A natureza por testemunha
Quase todos os parques em funcionamento no Distrito Federal oferecem estrutura para a prática de diversos exercícios físicos. Saiba quais são, onde estão e como desfrutar e se beneficiar deles
Além do ambiente natural, quase todos os 18 parques em funcionamento no Distrito Federal (DF) abrem as portas e oferecem estrutura para a prática de exercícios diversos, não só limitados a caminhadas e passeios. Com esses incentivos, muitos têm trocado as academias e as salas de aula convencionais pelas atividades ao ar livre. E o melhor: a maioria é gratuita.
A serenidade visível do comerciante Josivaldo Oliveira é atribuída às aulas de ioga que ele frequenta duas vezes por semana no Parque de Águas Claras, há quatro anos. Ele conta que a prática foi essencial para a recuperação de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que lhe havia prejudicado a fala e os movimentos. Hoje, além de aluno, também é professor de ioga e ajudou a criar a ONG responsável pela atividade. Entre uma postura e outra, Deva Daya, nome com que foi batizado no grupo, respira profundamente sem medo enquanto observa a natureza. “Este é o lugar verdadeiramente propício para a ioga, é na natureza que podemos nos conectar com o todo e aprender a ficar bem e em paz em qualquer ambiente", comenta. "Fazer isso em um quadradinho fechado seria bem mais difícil".
A fisiologista do exercício e professora da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília (UnB) Keila Elizabeth Fontana destaca que as atividades ao ar livre têm muitas vantagens à frente daquelas feitas em espaços reclusos. Uma delas é o bem-estar, quando a pessoa se sente mais adequada ao ambiente. “O prazer ajuda muito, porque, sendo mais agradável e menos monótona, a atividade física é mais efetiva e constante”, argumenta.
A especialista enumera ainda benefícios disponíveis apenas ao ar livre. A respiração, por exemplo, é menos prejudicada, por haver menor acúmulo de bactérias e ácaros que nas academias. Outro ganho insubstituível está na absorção de vitamina D, feita apenas com a exposição ao sol nos primeiros horários da manhã e nos últimos da tarde. A ausência dessa substância no organismo pode ampliar sintomas de osteoporose, asma, artrite, depressão e problemas cardiovasculares. “Para pessoas que já trabalham em ambientes fechados, é muito importante esse contraste”, diz Keila.
Para a técnica administrativa Nice Oliveira, além da convivência com pessoas diferentes, o esporte no Parque da Cidade contribuiu para estreitar os laços com seu filho William, de 9 anos. Os dois participam juntos das aulas de patinação inline e fazem de tudo para não faltar. “Eu já tinha vontade de aprender, mas, quando meu filho quis também, achei uma ótima oportunidade de convivermos mais, observarmos outras pessoas e um aprender com o outro”, conta Nice. “O desenvolvimento dele foi muito rápido, ele ama.”
A professora do grupo de patinação, Fátima Figueiredo, explica por que William aprendeu tão rápido: “O desempenho dos meus alunos no parque é bem melhor porque eles já aprendem no local em que vão praticar e podem variar os percursos, ao contrário de quem fica em ambiente fechado e depois tem medo de ir para a rua”.
O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) coordena os projetos de revitalização e administra mais de 70 parques no DF (outros, como o Parque da Cidade, o Taguaparque e a Água Mineral, não são submetidos ao instituto). De acordo com a assessoria do órgão, para frequentar, fazer piqueniques e atividades privadas, não há restrições. Mas os grupos e professores que querem organizar práticas esportivas coletivas e eventos precisam pedir a autorização do Ibram ou das administrações respectivas com 20 dias de antecedência.
De acordo com o superintendente de Gestão de Áreas Protegidas do instituto, Pedro Salgado, a regra é o cuidado com o meio ambiente. “Procuramos evitar eventos de grande porte que possam prejudicar a fauna ou que extrapolem com o uso de cigarro e bebida alcoólica, que são proibidos”, detalha.
O grupo de Frescobol do Parque da Cidade, que tem mais de 180 cadastrados, é um dos que utiliza o espaço gratuitamente, mas se preocupa em dar uma contrapartida. Por meio de contribuições voluntárias dos próprios atletas, eles arrecadaram recursos para trocar o alambrado e a areia da arena em que treinam e ainda tentam garantir um ponto de água e de energia com a administração do parque. “Justamente porque o espaço é público, resolvemos agir, e não ficar esperando só o governo para melhorar nossa estrutura”, comenta o educador físico e integrante do grupo Samir Bonfim.
Desfrute
.Jardim Botânico de Brasília
.Parque Areal (Taguatinga)
.Parque Bosque do Sudoeste (Brasília - Sudoeste)
.Parque de Uso Múltiplo da Asa Sul (Brasília - Asa Sul)
.Parque Ecológico Águas Claras (Águas Claras)
.Parque Ecológico Dom Bosco (Brasília - Lago Sul)
.Parque Ecológico dos Jequitibás (Sobradinho)
.Parque Ecológico e Vivencial do Riacho Fundo (Riacho Fundo)
.Parque Ecológico Ezechias Heringer (Guará)
.Parque Ecológico Olhos d’Água (Brasília - Asa Norte)
.Parque Ecológico Saburo Onoyama (Taguatinga)
.Parque Lago do Cortado (Taguatinga)
.Parque Recreativo Sucupira (Planaltina)
.Parque Três Meninas (Samambaia)
.Parque Urbano da Vila Estrutural (SCIA - Estrutural)