interpretação se não tem o conhecimento necessário para fazer a prova. Precisa dos dois. ‘Decoreba’ não salva ninguém”, diz.
Longe de considerar o exame um “bicho de sete cabeças”, o estudante Henrique Müller diz que uma boa redação para o Enem é também uma boa redação para a ESCS (as duas provas nas quais tem focado). “Ao se especializar nessa área, produzir muitos textos, ir atrás de vocabulário, ler e tudo mais, você se prepara para a redação”, comenta. O rapaz também sabe que a parte de interpretação de texto no exame é algo a se tomar cuidado. “Na parte de humanas, há textos mais pesados, interpretação mais profunda, e isso consome tempo. O grande inimigo do Enem acaba sendo a correria”, conta.
O candidato fez a prova do ano passado e teve nota suficiente para ingressar na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), mas preferiu ficar e tentar uma vaga em Brasília. Mesmo assim, não relaxou nos estudos – sua rotina continua puxada. De manhã vai à aula, à tarde estuda e à noite trabalha. “Como tenho tempo reduzido, preciso organizar melhor os meus tópicos, quais matérias vou de fato estudar. A área de humanas vem pegando mais nas provas, tanto do Enem quanto da ESCS. Quem quer medicina não pode se dar ao luxo de escolher só uma das provas”, conclui.